sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CONTOS DO MUNIR - 15

ARPOADOR
O Arpoador muda a cada segundo, venta leste, venta sudoeste, venta nordeste, venta norte, venta sul, venta sudeste e todos os ventos da rosa dos ventos.
O mar é verde, é azul, até roxo se torna, é mansinho é bravo, é frio, é gelado é morno, pode até ter peixinhos. A praia, às vezes é praia, tem areia, outras não tem, o mar leva e sempre traz de volta.

Há não muito tempo atrás, existia no calçadão que separa a praia do Diabo, uma construção que abrigava a antiga estação de rádio desativada após a guerra

A Ponta do Arpoador, um morro de pedra que sai do mar, é inteiramente acessível. Em seu topo uma armação de concreto fixava a antena rádio, já não existe. Era o centro do círculo formado pela linha do horizonte das ilhas Tijucas, da Pedra da Gávea, do Morro Dois Irmãos, do Cristo, Pão de Açúcar e novamente a linha do horizonte. A energia aí, tão forte, se irradia em vibrações, pode-se até senti-la. Um menino de 4 anos, montado no pescoço do avô, ao contemplar dali a imensidão do oceano, exclamou: Eu sou o Rei do Mundo.
O prédio da estação pertencia aos Correios, estava fechado, era abrigo de desocupados. Foi demolido. Ordem de um subprefeito, um dentista que morava no Meyer. Até hoje rola uma ação movida pelos Correios. Graças a ele a vista ficou mais ampla. Os coqueiros já foram replantados muitas vezes, parece que agora se acertaram, têm até pencas.
A paisagem mais bonita é a do sol desaparecendo ao final da tarde no cenário da Pedra da Gávea e do morro Dois Irmãos e a seguir o crepúsculo vespertino multicolorido.

Estamos no calçadão e nos sentamos nos bancos de cimento que circundam as mesas que têm em cima um desenho de tabuleiro de xadrez. Mais tarde virão os jogadores de damas repetindo seus viciados movimentos.
Estamos de costas para o morro Dois Irmãos. À nossa frente, bem a leste, o céu aparece em brilho flamingo, é o inicio da manhã, o sol começa a nascer, anuncia um dia claro. Ficamos em silêncio, como em um ritual religioso, até que o espetáculo termine.
O velhinho pescador, quase centenário, fugiu de casa bem cedinho antes que seus filhos acordassem e, paramentado para sua pescaria, passa por nós que o cumprimentamos dizendo:- bom dia professor- e ele vai lançar seus anzóis na praia do Diabo. Mais tarde um de seus filhos virá buscá-lo e o levará de volta a contragosto. De molecagem, sempre a ele perguntamos:- quantos pegou? ele invariavelmente responde:quatro, dois fugiram e dois escaparam.
Passou-se algum tempo, o velhinho não apareceu, seu filho foi lá nos convidar para a missa de sétimo dia na capela da Reitoria. Sentimos sua falta, ele era catedrático de Filosofia na Universidade. Principiam a chegar outros madrugadores da praia quase deserta. Envolto em um roupão imaculadamente branco e calçando sandálias douradas, surge o cantor de óperas que se desnuda, sobe nas pedras e canta o Barbeiro de Sevilha alternando para Carmen ou Pagliacci. Não raro traz uma espada. O artista é aplaudido até a chegada da polícia.
Seu Trindade era português, nadava do seu jeito, um braço puxava a água e o outro mergulhado trabalhava como remo. Um dia nós o vimos afastar-se até o contorno das pedras que leva à praia do Diabo. Parecia que acenava, na verdade estava se afogando. Pena que o Zé Leite, que teve paralisia infantil (ainda não existia a vacina), não estivesse ali perto para socorrê-lo, como já fizera tantas outras vezes.
O Zé Leite tem como seqüela uma das pernas sem mobilidade. Quando menino, seus pais, a guisa de terapia, o matricularam em uma escolinha de natação. Ele vem de bicicleta de Copacabana, deixa a bengala na areia e nada do Arpoador até o Posto 9, no caminho vai salvando gente.
O Getulio vinha de Paracambi, onde morava com a ex-esposa em uma casa de dois pisos, ele no andar de cima. Ele acordava às 04:30, pegava um trem, depois um ônibus para o Leblon e caminhava até o Arpoador. Usava sempre uma camiseta vermelha, não sei se era sempre a mesma, ficava sentado no banco de madeira e tomava conta de nossa roupa quando íamos mergulhar. O Getulio sentia muitas dores nas costas e vivia tomando analgésicos, um dia deixou de vir e soubemos que tivera uma funesta hemorragia estomacal.
O Ernesto, antigo dono de restaurante, mora na Tijuca; às 06:00 já está no Arpoador, é sócio do Clube Municipal e nada lá em uma piscina de água aquecida, nunca molhou os pés na água do mar. Como aluga um apartamento para a viúva de um sargento da Marinha, se interessa e vive perguntando pelo aumento dos militares para poder reajustar o aluguel.
O Chang foi dono de uma pastelaria, mora em uma das poucas casas de Copacabana, está sempre com frio, e calado só pergunta as horas a cada dez minutos.
O Joel é dentista reformado da Aeronáutica, só vem às quartas-feiras, dia de faxina em sua casa, mora em Guaratiba, de vez em quando a faxineira troca o dia, ele também.
Essa história está ficando longa.
alzu@superig.com.br

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI

"Choque de Ordem"
Autor:Augusto Acioli de Oliveira
Já se tornou um hábito, no Brasil, associar-se a expressão "insegurança pública", apenas, a situações do tipo "revólver na têmpora de alguém", "arrastões", etc. Será somente isso?


E a agressão auditiva que sofre a população do Rio de Janeiro face ao uso pré-histórico e descontrolado de apitos quando da alteração dos sinais de trânsito, como se os motoristas não os estivessem vendo, frontalmente. Hoje, até flanelinhas deles fazem uso para demarcar seus domínios. Agride nossa inteligência e a dos turistas que nos visitam presenciar agentes apitando e gesticulando, tresloucadamente, horas a fio, nas ruas e avenidas.

Quantos casos de surdez e estresse já foram diagnosticados a partir deste tipo de atuação? Qual é o ônus econômico deste incorreto procedimento para os cidadãos que pagam elevadas taxas de IPTU ou Imposto de Transmissão? Trata-se de evidente negação das teses que disciplinam a engenharia de trânsito, o meio ambiente e a saúde.

Isto é ou não é insegurança pública? E o que dizer da colocação de cartazes e pôsteres nas janelas dos veículos destinados ao transporte de passageiros: será que é para limitar a visão exterior dos condutores, auxiliares e viajantes, ou também visa facilitar a ação dos criminosos que assaltam, humilham, agridem e matam, diariamente, seus usuários?

E o folclórico entendimento quanto às viaturas portando poderosos alto-falantes e transformando as pistas de rolamento em quermesses, bloqueando faixas de circulação, e quem sabe, até, participando do lucrativo transporte de bens ilícitos, ou servindo para mapear e identificar futuras vítimas de sequestros, roubos, ou ainda, reportar a terceiros - via celulares - ações policiais nas ruas? Isto é ou não é insegurança pública?

