AS
MÁSCARAS DE CHUMBO
Ficção, baseada na história real que vai abaixo.
AS NOTÍCIAS DA ÉPOCA são arquivos de Paola Lucherini
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AS MÁSCARAS DE CHUMBO
Versão
de José Frajtag
Tenho 75 anos, chamo-me Salviano Campos e sou
repórter aposentado, após trabalhar minha vida toda no Jornal O GLOBO, do Rio
de Janeiro. Ao verificar minha caixa de correio, em agosto de 2013, notei três
envelopes grampeados juntos, sendo apenas um com selos de correio brasileiro,
com aspecto envelhecido e todos endereçados a mim.
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O que me chamou a atenção era que dois deles tinham aspecto envelhecido
e apenas um destes tinha selos do correio brasileiro, os outros não tinham
selos. Não havia o endereço do destinatário em nenhum deles, mas sim um número
de caixa postal de Tóquio. Eu os abri um a um e para meu espanto, havia
em cada um deles cartas escritas provavelmente em japonês.
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Tornei a examinar os envelopes e reparei que aquele que era selado, tinha
selos escritos em cruzeiros novos (NCR$), uma de nossas moedas antigas.
Fui checar no Google e vi que o cruzeiro novo existiu de fevereiro de
1967 a maio de 1970. Vi também que havia datas, facilmente reconhecíveis, pois
vi no Google que os japoneses usam os mesmo números que nós, de trás para a
frente e com um sinalzinho entre os números. Elas estavam datadas
de 5/05/1967 e 15/07/1967, o que confirmava a minha pesquisa prévia.
A carta mais nova tinha a data de 01/08/2013. Então duas dessas cartas estariam
perdidas nos correios há quase 50 anos!!! Fiquei muito espantado, mas como sou
experiente na minha profissão não falei nada naquele momento com ninguém.
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Eu conhecia um colega
jornalista o Jun Yamasaki, japonês e resolvi mostrar as cartas a ele. Jun me
disse que elas estavam mesmo em japonês e que se eu quisesse poderia traduzi-las
para mim. É claro que aceitei. Tirei
cópias das cartas e as deixei com Jun.
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Quando finalmente recebi
as traduções, vi que eram relacionadas ao caso das mascaras de chumbo, um caso
misterioso em que eu havia trabalhado na época e que até hoje não tinha solução.
As duas cartas velhas eram praticamente iguais. A segunda repetia o mesmo texto
e apenas reclamavam a ausência de resposta e
avisava que se não recebesse retorno, não mais insistiria. A carta mais
nova tinha outro texto que comentarei no final.
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Fiquei de queixo caído ao
saber que o mistério poderia já estar resolvido. As cartas contavam tudo que se
passou.
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Quem escrevia era o japonês
Mitsuo Akira Shinji, que viveu por um curto período no Brasil na cidade de
Niterói. Ele era um ex-funcionário da ISHIKAWAJIMA, um estaleiro que produzia
navios no Rio de Janeiro e pedia desculpas por não escrever em português, pois apesar
de falar, não chegou a aprender a escrever a língua.
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Ele as escreveu para mim,
pois outro empregado do estaleiro lhe disse na época que eu estava trabalhando
no caso. As chances de encontra-lo após quase 50 anos são remotas, mesmo que
ele estivesse vivo. Na quarta carta soube que ele havia falecido.
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Ai vai o texto da primeira
carta. A segunda é igual, apenas reclamando resposta e a terceira eu comento
depois:
Tóquio 5/05/1967
AO JORNAL O GLOBO
A/C
Sr. Salviano Campos
Caro Sr. Salviano
Eu me chamo Mitsuo Akira
Shinji e vim do Japão para o Brasil em janeiro de 1965 para trabalhar como
eletrotécnico na ISHIKAWAJIMA, que certamente o senhor conhece. Fiz alguns amigos
no Brasil e os dois melhores eram o Manoel e o Miguel, os radiotécnicos que
foram encontrados mortos no Morro do Vintém em Niterói em agosto de 1966. Eu os
conheci quando vieram prestar um serviço para a ISHIKAWAJIMA. Fiquei amigo deles
e saímos algumas vezes para comer uns sushis e sashimis, regados a muito saquê.
