sábado, 27 de outubro de 2012

CONTOS DO MUNIR 97



O PINTOR DE RUA
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Enzo Laporelli pintava telas a óleo na rua Dias Ferreira em frente ao Hortifruti do Leblon.
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Contava sempre a história por que nascera na Paraíba.
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Dizia ele, brincando: seu pai, italiano e feirante, apaixonado foi atrás de uma freguesa paraibana que havia encontrado no Rio de Janeiro. Desempregada, voltara para Campina Grande, sua terra natal.
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Enzo fez o caminho de retorno, casou-se lá e veio para o Rio.
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Sua esposa recebera o chamado de uma amiga para trabalhar como doméstica em uma casa de família.
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Os quadros de Enzo tinham cores fortes, gostava de estampar palhaços, sempre com bolas vermelhas no nariz.
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Vendia o que fazia, tinha especial talento para figuras humanas.
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Os clientes do Hortifruti paravam para vê-lo trabalhar, sempre compravam uma ou duas pinturas. Eram de preço acessível e bonitas para ornamentar qualquer parede.
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A vida de Enzo começou a mudar, quando um renomado pintor, morador do Leblon, cujas obras eram vendidas por milhares de reais, perguntou quanto custavam seus quadros. Aconselhou que pedisse o dobro.
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O preço aumentou e a clientela também.
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Enzo nunca foi incomodado pelos Guardas Municipais que se limitavam a apreciar sua arte.
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O artista falava italiano, aprendido com seu pai, acredito que também se entendia em francês, certa vez o vi conversando com uma senhora nessa língua.
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Já havia comprado, antes do aumento, duas telas: uma campestre e uma marinha. Encomendara também, um palhaço, o que ele trouxe era só a cara, e parecido com o da propaganda do MAC’DONALDS. Não gostei e pedi outro de corpo inteiro.
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Certa manhã, indo ao mercado de frutas, não o vi mais no local de costume. Pensei que tivesse perdido o bufão que havia encomendado.
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Os dias passaram, recebi uma ligação no celular, era a mulher do Enzo, informava que meu pedido estava pronto e perguntava pelo meu endereço, ela viria entregar. À tarde, ela apareceu, gostei muito da figura, perguntei pelo Enzo se estava doente, porque havia sumido. Disse-me que uma senhora, dona de uma galeria na Gávea, comprara toda a coleção dele, agora não pintava mais na rua.
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Pretendia comprar outras obras, era um presente que todos apreciavam. O preço ficara inviável.
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Duas semanas depois, uma nova ligação. Era o Enzo se despedindo, me participando que estava viajando para Paris. Iria trabalhar lá.Indaguei o que tinha acontecido.
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Um marchand visitara a galeria, gostara de seu estilo e o contratara com exclusividade a um preço que ele jamais sonhara.
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Sinto até hoje a falta daquele pintor que alegrava a calçada em frente ao Hortifruti e me arrependo de não ter adquirido outras telas dele.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ARTIGO DO GUI: "YOUR MAJESTIC SATAN"