Este conceito é de tal amplitude que o impune e histórico ato de comerciantes jogarem restos de gordura nas calçadas fronteiras a seus pontos de alimentação e responsável por milhares de fraturas e/ou acidentes neurológicos a pedestres deveria ser objeto de penalidades severíssimas e considerado crime inafiançável.

Enfim, vale a pena continuarmos a chorar os nossos mortos e assistir, passivamente, a este escárnio à ordem pública, atribuindo, por comodismo, toda a responsabilidade de seu combate somente aos organismos policiais? As cívicas passeatas pela paz passaram a ter efeito inverso, tornando-se, por absurdo, em motivo de júbilo para os facínoras que nos ameaçam e de exposição da fragilidade de nossa sociedade como um todo.

Acho que a população do Rio de Janeiro que já está a ponto de explodir diante de tanta insegurança pública deveria exigir, das autoridades responsáveis, a imediata retirada de cartazes, pôsteres, avisos etc. que estejam colocados nas janelas de veículos de transporte coletivo.

Que os donos das concessões vendam suas publicidades nas respectivas latarias de seus ônibus! Esse seria o primeiro passo na luta contra aqueles que continuam festejando o cenário de pânico que está envolvendo os moradores desta cidade, em um abraço mortal.

CRÔNICAS DO CID-1

TRÊS REENCONTROS E UM FLERTE
Sempre disse que gostava de escuridão, solidão e jiló.
Porém, com mais de setenta anos, já viúvo, os filhos crescidos e encaminhados, teve um ataque de saudade. Lembrou-se dos tempos de colégio interno e dos amigos com quem conviveu e de quem nunca mais tivera notícias.
Com tempo, disposição e condições, resolveu fazer um périplo ao passado, em busca do reencontro com amigos que conseguisse localizar. Com o carro na estrada, dirigiu-se à cidade desses amigos, cuja origem conhecia, em razão do costume no colégio interno de apelidar os colegas com o nome da cidade de origem.
Assim, Fernando era Birigui, Hélio - Promissão, e assim por diante.
Com paciência, e um faro detetivesco, instalou-se num hotel da cidade e, com o auxílio do recepcionista, da telefonista e do contato com as pessoas mais idosas da cidade, tentava localizar os antigos amigos.
Nem sempre teve sucesso. Todavia, em algumas cidades, conseguiu localizar antigos amigos.
Dono de uma psicologia intuitiva e capacidade de observação, identificou e entendeu as reações que encontrou.
Alguns amigos choraram de emoção, apresentaram a família, mostraram a casa, fizeram questão de segurá-lo para uma refeição.
Outros foram gentis, ficaram felizes, lembraram de passagens e foram formais. Houve também, os que, embora tenham sido colegas de internato, diziam não se recordar, não estavam interessados e que mal se lembravam daquele tempo. Despachavam-no do portão da casa.
Ele, maduro e vivido, curtido pela experiência profissional, não se ofendia e nem sofria com as diferentes acolhidas. Simplesmente entendia. Sabia que poderia ser visto como um intruso, um oportunista, uma pessoa que, em nome de uma emoção de reencontro, quisesse tirar proveito, solicitar favores, ou mesmo, oferecer alguma coisa. Afinal, já haviam decorrido mais de cinqüenta anos.
Mesmo assim, ficou muito feliz. Reencontrou amigos, viveu emoções, curtiu recordações. Não se sentiu maltratado, apesar da frieza ou da rejeição de alguns, que efetivamente tinham sido amigos no distante intervalo.
Terminado o périplo, retornava emocionado para o Rio de Janeiro, quando, ao passar por uma cidade às margens da Dutra, lembrou-se de um antigo flerte que teve durante uma semana com uma bela jovem que visitara o local onde trabalhara há trinta anos.
Saíram para jantar, conversar e se conhecerem - nada mais.
Lembrou-se que foram momentos agradáveis para ele e para ela e que certamente poderia ter ido bem mais longe se ela não tivesse que voltar para sua cidade natal.
Resolveu parar. Instalou-se num hotel e com sua capacidade sherloquiana, acabou por encontrar o antigo flerte, agora já casada, mãe de filhos e um marido bravo, que ele, entretanto, não sabia.
Foi para o quarto, pegou o telefone e ligou.
- Alô, é fulana?
- Sim...
- Aqui, é fulano, nós nos conhecemos em tal cidade lá pelos idos de 1960, quando você foi passar a férias na casa de uma amiga. Você foi conhecer meu local de trabalho e jantamos algumas vezes. Foi muito agradável e você ficou muito feliz. Estou de passagem por sua cidade e lembrei-me de você. Gostaria de poder revê-la. Tenha certeza, é o reencontro de uma emoção, nada mais.
Ela, do outro lado:
-Não me lembro de nada. Nunca fui a essa cidade e nunca conheci ninguém com seu nome. Passe bem!
E, desligou o telefone.
Decepcionado, surpreso e humilhado, pois tinha certeza de que ela era a pessoa que ele havia conhecido, fechou a mala, desceu para a recepção, pagou a conta e, acabrunhadamente pegou o carro e retornou para o Rio de Janeiro.
Dois dias depois, estava tranqüilamente lendo o jornal, curtindo sua solidão, quando o telefone tocou.
- Alô, é fulano?
- Sim, aqui é fulano.
- Consegui seu telefone na ficha de inscrição que você deixou no hotel. Estou falando da rua. Quando você me ligou, meu marido estava ao meu lado, homem ciumento e bravo. Não tinha como dizer que me lembrava, aliás, nunca me esqueci. Foram momentos de muita alegria para mim. Meu marido é ciumento, toma conta e fiscaliza todos os meus passos. É horrível. Quero muito me encontrar com você. Assim que puder, tente isso. Mas, tem um problema – você não deve ligar para a minha casa e nem eu posso ligar para você, pois ele fiscaliza até a conta telefônica.
Ele, sem pestanejar disse:
- Não tem problema.
E, do alto de sua experiência, da sua vivência e do tempo de estrada disse:
- Ligue a cobrar, meu amor.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CONTOS DO MUNIR - 14

PAURA
Submarino Bahia... Adestramento... Área Alfa... Proximidades da ilha Rasa.

O treinamento dos oficiais alunos do curso de submarinos estava próximo do final. A alegria era contagiante, pois todos já se julgavam craques em submarino, solucionando com rapidez as situações de emergência boladas pelos professores.

Durante o exercício, conduzido pelos instrutores do curso, a música suave, vinda da Praça D’armas, acalmava o estresse das surpresas dos qualificandos, provocadas pelas artimanhas de avarias simuladas.

O comandante na torreta, despreocupado, conhecedor da capacidade dos oficiais encarregados do curso, selecionados por suas experiências, exercitava, com sua equipe, a solução de um ataque sonar virtual a um comboio em um problema gerado pelo computador de bordo.


O submarino navegava escoteiro em águas interditadas ao tráfego marítimo.

As emergências se desenvolviam: uma banda repentina ao imergir, um incêndio simulado com fumaça em um dos motores elétricos, uma falha no leme horizontal de vante ou de ré, falta de pressão no sistema hidráulico, válvula de ar de alta pressão emperrada, alagamento no compartimento de torpedos à ré e outras tantas.