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Eu sei o que eles
faziam no local e o motivo de suas mortes. Li todos os jornais da época que
podia conseguir em Tóquio e gastei muitos ienes com isso. Vou te contar uma
coisa, nós japoneses quase não rimos, pois tudo para nós é muito sério, mas
lendo essas notícias eu morria de rir com as hipóteses sugeridas pela mídia e
pela Polícia carioca. Teve até sugestão de ocorrência de OVNI! Pelo amor de
Buda! Acho que foi a mais ridícula
historia da historia policial brasileira e se tornou uma das mais misteriosas
do planeta, exclusivamente devido a incapacidade da vossa policia. A história embora
incomum é muito simples de explicar:
Nós tínhamos profissões semelhantes, nossos
nomes iniciais começavam com M e isso ajudou a nossa amizade que era muito
forte. Eles eram muito místicos e após a nossa amizade crescer, foram muito
influenciados pela cultura japonesa e adotaram boa parte de nossos rituais Budistas.
O Manoel, soubemos depois que tinha
um câncer muito grave e inoperável e estava destinado a morrer em pouco tempo. Nós
pensamos em fazer uma cerimônia de purificação para entrar em contato com os
deuses japoneses e tentar prolongar a sua vida. Iríamos rezar para Fukurokuju,
que é o deus da felicidade, da longevidade e da boa sorte. Seu nome é composto
pelos ideogramas fuku (felicidade, sorte), roku (riqueza) e ju (vida longa).
Diz a lenda que esse deus foi um
sábio chinês, e é mostrado com uma
testa muito alta. Levei uma estatueta para dar ao Manoel, pois quem ganha uma delas
ou uma pintura de Fukurokuju tende a ficar popular e garante maior longevidade.
Eu precisava estar junto para ajuda-los e por
isso eles vieram para Niterói. Eles
vestiam capas de chuva, pois era a coisa mais próxima de uma túnica que
conseguimos encontrar para eles, pois eu já tinha a minha. Contratamos um jipe
que foi o único veiculo que encontramos com um motorista que se dispôs a nos
levar até o morro, que naquele tempo embora perto, era muito isolado. Tinha de
ser assim para a cerimônia funcionar. Tínhamos de ter um isolamento total.
Como o piso era muito
duro e em alguns momentos precisávamos estar deitados, fizemos um acolchoado de
plantas. Eu tinha comigo uma faca de caça que foi muito útil para isso. As
pílulas eram feitas de ervas especiais que nós Budistas usamos nesses momentos.
Tínhamos nos esquecido de trazer copos para beber e por isso improvisei com uma
folha de papel dobrado. Eu sei fazer origamis como todo japonês.
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Aquela agenda era o livro de suas anotações de
trabalho e os papeis eram apenas lembretes; nada tinham de muito importante e
só serviram para confundir a sua polícia, assim como as toalhas para nos
banharmos com a água mineral antes das danças rituais. A água mineral era
também usada para tomar as pílulas de ervas. Um bloco de cimento que encontramos no local,
usamos após uma pequena reza apropriada, como apoio da estátua de Fukurokuju,
para invoca-lo e a outros deuses. Eu trouxe comigo uma garrafa de saquê, da
qual também bebemos. Tínhamos de tirar de nossos corpos tudo que fosse de
metal, a não ser as máscaras para não interferir com o ritual. Manoel usava uma
aliança e eu pedi que ele a tirasse. Para não perdê-la teve a ideia de prendê-la
na haste de seus óculos.
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E finalmente as mascaras
de chumbo, feitas por eles mesmos, eram para evitar que o brilho divino nos
ofuscasse. Eu tinha a minha, mas as coisas se complicaram. O que era para ser
uma cerimônia simples virou uma tragédia. Chovia muito e caiu um raio que matou
instantaneamente os meus dois amigos. Escapei porque eu usava sapatos com sola
de borracha, que me protegeram da corrente elétrica, enquanto eles usavam
sapatos comuns de couro.
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Eu
fiquei apavorado, pois pelo que conheço da cultura brasileira, achei que poderiam
me culpar pelas mortes de alguma forma. Então fugi e levei tudo que era meu e
tudo que pudesse ter ligação com o Japão, ou impressões digitais como a garrafa
de saquê, uma das garrafas de água, minha máscara, o livro de rezas e a estátua
de Fukurokuju. Peguei também a maior parte do dinheiro que eles levavam, para
que achassem que havia sido um assalto, mas quero devolver à família. Esqueci
apenas um ou dois lenços que ganhei do Miguel, com minhas iniciais. Minha sorte
é que lenços não deixam digitais. Lembro-me que tive que andar vários
quilômetros naquela hora da noite até conseguir um táxi.