YOUR MAJESTIC SATAN

Dizem que futebol é coisa de gentinha. Yes! Sir! Me incluo nisso. Homo sapiens necessita  de DEUSES, pecador, imundo, politeísta. Babilônia, Meda-Pérsia, Grécia, Roma. As antigas batalhas com carnificina, aos poucos transformaram-se, ao longo da história em diplomáticos, elegantes e plásticos esportes das multidões. Se na guerra e no amor vale tudo, então quem engana,rouba, mata, falsifica, deturpa, trai, suborna...GANHA. O Coliseu de Roma se transmutou no MARACANÃ, templo do CRF MENGÃO, lançados as feras, NeroTeixeirASanches$MSI$KIA lavando$$SA.Senador Pedro Simon dentro do senado: Corinthians ROUBOU o INTERNACIONAL 10 JOGOS. Sejamos+ou- honestos: O dinheiro compra tudo?OK. São Paulo tem +$$?OK.Então São Paulo rouba?OK.Existe Eixo Rio-São Paulo?OK. Mineiros e Riograndenses são prejudicados?OK.Algo a reclamar? NÃOO!! Porque sempre FLA-FLU,BOTA e VASCO roubaram do OLARIA, MADUREIRA, BONSUCESSO e SÃO CRISTÓVÃO. Ainda assim milhares de seres de todas as estirpes, desmbargadores inúteis, médicos displicentes, engenheiros analfabetos, advogados ladrões,  querida gambanzada corintiana, maravilhosa naçãofavelãomengão, veneram o MARACANÃ. Pseudo-domesticados, mordem os dentes xingam, limpam o nariz, coçam o pé, descarregam suas agressividades nos 90 minutos de extase sexual, jorrando o gozo quando gritam GOOOOLLL!!!!!! Equivalem a100 anos de psicanálise ou 1 tonelada de RIVOTRIL. Mas eis que aparece o Imperador Constantino, poço de inveja incorporado com Satanás,1/3 de anjos caídos, principados,potestades, hostes espirituais demonios auxiliares com 2 bandeiras 1 em cada campo. Cetro, coroa, coberto de pedras preciosas, cornalina,topázio,ônix, crisólita, berilo, jaspe, safira, esmeralda, granada e ouro.Querubim da guarda, sêlo da perfeição, cheio de sabedoria, perfeito em formosura, com o folego de 1 APITO calam a felicidade de 7 bilhões de flamenguistas. Expulsa o jogador que de joelhos, algemado, chora implorando clemência. Implacável ele urra! Sou maior que DEUS, vou subir acima das nuvens, marco penalty quando quero, expulso,humilho,quero ser +famoso que vocês, infalível, encarregado de mudar osTEMPOS e as LEIS  A máfia paulista da nossa NY, inconformada em não ter os predicados da CIDADE MARAVILHOSA, roubou ano passado dos 4 grandes do RIO. O VASCO, maior prejudicado chegou a erguer outra taça.Ora, agora queixam-se que o FLU comprou as últimas 4 partidas,mas esqueceram-se que foi roubado nos 4 primeiros jogos, inclusive contra o próprio 2º ATLÉTICO, que seria alcançado. Juiz anulou GOL da vitória num jogo de 6 pontos. Chegou Domingo SUNDAY Deus Sol, sigam-me toda galera católica, toda galera protestante, toda gambanzada curintiana, toda comunidade rubro-negra. Fui encarregado de mudar os tempos e as leis, principalmente o 4º mandamento. Ezequiel 28:11-19.LEMBRA-TE do dia de SÁBADO SABBAT. Abençoado, Santificado, Senhor DEUS descansou.
Francisco Apocalypse Dantas
Médico Escritor
E-Mail: apocalypsedantas@uol.com.br

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ARTIGO DO JEZER - 9



 MOMENTOS LÚDICOS DA VIDA
Hoje assisti, parte de uma película chamada “Menino Maluquinho”, que nada tem a ver com o personagem criado por Ziraldo. Foi ambientado em São Paulo, no interior e duas cenas me chamaram a atenção pela sua inusitada maneira de ser criadas. A primeira delas, foi quando o personagem principal (menino maluquinho), foi levado com dois amigos (aliás não um amigo, mas o melhor amigo – Bocão e sua irmã mais nova), para a casa da avó, que residia em uma fazenda, pelo avô de Ultraleve (no início dessas aeronaves), pilotado por este e, segundo comentário da avó, tinha sido piloto da TABA (Transportes Aéreos da Bacia Amazônica – empresa já extinta) e as crianças encontraram uma mesa repleta de doces, biscoitos e guloseimas preparadas pela avó. Resultado: ninguém dormiu naquela noite, já que tiveram uma baita de uma dor de barriga e por incrível que possa parecer, tomaram doses cavalares de “elixir paregórico” única mediação disponível, cujo rótulo no vidro foi mostrado ostensivamente. Não fazia mal naquela época.
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Outra cena, hilária, foi quando se reuniram os cinco melhores amigos, ou seja, Maluquinho, Bocão e mais três que não me recordo os nomes, na casa de um deles e após trancarem a porta, se colocarem em baixo de um lençol, deram início a um “torneio de puns”. O mais fedido seria o vencedor. Um cada sua vez, se posicionava e “mandava ver” e recebia dos demais uma nota. O último pertenceria a Bocão, dono da casa e do quarto, que resolveu dar um “arroto” e foi o vencedor, já que tinha comido duas cebolas antevendo o concurso.
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Se tal filme tivesse acontecido hoje, haveria, seguramente, as patrulhas da vida, dizendo, que eram crianças sem educação, que as minorias não eram respeitadas, que os doces eram maléficos para a saúde etc e tal.
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Parodiando um título de um filme, finalizo – Como era gostoso o meu Brasil” de uma infância diferente da de hoje, onde as crianças não pensam em brincadeiras simples como a narrada, para perderem tempo, solitárias, por horas a fio em computadores e jogos de guerra, como até esquecem de ensinar nas escolas que o dia 12 de outubro é comemorado como dia do Descobrimento da América.
Jezer Menezes dos Santos
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CONTO DO MUNIR 96