Súbito, o comandante é surpreendido pelo aumento total da força das máquinas, inclinação violenta para cima e o ar de alta pressão liberado para todos os tanques, trazendo rapidamente o submarino à superfície.

Sem alternativa e entendendo que algo de grave se havia passado para que os três oficiais no compartimento de manobra tomassem a providência de trazer o submarino à superfície em emergência sem consultá-lo, o comandante segue com os procedimentos no periscópio.

Já na superfície, o comandante pergunta apreensivo o que havia acontecido.

A resposta vem, em uníssono, dos três:

- Cumprimos sua ordem de Vir à Superfície em Emergência.

O comandante, estranhando, diz que não ordenou. Os oficiais da equipe de ataque que se encontravam com ele na torreta afirmam a mesma coisa.

Os três oficiais que haviam saído do compartimento de manobra se entreolham espantados e exclamam:

-Nós ouvimos!

Mistério a ser investigado!

Toma-se a decisão de prosseguir com o treinamento e o comandante resolve repetir a situação da hora do evento: todos os mesmos homens em seus postos anteriores, as mesmas simulações de situações críticas. Passam-se alguns minutos e nada acontece.

Alguém se lembra do detalhe de que a música irradiada não era a mesma. Como chegava de um toca-fitas, a música havia ficado para trás.

Inicia-se a música original:- “Paura Innamorata di Te”.

O mistério persiste, mas não por muito tempo. Depois de alguns momentos, ouve-se claramente o comandante ordenar:

-Emergência! Superfície! Superfície!


Desta vez o comandante estava junto aos oficiais no compartimento de manobra e se surpreende ao ouvir sua própria voz.

Deu para deduzir o que havia acontecido. Um oficial de bordo havia trazido um long-play com a música “Paura” e gravado no cassete do toca-fitas durante um exercício anterior.

Foram proibidas gravações em viagem.

Desfeito o segredo, o comandante volta para a torreta, manda descer o submarino à cota de 100 pés e ordena:

-Emergência! Superfície! Superfície!

PS :
Banda - inclinação violenta para um dos bordos.
Escoteiro - navegando sem companhia

PIADAS DO CAVUCA - 11

TELEFONEMA DO SUS*
O telefone toca e a dona da casa atende:
-Alô?!
-Sra. Silva, por favor.
-É ela.
-Aqui é Dr. Arruda do Laboratório. Ontem, quando o médico enviou a biopsia do seu marido para o laboratório, uma biopsia de um outro Sr. Silva chegou também e agora não sabemos qual é do seu marido e infelizmente, os resultados são ambos ruins...
-O que o senhor quer dizer?
-Um dos exames deu positivo para Alzheimer e o outro deu positivo para AIDS. Nós não sabemos qual é o do seu marido.
-Nossa! Vocês não podem repetir os exames?
-O SUS somente paga esses exames caros uma única vez por paciente.
-Bem, o Senhor me aconselha a fazer o quê?
-O SUS aconselha que a senhora leve seu marido para algum lugar bem longe da sua casa e o deixe por lá. Se ele conseguir achar o caminho de volta, não faça mais sexo com ele.
*SUS - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL...
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Estratégia de Negócios
PAI - escolhi uma ótima moça para você casar.
FILHO - Mas, pai, eu prefiro escolher a minha mulher.
PAI - Meu filho, ela é filha do Bill Gates !!!
FILHO - Bem, neste caso, eu aceito.

Então, o pai negociador vai encontrar o Bill Gates.
PAI - Bill, eu tenho o marido para a sua filha!
BILL GATES - Mas a minha filha é muito jovem para casar!
PAI - Mas este jovem é vice-presidente do Banco Mundial...
BILL GATES - Neste caso, tudo bem.

Finalmente, o pai negociador vai ao Presidente do Banco Mundial.
PAI - Senhor Presidente, eu tenho um jovem recomendado para ser vice-presidente do Banco Mundial.
PRES. BANCO MUNDIAL - Mas eu já tenho muitos vice-presidentes, mais do que o necessário.
PAI - Mas, senhor, este jovem é genro do Bill Gates.
PRES. BANCO MUNDIAL - Neste caso ele pode começar amanhã mesmo!

Moral da história: Não existe negociação perdida. Tudo depende da estratégia.
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PREMONIÇÃO

Um homem vai ao quarto de seu filho dar-lhe boa noite. O garoto está tendo um pesadelo. O pai o acorda e pergunta se está bem.
O filho responde que está com medo porque sonhou que a tia Suzana havia morrido.
O pai garante que tia Suzana está muito bem e o manda de novo para a cama...
No dia seguinte tia Suzana morre.
Uma semana depois, como de hábito, o homem vai ao quarto de seu filho dar-lhe boa noite.
O garoto está tendo outro pesadelo.
O pai o acorda.
O filho diz que está com medo porque sonhou que o vovô havia morrido.
O pai garante que o vovõ está muito bem e o manda de novo para a cama.
No dia seguinte o vovô morre.
Uma semana depois, o homem vai de novo ao quarto de seu filho para dar-lhe boa noite.
O garoto está tendo outro pesadelo...
O pai o acorda.
Desta vez o filho responde que está com medo porque sonhou que seu pai havia morrido.
O pai garante que está muito bem e o tranquiliza.
Mas... não consegue dormir.
No dia seguinte, está apavorado. Tem certeza de que vai morrer. Ele sai para o trabalho e dirige com o maior cuidado para evitar uma colisão. Ele não almoça de medo de sua comida estar envenenada. Evita todo mundo, de medo de ser assassinado. Ele tem um sobressalto a cada rua, e a qualquer movimento suspeito ele se esconde debaixo de sua mesa. Ao voltar para casa, ele encontra sua esposa e diz:
- Marcia... Tive o pior dia de minha vida!
E ela responde, chorosa:
- Você acha que foi o pior... E o meu chefe, que morreu hoje de manhã, assim que chegou ao escritório...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CONTO do BRUNO ALZUGUIR BOTELHO