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Os cariocas deram razões misteriosas ao
fato do local dos corpos ficar sem vegetação. Santo Buda! Não há mistério! Após
a queda dos raios, o solo ficou calcinado.
Eu soube também que para eliminar o cheiro dos cadáveres, jogaram litros
de formol e esses dois fatores somados, certamente foram os responsáveis. Por
isso, nenhuma planta deve crescer ali por muitos anos.
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Nos
dias seguintes, soube que o senhor estava trabalhando no jornal nesse caso.
Anotei o endereço e fiquei de enviar uma carta. Preferi não envia-la direto à
Polícia, pois poderiam pôr a Interpol atrás de mim. Uma semana depois pedi demissão de meu emprego,
pois não tinha mais animo para trabalhar e aí voltei para o Japão. Levei a
carta comigo. Como ela já estava selada, pedi para meu filho enviá-las a um
amigo brasileiro que as enviará ao senhor. Assim a carta não poderá ser
rastreada.
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Ajude-me, senhor Salviano, pois quero que
fique tudo esclarecido e que fique provada minha inocência e assim eu possa um
dia voltar ao Brasil, com minha consciência tranquila. Não fornecerei meu
endereço, até que tudo fique resolvido. Muito Obrigado. Responda essa carta, e
envie-a para a Caixa Postal cujo numero esta no destinatário.
Atenciosamente, e que Buda
e Fukurokuju te deem vida longa.
Ass. Mitsuo Akira Shinji
.
A terceira carta, também escrita
em japonês, sem destinatário nem selo, mas era recente, datada de 01/08/2013. Era do filho de Mitsuo, informando o falecimento
de seu pai ocorrido no mês passado. Ele disse que seu pai, na época das
máscaras de chumbo, havia pedido que ele enviasse a carta pelo correio a um
amigo brasileiro para repassá-la para mim, num truque de despistamento, mas ele
não o fez na época com receio de envolver o pai, mesmo com o truque. Como óbviamente
eu não respondi, o pai pediu para enviar outra reclamando. Só agora, depois do falecimento,
ele tornou a achar as cartas e resolveu envia-las a outro amigo, que desta vez as
entregou ao porteiro que as pôs direto na minha caixa de correio. Isso foi o
ponto final nessa história maluca. Acho que se o filho de Mitsuo tivesse enviado
as cartas a tempo, eu não poderia evitar de envolver Mitsuo com a polícia. Eu
teria sido obrigado a entregar as cartas, pois se não eu é que iria preso. @
NOTÍCIAS
VERDADEIRAS DA ÉPOCA
No dia 20 de agosto de 1966, dois homens foram encontrados mortos no
alto do Morro do Vintém, no bairro Santa Rosa, em Niterói, Estado do Rio de
Janeiro. Nenhum sinal de violência ou luta corporal. Os corpos estavam
próximos, um ao lado do outro, deitados de costas no chão, em cima de uma
espécie de "cama" feita com folhas de Pintoba, uma espécie de
palmeira, as quais foram cortadas com uma faca ou similar. Os corpos estavam
bem vestidos com ternos limpos e com capas de chuva. Os corpos já estavam em
adiantado estado de putrefação. Do lado dos corpos um estranho marco de
cimento, uma garrafa de água mineral magnesiana, uma folha de papel laminado
que foi usada como copo, um embrulho de papel com duas toalhas, um par de
óculos preto com uma aliança em uma das hastes, um lenço com as iniciais
"MAS", duas toscas máscaras de chumbo, um papel com equações básicas
de eletrônica e um estranho papel com a seguinte escrita:
16h30min. – estar no local determinado.
18h30min. – ingerir cápsula após efeito,
proteger metais...
A autópsia realizada nos corpos, pelo médico legista Dr. Astor Pereira
de Melo, nada revelou como a "causa-mortis", pois não havia sinal de
violência, de envenenamento, de distúrbios orgânicos e total ausência de
contaminação por radioatividade. Foram realizados diversos exames
toxicológicos, em diversos pedaços das vísceras e todos deram negativos.
Os documentos que portavam permitiram facilmente identificar que eram os
sócios radiotécnicos Miguel José Viana, 34 anos e Manoel Pereira da Cruz, 32
anos, moradores na cidade de Campos dos Goitacazes, Interior do Estado do Rio
de Janeiro. Os exames grafotécnicos realizados nos bilhetes provaram que a
caligrafia era de Miguel José Viana.