DUAS HISTÓRIAS TRISTES E PARECIDAS
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Primeira história.
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Fernando Kingkber tem cinquenta e quatro anos, neurocirurgião, extremamente competente, segue sua rotina de vida, cuida de sua aparência física, alto, bem apessoado, faz musculação em uma academia próxima à sua casa no final do Leblon.
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Casado com uma linda mulher, não tinha filhos.
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Ao cair da tarde, passeia com seu pequenino poodle, usa uma roupa justa de lycra preta, própria para ginástica, em contraste com a brancura do cachorrinho.
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Bem sucedido, algumas frequentadoras do mesmo ginásio, o enxergavam como o homem ideal.
Sumiu por um tempo; sua ausência foi sentida.
Era figura para ser notada.
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Simpático, tinha sempre um sorriso amável para porteiros e pessoas com quem cruzava nos arredores.-Lembrava bastante o hábito americano de cumprimentar os vizinhos de rua.
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A princípio, pensou-se que houvesse viajado, ou mudado.
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Reapareceu com a mesma roupa, ainda levando o poodle, porém, de mãos dadas com a mulher.
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O andar de atleta, os músculos ressaltados pela lycra apertada.
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Havia, entretanto, uma mínima diferença, seu corpo parecia mais rígido.
Tomou um cafezinho no Armazém do Café, havia outro casal conhecido, ficaram conversando.

Estávamos em junho, fazia frio e chovia bastante.

O Dr. Fernando deixou de ser visto.

Voltou a caminhar em julho, quando os dias se tornaram luminosos, a mulher ao seu lado, levava o cachorrinho, o outro braço apoiava o marido.

O médico já não cumprimentava as pessoas, seu rosto pálido tornara-se inexpressivo.

O olhar, perdido no infinito do horizonte.

Ainda mantinha o porte esguio, resultado de anos de esporte.

Continuava tomando seu cafezinho com o casal amigo, a dificuldade no falar se manifestava, ficava difícil entendê-lo, sua voz era baixa e pastosa.

 Os primeiros tremores apareceram.

Em agosto, seu andar era oscilante. A esposa o amparava. O rosto parecia uma máscara de cera.

Estava usando óculos, o corpo curvado, ainda usava a lycra preta,agora folgada. O cãozinho preso em uma de suas mãos.

Em setembro, reapareceu. Muito magro. Envelhecera.

 Agora, acompanhado pela mulher e uma enfermeira. O poodle já não os acompanhava.

Em outubro, não foi mais visto. 
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Segunda história
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Natale tinha vinte e três anos quando prestou concurso para Juíza no STJ. Loura, olhos cor do céu, em um dia de primavera sem nuvens.
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Morava em uma mansão no Alto da Boa Vista. Não descuidava de seu físico, em casa tinha uma pequena academia de ginástica e na piscina quase olímpica, nadava no mínimo quarenta e cinco minutos.
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O rosto de linhas angulosas em simetria perfeita, a tornava uma beleza singular e mostrava a determinação de uma vencedora.
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Foi uma das pioneiras das juízas e delegadas lindas que passaram a integrar o nosso Judiciário e abrandavam as sentenças e prisões com sua beleza.
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Em sete anos passou a desembargadora.
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Casou-se, ainda juíza, com um capitão médico do Corpo de Bombeiros.

