segunda-feira, 27 de julho de 2009

CONTOS DO MUNIR - 1

ASAS -FIXAS
Este conto foi publicado na Revista Marítima e traduzido para a similar Revista Americana em OUTUBRO de 2000.
O Minas Gerais está em operações. A Marinha Brasileira comprou do Kuwait aviões de combate. As primeiras arremetidas com pilotos navais se reiniciaram em agosto de 2000 e antes do fim do ano o governo brasileiro negociou a compra do Foch, navio-aeródromo francês, atual São Paulo.
Nem sempre foi assim.
-1961
O debate sobre quem operaria as aeronaves no Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais, se a Marinha ou a Força Aérea, ainda estava em processamento.
Base Aeronaval Boca-Raton Flórida
A Marinha já enviara para os Estados Unidos um grupo de oficiais para curso de aviação e qualificação em aviões T-28 e P-16. O treinamento estava em fase avançada. Os pilotos sendo preparados para o vôo,acompanhados por instrutores americanos, em aeronaves de cabines de comando duplo. Era a etapa do vôo por instrumentos.Em um avião T-28, da Marinha Americana, encontravam-se em adestramentoo Tenente brasileiro Van Hertz sendo seu instrutor o norte-americano Capitão-Tenente aviador naval William Souza (os nomes, embora sejam fictícios não estão trocados e guardam bastante semelhança com os verdadeiros).
Espaço aéreo, limites da base aeronaval na Flórida.
Outros aviões praticavam em diferentes altitudes.Durante a fase inicial, nos primeiros contatos, o diretor do curso alertara sobre a alta possibilidade de acidentes.O tenente Van Hertz, um dos mais aplicados, esforçava-se ao máximo em seguir as recomendações de seu instrutor. Cabine fechada, olhos nos instrumentos e ouvidos no que dizia o CT Bill, bem sucinto em seus comentários: OK! OK!
Esta rotina já se prolongava por algum tempo, foi repentinamente interrompida pelo grito do norte-americano: “BAIL OUT!!! BAIL OUT!!!”(1) seguindo-se a abertura do canopy. (2).
O tenente Hertz, mesmo sem compreender o que ocorria, assustado, executou automaticamente os procedimentos básicos de salto e lançou-se ao espaço. Seu pára-quedas abriu-se logo e só então percebeu que seu avião e mais um outro desciam juntos em queda livre. Ainda deu para ver outro pára-quedas que lhe pareceu ser o de seu instrutor.O tenente Hertz, ainda bastante aturdido viu-se depois de algum tempo pendurado a alguns centímetros do solo em uma das árvores de uma floresta, nas proximidades do campo de pouso. Notou que alguém se aproximava chamando-o.O acontecimento lhe injetara adrenalina, ampliara suas reações, seus pensamentos em velocidade máxima.O tenente brasileiro agradeceu a Deus por estar vivo, não sentia nenhuma dor e nem mesmo seu macacão de vôo apresentava rasgos.O homem em marrom, para ele era uma incógnita, presteza de socorro!!!O local não era acessível a ambulâncias e mais uma surpresa, o homem,identificando-se como guarda florestal, lhe estende a mão,entregando-lhe sua carteira de notas dizendo: tenente, o senhor deixou cair.
O tenente Hertz desvencilhou-se de seu pára-quedas e acompanhou o guarda florestal.Escutaram gemidos ali perto. Era o CT Bill com aperna fraturada, macacão rasgado, manchado de sangue e que entre gritos de dor, explicava o que acontecera: outro avião de treinamento militar colidira com o deles e ambos ficaram desgovernados.Bill aguardara que ele saltasse, pulando em seguida.Infelizmente, um dos pilotos americanos do outro avião não conseguira saltar.
O curso terminou, nossos pilotos navais se diplomaram e regressaram ao Brasil. Mas a discussão sobre o uso dos aviões prosseguia.
-1965
Por resolução do Governo Brasileiro ficou definido que as aeronaves do Minas Gerais constituiriam o Grupo de Aviação Embarcada com pilotosda Força Aérea Brasileira. A Marinha pilotaria somente helicópteros.
-2000
O sonho do tenente Hertz e da Marinha em ter sua própria aviação decombate só seria realizado nos dias atuais.O Tenente já havia atingido o Almirantado, estava agora na Reserva.
Notas: (1) Pular de pára-quedas // (2) Cobertura da cabine

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