CIÚMES
Autor:BRUNO ALZUGUIR BOTELHO
Hoje pela volta do meio dia, fui tomar um táxi naquele ponto da Praça Serzedelo Correia, em Copacabana. Quando me aproximava do ponto um carro me chamou a atenção. Era um lindo Alfa Romeu, vinho, da década de 60. Com certeza deveria ser o único no Rio de Janeiro.
No táxi, como de costume, entreguei o mesmo bilhete ao taxista. Provavelmente pela décima vez naquele mês. Ia à Rua José Linhares, no Leblon. Aquilo já virara rotina.
O bilhete eu tinha pegado do chão. Havia caído do bolso de uma linda moça, loura, por volta de seus vinte anos. O endereço era de seu apartamento.
Na primeira vez que fui lá, o fiz movido pela curiosidade: quando cheguei, interfonei para o apartamento e ela, inesperadamente, com pura inocência me deixou entrar. Seu apartamento era curioso. Havia bilhetes e diários por todos os lados. Ao chegar, ela me perguntou com alegria – “Quem é você, nos já tínhamos combinado?”- Sua beleza me hipnotizou, movido pelo instinto menti. Inventei uma história. Disse que já tínhamos nos conhecido e que falara que a encontraria naquele dia. Ela parecia confusa, mas, inacreditavelmente, aceitou minha palavra. Começamos a conversar. Ofereceu-me vinho e comida. Depois fomos para a cama e foi um dos melhores dias da minha vida.
Depois, cansados, voltamos a falar e questionei o porquê de todos aqueles bilhetes pregados pela casa. Ela me explicou que sofria de perda de memória recente e lembrava tudo que tinha feito e do que tinha que fazer pelos bilhetes. Aquilo tudo era perfeito. Quando ela foi dormir, simplesmente retirei o bilhete que falava sobre aquela noite e assim, poderia desaparecer quando quisesse.
Nos dias que fui lá, sempre via o Alfa Romeu passar perto do ponto de táxi. Aquele deveria ser meu amuleto da sorte.
Hoje eu voltaria àquele apartamento e repetiria tudo que tinha feito nas ultimas semanas. Eu adorava. Chegando lá, vi o lindo carro vinho estacionado na frente do prédio – parece até perseguição. Entrei no apartamento sem problemas, já tinha até a cópia da chave. As luzes estavam apagadas e as janelas fechadas. Não ouvi barulhos. Mesmo assim caminhei intuitivamente até o quarto. Quando entrei no aposento me senti aterrorizado e enojado.
Havia sangue em toda a cama, sai e corri em direção à porta, tentei abri-la, mas não consegui. Nesse instante ouvi aquela voz peculiar perguntando – “Quem é você, nos já tínhamos combinado?”. Acalmei-me, e comecei a repetir aquela rotina infalível. Estava com pressa e pulei algumas etapas, fomos direto ao sexo no sofá. Como sempre ela acreditou em mim e não hesitou.
Depois, quando estava saindo, acendi a luz para procurar minhas roupas. Olhei para minha affaire, e meu sangue gelou. A imagem não era de quem eu esperava. Uma mulher mais velha, loura e muito parecida com a dona do apartamento. Ela estava um pouco suja de sangue. Em cima da mesa tinha a chave com o escudo da Alfa Romeu. Meus pensamentos cessaram quando ela falou - “Sou tão boa quanto minha filha?”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG -PARTE 5

Viagem de um arquiteto parte 5- Final até as proximas viagens

Em New York, estive várias vezes com Liliane, minha segunda esposa. Ela é proprietária de uma boutique feminina e tem necessidade de viajar para atualizar o seu negócio. Numa dessas viagens, vivenciamos dois episódios nos teatros da Broadway.

No primeiro deles, chegamos a N.Y. Justo num dia em que se iniciava um horário de verão, em que se adiantava em uma hora o relógio. Como estávamos em viagem e não tínhamos lido jornal algum, desconhecíamos o fato. Compramos um bilhete para ver “Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat”, um delicioso musical baseado na história bíblica de José no Egito.
É lógico que chegamos com uma hora de atraso. Chegamos justo no intervalo e entramos no segundo ato sem perceber. Como conheço a história na versão bíblica, estranhei que quando o espetáculo “começou”, José já era ministro, porém como em teatro existem liberdades criativas, nada comentei com Liliane que também nada tinha percebido. Só ao final da peça, quando os atores agradeceram é que vimos que algo estranho tinha acontecido.
Fomos à gerencia e só lá soubemos da troca de horário. O gerente muito simpático soube nos entender e nos ofereceu duas entradas para voltarmos no dia seguinte. A oferta foi prontamente aceita e passamos acreditar um pouco mais na humanidade.
Em outro episódio, que não tenho certeza de ter sido na mesma viagem, chegamos a outro musical na Broadway e ao apresentarmos os bilhetes, verifiquei que ao invés dos bilhetes, na pressa eu tinha entregue dois tickets de avião.
Iríamos perder a peça? De jeito algum! Fomos ao gerente e explicamos o ocorrido. Por sorte eu que tenho memória excelente para números lembrava o número das cadeiras compradas. Informei ao gerente esses números e aguardamos até quase o início do show. O gerente verificou que nossos dois lugares estavam desocupados e nos permitiu entrar. Eu sou assim, extremamente distraído, mas adquiri um know-how para resolver os pequenos e grandes problemas que estas acarretam. No dia seguinte peguei os tickets e os levei ao gerente, como derradeira prova de nossa honestidade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

COLUNA DO AUGUSTO ACIOLI

Cotas para negros
Autor: Augusto Acioli de Oliveira

De todas as injustiças perpetradas contra a Raça Negra no Brasil, essa é - em minha opinião - a que se afigura como a mais cruel, por passar incólume e despercebida quanto aos males e conseqüências que poderá vir a acarretar ao longo dos próximos anos.
Ao ser estabelecida uma cota qualquer para preenchimento de vagas em concursos públicos por parte de determinada parcela da população brasileira, criou-se, ao mesmo tempo, uma Reserva de Mercado para o percentual restante, algo impensável e inadmissível nas Sociedades ditas Democráticas.
Instituiu-se, assim, a figura da Investigação Racial - tão comum nos famigerados regimes totalitários, alguns dos quais fortunadamente derrotados em anteriores e trágicos conflitos mundiais - que irá amparar, dessa vez e por absurdo, legitimamente, a todos aqueles que se julgarem preteridos ou prejudicados em seus direitos, pelas inclusões ou exclusões determinadas por Decreto Presidencial. O epílogo se dará no lugar de sempre: no Poder Judiciário.
Não representará qualquer surpresa para mim, quando cidadãos brancos, morenos, mulatos, pardos, cafuzos, amarelos ou indígenas - quanto à epiderme ou origem - conduzirem, com justo orgulho pelos corredores dos Tribunais, pais, irmãos, tios, primos, ou demais parentes de cor negra, para argüirem, igualmente, legítimos direitos que lhes forem negados administrativamente.
Sim, pois a cota estabelecida vale para todos aqueles que comprovarem o amparo legal !
É bom que se tenha em mente - e faço votos para que isso aconteça muito em breve - a possibilidade de que seja publicado em Diário Oficial o resultado de um concurso público que aponte um percentual majoritário de aprovação para os candidatos que preencherem a ficha de inscrição como Não Brancos, algo que não foi considerado quando se determinou o estabelecimento de cotas para a ocupação de vagas em concursos públicos.
Entre outros dados, penso que deveria ser divulgado o decisivo argumento que levou o anterior primeiro mandatário a eleger o percentual de 20 % (vinte por cento) como o de sua escolha ; por que não 50 % (cinqüenta por cento)?
A manutenção desse critério de cotas raciais representa uma ofensa adicional a todos os Cidadãos Negros que venceram seus desafios pessoais face ao próprio esforço e capacitação, bem como estabelecerá no Brasil, e de uma só penada, a vergonhosa e ainda inexistente separação entre Brancos e Não-Brancos.
Com a ressalva consagrada aos deficientes físicos, toda a Sociedade Brasileira sempre esteve representada nas universidades ou no exercício de funções públicas, sem a necessidade do amparo de Decretos ou Leis.
Tenho absoluta convicção de que o questionamento deveria ser outro : quem é que é, comprovadamente, um legítimo cidadão representante da Raça Branca entre nós, brasileiros ? "
- " Com a palavra os irmãos portugueses ! "
Venho constatando nos recentes anos, que há no Brasil uma forte preocupação - talvez até de cunho político - que é manifestada de diferentes formas através da mídia, para que seja aceito como fato concreto, a existência de um conflito racial em gestação e/ou ebulição no país, algo que o dia-a-dia de nossas Ruas, Avenidas, Praças, Meios de Transporte, Estádios, Museus, Teatros, Cinemas, Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Corporações Militares e Policiais, ETC., teima em não confirmar, até por que Leis, ainda em vigor, capitulam e punem, com severidade, tais crimes.
O que existe de fato, são classes sociais separadas, entre si, por abissal diferença de poder econômico-financeiro, decorrente, principalmente, de uma pré-histórica e desigual distribuição da riqueza nacional, e de um reconhecidamente elevado índice de exclusão educacional.
Esses sim, é que são os verdadeiros demônios que deveriam haver sido exorcizados de nossa Sociedade pelo ora questionado Decreto do anterior Presidente, pois discriminam, afastam, agridem, humilham e envergonham, sem distinção, a todas as Raças que orgulhosamente compõem o que se chama de Nação Brasileira.