Para complicar ainda mais, na noite em que os radiotécnicos morreram, em
17 de agosto de 1966, uma quarta-feira, várias testemunhas telefonaram para a
Polícia para informar que viram um disco voador no alto do Morro do Vintém, ou
seja, um estranho objeto, de forma arredondada e com um halo de luz intensa,
sobrevoando o local onde foram encontrados os corpos.
Até hoje a Polícia não soube
explicar o que realmente aconteceu. Um simples latrocínio? Uma experiência
parapsicológica mal sucedida? Uma experiência psíquica com um fim trágico? Um
encontro fatal com tripulantes de um disco voador?
Para tentar entender o que pode ter acontecido, vamos detalhar, passo a
passo, o que eles fizeram desde que saíram de Campos e até que foram
encontrados mortos em Niterói.
Agosto/66 – Não se sabe corretamente o dia, mas as duas máscaras de
chumbo foram feitas pelos radiotécnicos em sua oficina em Campos, RJ, pois lá
foi encontrado o restante da placa utilizada:
Em 16.08.66, à noite, terça-feira, o Manoel Pereira da Cruz informou
para sua esposa Neli que iria para São Paulo, juntamente com Miguel José Viana,
seu sócio, casado, para comprar um carro usado e alguns componentes de
eletrônica para o estoque da oficina. Ele embrulhou dois milhões e trezentos
mil cruzeiros (mil dólares aproximadamente) para levar na viagem.
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Em 17.08.66, quarta-feira, às 09h00min horas, os radiotécnicos tomam o
ônibus na rodoviária de Campos, com destino à Niterói e não São Paulo como
havia informado à família.
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Em 17.08.66, quarta-feira, às 14h30min horas, eles chegam à rodoviária
de Niterói.
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Entre as 14h30min horas até o instante em que eles morreram, a polícia
descobriu que eles passaram em uma loja de componentes eletrônicos, onde eles
eram fregueses, a Fluoscop, situada na Travessa Alberto Vitor, 13, no Centro de
Niterói. Passaram em uma loja e compraram capas de chuva. Passaram em um bar,
situado à Av. Marquês do Paraná e compraram uma garrafa de água mineral
magnesiana, não se esquecendo de pegar o comprovante do vasilhame, para poder
devolver na volta. A pessoa que os atendeu, neste último estabelecimento, disse
que Miguel parecia estar nervoso e a toda hora consultava as horas no relógio.
Aquele dia estava chuvoso e escurecendo rapidamente.
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O vigia Raulino de Matos, morador no local, viu quando Manoel e Miguel
chegaram ao pé do morro em um jipe, juntamente com outras duas pessoas, até
hoje não identificadas. Manoel e Miguel desceram do jipe e subiram o morro a
pé.
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Na manhã de 18.08.66, quinta-feira, um garoto de 18 anos, Paulo Cordeiro
Azevedo dos Santos, que estava caçando passarinhos, viu os corpos e avisou o
guarda Antônio Guerra, que servia na radiopatrulha. Posteriormente, esse guarda
foi ouvido pelo Delegado Venâncio Bittencourt, que comandou as investigações,
para saber por que demorou dois dias para ir ao local onde foram achados os
cadáveres. Admitia-se que o guarda ou outra pessoa teria revistado os
cadáveres, para se apropriar do dinheiro, mas nada ficou comprovado.
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Em 20.08.66, sábado, dois dias depois, por volta das 18h00min horas, um
garoto também de 18 anos, Jorge da Costa Alves, estava procurando sua pipa
junto com outros meninos, quando sentiram um forte mau cheiro e localizaram os
corpos. Jorge avisou a Segunda Delegacia de Polícia (2a DP) de Niterói.
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Em 21.08.66, domingo, pela manhã, a Polícia, os Bombeiros, jornalistas e
curiosos subiram o morro para resgatar os corpos. No bolso de um foi encontrado
a quantia de 157 mil cruzeiros (68 dólares) e no bolso do outro 4 mil (menos de
2 dólares), além dos relógios.
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Assim, a Polícia iniciou as
investigações. Um dos bilhetes e o sumiço do dinheiro reforçaram a hipótese de
um terceiro personagem. Também a ausência de uma faca ou objeto cortante,
utilizada para cortar as folhas de Pintoba, reforçou essa hipótese, mas as
máscaras de chumbo não combinavam com a situação e nem o estranho bilhete. A
hipótese de uma terceira pessoa indicava que ela teria dirigido a pesquisa, mas
não teria participado.