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Demetrio Abeid estava com noventa anos, empresário, enriquecera com a abertura da Zona Franca de Manaus, para onde transferira suas empresas.
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Abeid havia parado de trabalhar dois anos atrás, tornara sócios os seus empregados e sequer se preocupava com os lucros que mensalmente eram depositados em sua conta bancária.
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Casado há sessenta e cinco anos, mudara-se para o Leblon. Vivia com a esposa em uma cobertura na Delfim Moreira. Não tinham filhos, envelheceram com saúde.
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Certa madrugada, ele e a esposa foram acordados por alguém vestido como um astronauta. O homem, alto e forte, carregou ambos, com rapidez por uma densa nuvem quente de fumaça, salvando-os do incêndio que destruía voraz o apartamento.
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Natale, casada há cinco anos, dividia seu tempo entre o lar e o Judiciário, três filhos, era feliz; por sua genética viveria de forma saudável por longo tempo. Os pais pareciam prever assim.
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Seu salário de desembargadora somado ao do marido, agora coronel, sustentava com folga as necessidades da família.
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Os primeiros sinais apareceram antes de completar cinquenta anos, ainda moravam na Tijuca. Quase imperceptíveis, pequena dificuldade em controle de movimentos, tremores rápidos que desapareciam ao segurar um objeto. Fora diagnosticada com o Mal de Parkinson.
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Demetrio ficara viúvo, faleceria um ano depois da morte da mulher. Em seu testamento, deixaria a cobertura da praia do Leblon e mais alguns milhões de dólares para o oficial do Corpo de Bombeiros, que resgatara sua vida tempos atrás.
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A família mudou-se para a Delfim Moreira.
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O marido de Natale, herdeiro do milionário, era torcedor fanático do Flamengo. Nos dias de jogo de seu time, promovia churrascos à beira da piscina, regados a uísque de doze anos. Se seu time estivesse perdendo, palavrões eram gritados e possivelmente ouvidos até na praia.
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Nessas ocasiões, apareciam as amigas de Natale, algumas já separadas, que, às vezes, manifestavam um interesse demasiado, um tanto cruel, pelo dono da casa, bem apessoado e rico.
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Natale aproveitou por pouco tempo a vista do mar. Sua saúde se deteriorava com a doença. Seus talheres foram adaptados para que tivesse firmeza em segurá-los, bebia com a ajuda de canudinhos.
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Vivia sonolenta face à dificuldade de conciliar o sono.Entretanto mantinha-se lúcida. Teve que se aposentar precocemente.
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Raramente, saia com a família para passear no calçadão.
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Os churrascos continuaram, mas só as amigas marcavam agora a presença feminina.
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EPÍLOGO
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Natale e Fernando foram selecionados, devido a seus excelentes históricos físicos, por uma Junta Médica para serem submetidos ao tratamento experimental do Mal de Parkinson por células troncos.
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Os resultados pareciam promissores. Ambos estavam respondendo aos estímulos cerebrais e capacidade motora.
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Entretanto, alguns efeitos colaterais estranhos passaram a surgir. A personalidade de Natale se alterava.
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Ela, pessoa tranquila que era, manifestava uma extrema compulsão por sexo. O psicoterapeuta que a acompanhava assustava-se, à medida que o tratamento prosseguia.
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Os médicos pensaram em interromper o tratamento, a família consultada preferiu, na palavra do marido, prosseguir.
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Por uma dessas ironias do destino, o Dr. Fernando fora o pioneiro dos estudos sobre esse processo de cura.
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Havia até mesmo previsto essa mudança de comportamento,face às novas sinapses nervosas que seriam criadas.
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O comportamento psicológico dele não sofria alterações.
A evolução da terapia, embora lenta, mostrava um caminho de sucesso.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com