CONTO DO MUNIR - 13

A BOMBA
Anos 50

Segundo-esquadrão de contratorpedeiros em exercícios no mar. A bordo, na chefia das divisões de máquinas, operações e armamento, segundos e primeiros-tenentes, sem curso e experiência. A baixa geral dos aspirantes em 1948, somada ao acréscimo de um ano nos cursos da Escola Naval deixaram um buraco no quadro de oficiais.

Manhã de sol. Mar tranqüilo. Os navios já voltavam para o Rio, vinham do Norte. Em Recife, lençóis brancos agitados nas janelas das casas próximas ao cais expressaram, na partida, o amor e a saudade das moças da terra pelos marujos.

A próxima escala seria em Salvador. A formatura – a tradicional “Form-Uno” - navios em coluna, intervalos de 1500 jardas. Posições rigorosamente cobradas pelo Comandante da Força, que não poupava os que se afastavam do figurino. Comandantes e Imediatos se revezavam no passadiço. Os comandantes a reclamarem dos “quatis-rabudos” * que tinham a bordo.

De repente o contratorpedeiro Boiquira, último navio da coluna, dá uma guinada brusca para bombordo e aumenta a velocidade. Seu comandante percebera que do contratorpedeiro Beribá, navegando a sua proa, havia caído uma bomba de profundidade. A explosão e a enorme coluna de água foram observadas pelo través de boreste do Boiquira.

Felizmente, graças a providencial manobra os efeitos foram mínimos. Consistiram em descarga de fuligem acumulada nas ventilações e que sujaram o interior do barco. O oficial de armamento do Beribá testara o circuito das espoletas dos morteiros lançadores e a espoleta, por si, fora suficiente par arremessar a bomba. O Comandante da Força determina por rádio que não se realizem mais testes em viagem.

Os navios atracam em Salvador, o CT Beribá junto ao cais e o Boiquira a seu contrabordo. O oficial de serviço do Boiquira já se encontrava no convés, de pirulito*e pemba*, quando uma correria se estabelece. Alguns marinheiros passando do seu navio para o Beribá, buscando o cais. Um deles grita que uma bomba caíra na popa.

O tenente corre para lá e vê: todas as bombas amarradas com grossos cabos de manilha. Um morteiro sem a bomba, o cabo partido. Seu companheiro, o oficial de armamento, diz que a bomba está em “safe” *, não havendo risco de explosão, diz também que como o navio não estava mais em regime de viagem resolveu fazer o teste.

A bomba imóvel no fundo a oito metros de profundidade. O oficial de armamento do esquadrão dá o parecer de que não há risco da bomba explodir. O oficial de armamento da esquadra considera o ineditismo do fato e informa:- “a bomba poderá vir a explodir em um tempo não determinado, dependendo das diversas condições latentes”.

Na popa um grupo de meninos se divertia a pegar no mergulho moedas atiradas pelos marinheiros que lá ficaram. Um sargento pergunta se eles conseguiriam ir até o fundo e amarrar um cabo na bomba. Dois logo se apresentam, dizendo ser a coisa mais fácil do mundo. Acostumados a apanhar estrelas do mar para turistas, os meninos mergulham como peixinhos. Logo retornam contando o que tinham avistado. Um guincho é armado. Os garotos mergulham levando a ponta de um cabo. Voltam e fazem sinal para puxar. O que sobe é um latão de tinta enferrujado, no fundo há muito tempo.

Nova tentativa ia ser feita, quando chega a equipe de mergulhadores da Base, paramentada de roupa de mergulho, pés de pato, lanternas e tudo o mais. Dão uma mãozinha para os guris. Finalmente para alívio geral a bomba é trazida de volta. O que não livrou o tenente, dono da bomba, da cadeia.

N.R: apelido dado aos segundos-tenentes recém-embarcados
N.R: apelido para uniforme branco, dólmã.
N.R: apelido para o armamento de cintura, uma pistola colt.
N.R: posição travada, não explodirá.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG -PARTE 4

Viagem de um Arquiteto- parte 4
Logo na chegada, a Las Vegas, fiquei impressionado com o nível de subsídios com que a indústria de jogos incentiva o turismo na cidade. Num hotel de altíssimo luxo, o Hilton, ao qual daríamos seis estrelas, eu estava pagando uma diária simplesmente ridícula, algo como 60 dólares, ou um terço do preço normal neste ano de 1985. No balcão do check-in ainda por cima ia tomando conhecimento de outras amenidades, tais como receber 10 dólares por dia em fichas para começar a jogar. Em seguida o atendente me solicita a minha carteira de motorista. Logo estava imaginando, que iria ganhar o aluguel de algum carrão como brinde, ato contínuo perguntei se poderia escolher a marca do carro. O atendente me olhou como se eu tivesse contado alguma piada muito engraçada. Neste exato instante percebi a minha mancada. A carteira de motorista aqui serve como identidade, e foi apenas para isto que ele a solicitou. Eu me senti um perfeito caipira.

Ficamos estupefatos com o café da manhã, num salão de altíssimo luxo, com mesas gigantescas cobertas de todos os tipos imagináveis de frutas, cereais, salsichas, lingüiças e. champanhe. Isto mesmo, os extravagantes americanos tomam champanhe no café da manhã.