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Mais tarde, a Polícia prendeu o amigo Elcio Correia Gomes, espírita, que
introduziu os dois radiotécnicos em estranhas e grandiosas experiências. Tempos
antes, os três causaram uma enorme explosão, na Praia de Atafona, no Interior
do Rio de Janeiro. A explosão foi tão grande e causou um clarão enorme, que a
população pensou que estava ocorrendo um terremoto. Esse acidente foi objeto de
investigação por parte da Marinha Brasileira. Como a Polícia não encontrou
provas contra o Elcio, ele acabou sendo libertado.
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Técnicos em eletrônica fundamentaram a hipótese de que Manoel e Miguel
foram mortos por um raio, pois nesse dia chovia muito. Argumentaram que eles
estavam em um local alto, com uma máscara de chumbo no rosto. Os corpos teriam
sofrido ligeiras queimaduras, as quais só não foram constatadas na autópsia porque
as marcas se desfizeram com a decomposição dos cadáveres. Essa hipótese não foi
confirmada pelo médico legista.
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O Padre Oscar Gonzalez Quevedo, professor de parapsicologia, na época,
deu um depoimento ao jornal O Globo, informando que máscaras de chumbo eram
usadas em testes mortíferos de ocultismo. Disse que o ocultismo admitia que dos
novos mundos emanassem irradiações luminosas, por exemplo, capazes de afetar
aquilo a que chamavam de "terceiro olho", e fulminar o experimentador.
Daí a necessidade da proteção com as máscaras de chumbo. Nesse tipo de
experiência, o experimentador deve ingerir uma quantidade de droga que lhe
permite entrar em transe e deve estar em jejum para provocar o desequilíbrio
físico e mental. Essas experiências são conhecidas como psigama e hiperestesia.
No primeiro caso o experimentador procura liberar a alma para conseguir
captações espirituais, e na segunda, os nervos hiperexcitados são o instrumento
pelo qual o homem procura sentir aspectos sutis da realidade que o cerca. O
Padre Quevedo frisa que para conseguir êxito em qualquer uma dessas
experiências, são indispensáveis muitos exercícios e perfeito estado físico.
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A situação ficou mais complicada quando a Polícia descobriu uma morte
bem semelhante, quatro anos antes. José de Sousa Arêas informou que em 1962, um
técnico de televisão, foi encontrado morto, no Morro do Cruzeiro, em Neves, sem
nenhum tipo de violência, com todos os seus pertences e também com uma máscara
de chumbo. Ele se chamava Hermes de tal e foi no alto do morro para tentar
"captar" sinais de televisão sem o auxílio de nenhum aparelho
eletrônico. Disse que ele engoliu um comprimido redondo e morreu porque não
estava fisicamente preparado para a empreitada, que oferecia possibilidade de
vida ou morte.
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Depois de muita investigação e
várias hipóteses levantadas, em 25.08.67, os corpos foram exumados, para ser
realizada uma nova série de exames, no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas nada
foi descoberto.
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Em maio de 1969, a Justiça
Brasileira arquivou o Processo por falta de provas.
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Em 1980 um novo mistério. O
cientista e Ufólogo Jacques Vallée, que trabalhou para a NASA, veio ao Brasil
exclusivamente para pesquisar esse caso. Ao chegar ao local, em companhia de
sua esposa, do detetive Saulo Soares de Souza e do repórter policial Mário Dias
subiram o morro e lá ficaram estarrecidos. No local onde foram encontrados os
corpos, não havia vegetação e estavam demarcados, como se alguém tivesse
contornado os corpos, e o solo estava como se tivesse sido calcinado.
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Assim, o Mistério das Máscaras
de Chumbo até hoje continua sendo uma grande incógnita. A Polícia não conseguiu
esclarecer o que aconteceu e nem o Poder Judiciário. O que realmente aconteceu?
Um latrocínio bem elaborado? Uma experiência parapsicológica mal sucedida? Uma
experiência psíquica com um fim trágico? Um encontro fatal com tripulantes de
um disco voador? Não sabemos. Se você tiver algum fato novo que possa ajudar a
esclarecer este caso, por favor, entre em contato conosco.
Autor: José Frajtag
E-Mail:josefrajtag@ymail.com