Numa dessas noites, fomos jantar no restaurante “Benihana” dentro do Hilton. Foi inesquecível! É uma famosíssima cadeia de restaurantes japoneses, que existem em várias cidades americanas. Na entrada, o que chamava a atenção era um robô estatua de Buda falante, feito de borracha! "Dizia" movendo os lábios, que tinha sido expulsa do Japão por falar demais e nos convidava a conhecer o restaurante. Achei um sacrilégio, mas enfim, o japonês tem hábitos diferentes dos nossos. Foi um jantar maravilhoso com muitos pratos interessantes. O curioso é que não havia sushis ou sashimis, como era de se esperar. Os pratos são outros e as principais atrações são os próprios cozinheiros, que fazendo malabarismo com a comida, jogam ovos para o alto, quebrando-os em pleno vôo, depois os fritam na chapa, juntando os demais ingredientes que também são jogados para cima. Tudo na sua frente. Ficamos espantadíssimos quando pedimos um drinque chamado Buda. Ele veio à mesa numa estatueta de Buda em cerâmica, com um canudinho espetado em suas costas. Ora Buda é considerado quase um deus pelos orientais. Troquem Buda por Cristo e imaginem o escândalo que isto não seria.
Percorremos os grandes cassinos onde “ganhamos” alguns dólares, não por jogar, e sim por não jogar, assim não os gastamos. Somos completamente avessos a jogo, apenas apreciamos muito ver as decorações esfuziantemente luxuosas, que somente lá é possível ver. Apreciamos também, ver os shows ótimos a preço bem em conta.
Alguns dos cassinos como o Caesar's foram transformados em locais para toda a família, com salas de cinema 180o e fliperamas eletrônicos.
Este salão de jogos eletrônicos me deixou de queixo caído, pois lá já havia jogos com efeitos de 3D alucinantes e na época tudo era uma grande novidade. No incrível Caesar´s Palace, as extensas galerias larguíssimas e com os tetos pintados como se fosse o céu com nuvens, não se percebe se é dia ou noite que são passados admirando-se as dezenas de lojas lindíssimas que lá existem. Hoje está ainda mais sofisticado, porém não causa o mesmo impacto de antes.. Éramos na época como seres pré-históricos andando em locais ultramodernos.
Um “must” são os restaurantes dos Cassinos que servem “buffets” espetaculares. Lagostas, salmões defumados, cascatas de camarões, saladas maravilhosas, carnes ótimas à vontade, por preço fixo, com sucos refrigerantes e sobremesas incluídos nos preços, tudo por U$5,00!!! Em outubro de 1997 estive lá de novo, e o preço estava em U$8,00!!
Os donos dos Cassinos em sua boa parte eram antigos participantes da Máfia, e hoje são homens de bem. Brincamos a respeito, que se o mesmo acontecesse no Brasil, teríamos Cassinos com nomes bem sugestivos, como “Escadinha’s Palace”, “Uê’s Golden”, “Beira Mar” etc.
Las Vegas foi usada como ponto de partida para conhecermos o fabuloso Grand-Canyon. Lá fomos num pequeno avião Cessna, numa viagem das mais emocionantes e que exige um mínimo de coragem para enfrentar, pois o vôo é a baixa altura, a sensação de que se vai cair é constante, principalmente devido à fama destes pequenos aviões. Mas o resultado final é o de um passeio, que ficará para todo o sempre em minha memória.
Em Miami, que já conhecíamos de viagens anteriores, só teríamos dois dias. Aproveitamos pouco no primeiro dia, pois em nossos pensamentos ainda estava o sentimento da perda, pois estávamos ali em função do terremoto ocorrido no México. Mas aos poucos essa idéia foi sendo substituída pela alegria de estarmos vivos e de termos a chance de aproveitar a nossa vida da melhor maneira possível. Alugamos um carro e fomos ver Monkey Jungle e Parrot Jungle, dois pequenos parques dedicados aos macacos e às aves da família dos papagaios, lá passamos horas deliciosas. Neles assistimos a divertidíssimos shows de animais amestrados. Ambos são locais que recomendo vivamente. Foi uma das últimas viagens em que minha ex estava bem de saúde. Poucos anos depois, ela viria a falecer.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

COLUNA DO AUGUSTO ACIOLI

"VALE S.A."
Autor: Augusto Acioli de Oliveira

O bolivariano ataque à VALE S.A., na pessoa de seu presidente Roger Agnelli, procura, aparentemente, demonstrar uma vocação estatizante do governo, quando na verdade mascara a verdadeira intenção de enfiar goela abaixo, na administração da maior mineradora do mundo, uma patota de alinhados executivos, futuros dizimistas políticos. Nos dias que correm não existe mais a preocupação de disfarçar as más intenções, no caso, o absoluto domínio de uma bem sucedida corporação privada nacional, através da fritura midiática de seu principal administrador, para travesti-la em grande cabo eleitoral na corrida 2010. Ah! como aquele caixa está abarrotado. Se de fato os maiores fundos de pensão entraram de cabeça nesta ação coordenada com precisão cirúrgica, é hora de outras grandes empresas brasileiras começarem a botar suas barbas de molho. Acho que assessores do Presidente da República podem estar levando-o a outro equívoco, à semelhança do episódio Honduras, o mais recente. É importante que alguém o informe de que o principal ativo de qualquer corporação é o talento de seu corpo gestor, bem não contabilizável por ser intangível, porém, verdadeiro responsável pelos resultados econômico-financeiros alcançados. A propósito, lanço um desafio: coloquem qualquer um dos postulantes ao comando da VALE S.A. para um debate técnico e público com Roger Agnelli, seu atual presidente, mas não se esqueçam de levar um carrinho de mão para recolherem o que sobrar do temerário desafiante.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CONTOS DO MUNIR - 12

NÓS MARCIANOS

Quando chegamos, vindos de Marte em nossas naves, viemos sem nossas mulheres. Uma estranha bactéria dizimara a população feminina.
Na Terra a correspondência do tempo nos permitiria viver quase que infinitamente, embora em Marte já tivéssemos quase que atingido a vida eterna.
Lá não era necessário morrer para ceder espaço para os descendentes, não só por marcianos habitarem na linha divisória do espaço-tempo, como também pela nossa tecnologia em viajar para outras galáxias.
Em nossa viagem, a logística providenciara alguns embriões femininos que seriam cultivados in-vitro na Terra, pressupondo que naquela atmosfera não seriam afetados. Entretanto, a cápsula que os continha rompeu-se quando um dos pára-quedas retardadores do choque falhou e os invólucros espalharam-se,mergulhando no oceano, tornando impossível o resgate.
Todos nós marcianos embarcados na nave, sentimos uma grande alegria ao ver na tela de nossos monitores que as mulheres da terra eram belas e correspondiam quase que aos nossos padrões de beleza, porém mais magras. Verdade que os vídeos só mostraram as modelos que pareciam anorécticas.
Os cientistas, encarregados da análise espectral, ficaram contentes ao verificar que poderíamos perpetuar nossa espécie nesse novo mundo.
Contudo, eles projetaram em seus visores o futuro cenário desalentador de nosso relacionamento com as terrestres. Chegamos à desilusão, que, a exemplo do que já havia acontecido numa fábula tibetana terrestre, elas envelheceriam enquanto nós iríamos permanecer jovens e nossos filhos não herdariam a genética marciana.
Na lenda tibetana, revelada pela consulta aos arquivos de nossos computadores, os monges que lá viviam tinham o segredo de retardar o envelhecimento, adicionando rúcula em suas refeições, segredo esse que não era compartilhado com ninguém. Nem com suas esposas. Elas envelheciam e morriam antes. Os monges casavam-se outras vezes.
Para preservar seu mistério, os monges cultivavam a rúcula juntamente com a venenosa cicuta; ambas têm flores brancas e aqueles que os viam colhendo invejavam sua juventude e, não sabendo diferençá-las, cometiam suicídio involuntário.
Até que um dia um jovem monge apaixonou-se por sua mulher e dividiu com ela seu segredo, para que assim ela o acompanhasse até a morte. Foi expulso do Templo, mas o segredo já havia vazado.
Logo percebemos que não seria nossa solução e, apenas, parcialmente poderíamos retardar o envelhecimento de nossas companheiras, com a prática dos ritos tibetanos.
Daí criarmos a Ordem dos Guerreiros Marcianos-OGM. Organização de caráter aparentemente machista, mas, que tinha por missão prolongar ao máximo a beleza das mulheres e fazer cumprir o juramento de entrarmos em estado cataléptico quando a morte delas se aproximasse para criar a sensação que enviuvavam. A OGM arranjaria nossa transferência para longe, aonde o processo continuaria.
Muitos, a exemplo do jovem monge tibetano, apaixonados que ficaram por suas esposas, manifestavam o desejo de quebrar o juramento e morrer de verdade.
O que só fomos saber, passados três séculos, é que o mar, essa eterna fonte de vida da terra, foi lentamente abrindo alguns dos invólucros perdidos em nossa viagem inicial, que continham os embriões femininos, suprindo-os com os requisitos necessários à conservação da vida até que um acaso os levasse a um porto seguro.
Hoje, algumas marcianas estão por aí. Estamos ansiosos que elas um dia encontrem seus pares.
Ps:Procurar ritos tibetanos no Google

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

COLUNA DO AUGUSTO ACIOLI

"Milícias Brasileiras & Desordem Pública"
AUGUSTO ACIOLI
Rio de Janeiro - RJ.

As milhares de fotos e reportagens publicadas pela mídia sobre as milícias do MST, MLST, MAB, Via Campesina etc, alertam e comprovam que grupos divisionistas estão se fortalecendo, no Brasil, com evidente propósito de desmontar e destruir a ordem democrática reconquistada, a duras penas, pelo voto popular.
Portando bandeiras cuja cor vermelha procura sinalizar a seus opositores até que ponto os membros de tais facções estão dispostos a chegar para atingir seus reais objetivos, não mais se preocupam em disfarçar a existência de um braço armado inserido na pregação de um modelo ultrapassado de reforma agrária cuja digital tem origem no início do século passado e que só continua existindo, no Brasil, pela postura revanchista de uma minoria de radicais. Uniformizados, proferindo envelhecidas palavras de ordem, fazendo uso de invejável apoio logístico e caricaturados de trabalhadores descamisados, embora brandindo facões, foices e enxadas como se fuzis fossem (pelo andar da carruagem a troca do equipamento é apenas uma questão de tempo e financiamento), têm partido para o ataque em todo o território nacional através de saques, depredações, destruição e invasões de órgãos governamentais, empresas, centros de pesquisas, propriedades públicas e privadas, bloqueios de rodovias, ferrovias, avenidas, praças, ruas...
Agredindo outros trabalhadores, sequestrando e mantendo pessoas em cárceres privados e, atualmente, também partindo para assassinatos, tais bandos estão convictos de suas respectivas impunidades já que recebem, inclusive, substantivos repasses de recursos arrecadados através de impostos, muito embora não divulguem, amplamente, à sociedade que lhes financia, compulsoriamente, o número de seus CNPJ, se é que os possuem.
Ai daqueles que ao tentarem defender suas propriedades, familiares e empregados, cometam o desatino de enfrentá-los com armas de qualquer tipo, pois essas só eles, os invasores, podem portar.Os contribuintes-vítimas, caso insistam em reagir aos já corriqueiros ataques criminosos, serão presos e processados por atrapalharem a desordem pública e a consolidação de um processo de convulsão social que se encontra em pleno andamento.Seria interessante que tais milicianos fossem deitar suas falações em Cuba, país que, freqüentemente, citam como exemplo de autêntica democracia popular, para sentirem "no lombo", a resposta que levariam da nova ordem que lá se instalou e que pretende passar o apagador na antiga retórica campesina, em face dos seguidos fracassos alcançados na produtividade agrícola.
Quem sabe se contratando competentes técnicos brasileiros, os mesmos que têm sido atacados e desmoralizados, rotineiramente, pelos falsos movimentos sociais tupiniquins, o país do Caribe não venha a se tornar um grande celeiro para o seu povo?
Verdade seja dita, nem tudo dos velhos tempos continua sendo mantido. Cito, como exemplo, as caricatas barbas guerrilheiras mantidas, por décadas, pelos líderes de tais milícias, numa tentativa de associá-los, por semelhança, a seus venerados ídolos marxistas. Procedimento este, em nada diferente daquele adotado nos anos 30, em relação ao ridículo bigodinho usado por um tresloucado e famigerado ditador nazista. A única diferença entre tais discípulos sempre foi o lado da mesa que escolhiam para sentar.
No caso brasileiro, em face do grande espaço alcançado na mídia pelo episódio do "Mensalão", a esmagadora maioria dos companheiros locais tratou de cortá-las, definitivamente, para evitar constrangimentos fotográficos que os associassem a conhecidos personagens políticos indiciados naquele episódio, hoje, igualmente, ex-barbudinhos.
Tenho a firme convicção de que caso esses corriqueiros atos criminosos, acima citados, não sejam eliminados da cena brasileira, o quanto antes, nós, autores de textos críticos sobre o tema, seremos julgados, em futuro próximo, por tribunais revolucionários presididos por bem organizados candidatos ao cargo de Comissários do Povo.
Finalizo com a pergunta que não quer calar:
"Afinal, a quem interessa a existência desses organizados pelotões da desordem pública?"

domingo, 4 de outubro de 2009

PIADAS DO CAVUCA - 10

A LUVA E A CALCINHA

Um jovem estudante, ao passar em uma loja em São Paulo , resolveu comprar um belo par de luvas para enviar a sua jovem namorada, ainda virgem, de família tradicional mineira, a quem muito respeitava.

Na pressa de embrulhar, a moça da loja cometeu um 'pequeno' engano, trocando as luvas por uma CALCINHA!

O jovem, não notando a troca, enviou o presente via SEDEX junto com a seguinte carta:

"São Paulo, 30 de maio de 2005.

Minha Querida,

Sabendo que dia 12 próximos é o Dia dos Namorados, resolvi te mandar este presentinho. Embora eu saiba que você não costuma usar (pelo menos eu nunca te vi usando uma), acho que vai gostar da cor e do modelo, pois a moça da loja experimentou e, pelo que vi, ficou ótima. Apesar de um pouco larga na frente, ela disse que é melhor assim do que muito apertada, pois a mão entra com mais facilidade e os dedos podem se movimentar à vontade. Depois de usá-la, é bom virar do avesso e colocar um pouco de talco para evitar aquele odor desagradável.

Espero que goste, pois vai cobrir aquilo que breve irei pedir ao teu pai, além de proteger o local em que colocarei aquilo que você tanto sonha."

...!!!???

*************************************************************
O ROQUEIRO ASSASSINO

Em um concerto da Banda U2 em Lisboa, Portugal, o vocalista Bono pediu silêncio ao público e depois começou a bater palmas, no ritmo da música que os colegas da banda tocavam.

Ele foi batendo palmas... A música ficando mais suave... Ele olhou para os demais músicos e eles também silenciaram.

Só as palmas ritmadas do Bono ecoavam pelo estádio lotado. Ele foi até o microfone e olhando p'ras pessoas, todas quietas disse, num tom sério:

- Eu quero que vocês pensem nisso: a cada batida de minhas mãos, uma criança morre na África!

Então surgiu uma voz de um português nas arquibancadas, em alto volume:

- Ora, pois, então pára de bater palmas, seu roqueiro assassino!

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LIÇÃO DE VIDA

Esta carta foi enviada ao diretor de uma escola primária que havia oferecido um almoço em homenagem às pessoas idosas da comunidade.

Durante o almoço, uma das senhoras convidadas, de idade avançada, ganhou um rádio, num sorteio realizado com os cupons que foram entregues na porta. Ela escreveu uma carta emocionada em agradecimento aos promotores do evento. Este relato é uma homenagem a toda a humanidade, e serve para refletirmos sobre as relações humanas.

"Caros alunos e membros da direção, Deus abençoe todos vocês pelo lindo rádio que ganhei durante o almoço em homenagem aos idosos! Eu tenho 84 anos e moro em um lar de velhinhos carentes. Toda a minha família já faleceu, eu não tenho mais parentes. Por isso, foi muito reconfortante saber que existem pessoas que ainda levam em consideração o meu bem estar e paz de espírito. Aqui no nosso Lar, divido o quarto com uma companheira mais idosa do que eu - ela tem 95 anos de idade e não pôde comparecer ao almoço, por estar muito deprimida. Durante todos estes anos em que convivemos ela teve um radinho como o meu, que lhe fazia companhia constante. Ela nunca permitiu que eu ouvisse o rádio dela, mesmo quando estava dormindo ou ausente. Há algum tempo, no entanto, o rádio dela caiu do criado mudo e se espatifou no chão.

Foi muito triste para ela, que chorou muito. Então eu ganhei este rádio e no dia seguinte ao almoço ela pediu-me para ouvi-lo, e eu lhe respondi candidamente:

- Nunca, sua velha egoísta !!! De geito nenhum !!! Obrigada por me proporcionarem essa inesquecível oportunidade, pela qual tanto esperei ! "

CONTOS do JOSÉ FRAJTAG - 3

Viagem de um arquiteto - parte 3
José Frajtag/josefrajtag@ymail.com


Ao retornarmos ao nosso Hotel Powell, de San Francisco recebemos recado de Dudú, nosso sobrinho, que telefonava da Grécia e dizia para ligarmos urgente para nossa casa no Rio, pois ele achava que tinha havido um assalto.

Mais do que depressa, ligamos e falamos com Adélia, que tomava conta de tudo, que depois de nos tranqüilizar dizendo que nada de mal tinha acontecido, nos explicou o ocorrido: Acontece que a velhinha espanhola tinha ligado novamente chamando o “Ror’rre”. Adélia, que nada sabia da sua existência, lembrou que Dudú, nosso sobrinho, chamava-se Jorge Eduardo. Achando que o “Ror’rre” fosse ele, deu-lhe o telefone da Grécia.

A pobre da velhinha ligou para lá, falou com Dudú, dizendo que a casa dela tinha sido assaltada. Ai foi a vez de Dudú achar que era ela quem tinha ficado na nossa casa. Foi uma confusão que terminou com mais um telefonema para a Grécia e muitas gargalhadas.

No dia seguinte estávamos com carro alugado e viagem marcada para Yosemite Park (a pronuncia é estranha - Yossémiti). Para aproveitar bem o pouco tempo que nos restava, tivemos de sair de San Francisco às 3h da manhã, para iniciar o passeio. Tontos de sono, mas confiantes iniciamos o trajeto. O que não sabíamos é que em San Francisco ocorrem pesados nevoeiros, onde não se enxerga mais que dez metros da ponta do carro, isto mesmo se fosse de dia. Devido a isso, eu que estava no volante, dirigi com velocidade reduzidíssima até ultrapassar a região da névoa. Quando estávamos saindo dela começamos a ouvir um estranhíssimo barulho. Vocês imaginem, isso era às 4h da manhã, escuro como breu, com neblina e nós com sono. Nos meus devaneios achei que fosse uma esquadrilha de helicópteros ou, quem sabe, de discos voadores, pois o som era muito estranho mesmo. Aos poucos fomos conseguindo enxergar e fiquei impressionado. Centenas ou mesmo milhares de moinhos de vento, rodando para a produção de energia elétrica. Nada tinha lido a esse respeito. Só lá é que soube da sua existência, num tremendo susto.


A aventura ainda teve mais uns lances de emoção, pois descobri que a estrada que pegamos foi a pior alternativa possível. Só soubemos disso ao chegarmos a Mariposa, uma deliciosa mini-cidade (Que tinha na época uns cinco mil habitantes no máximo) junto ao Parque. A estrada que pegamos era estreitíssima, cheia de curvas violentas, em ladeira e ao lado de abismos colossais. Naquela escuridão e com o sono que eu sentia, começou a ficar perigoso. Não tive alternativa, senão tirar meia hora e dormir num acostamento para aguardar o dia clarear e para me recuperar um pouco. Ao acordar as coisas ficaram mais fáceis e conseguimos chegar sem problemas a Mariposa. Lá nos hospedamos num simpático hotel familiar, o “Mariposa Hotel”.

O parque de Yosemite vale quaisquer sacrifícios necessários para lá se chegar. Aqui existem sequoias um pouco diferentes das de Muir Woods. Estas daqui são extremamente grossas alem de altíssimas.
Uma era tão grossa, que tiveram uma grande ousadia (Certamente um crime ecológico, mas um crime que compensou!); Há quase cem anos, quando não havia essas considerações ecológicas, escavaram um túnel numa delas, a Wawona, que permitia a passagem de dois carros simultaneamente. Esta árvore acabou caindo vitimada por um raio, há poucos anos, ficando de lembrança apenas os seus destroços. As paisagens são deslumbrantes, muitas são usadas naqueles posters murais que ficaram tão em moda. São locais que nos levam a profunda contemplação.


No parque está a “El Capitán” Uma montanha rochosa que parece cortada à faca. É muito usada pelos malucos americanos que daqui saltam de parapente, ou de “bungee jump”, com aquelas tiras de borracha presas ao corpo. Existem muitos lagos, várias cascatas, sendo que uma delas é a segunda ou terceira mais alta do mundo, lindíssima, e fica bem perto da “El Capitán”. Na saída Oeste do parque, num lugar chamado “Tuolomne Meadows” atinge-se de carro uma altitude de 3500m.


Voltamos à S. Francisco. Desta vez pela estrada correta, graça a indicação da dona do hotel de Mariposa. A nossa intenção era ir em seguida para Las Vegas. Na agência da Varig fomos confirmar a etapa seguinte, que seria ir à cidade do México, daí a dois dias. Quase caímos no chão de susto, pois soubemos que lá tinha havido um terrível terremoto e o nosso hotel tinha sido destruído. Escapamos da morte. Depois de absorvido o impacto da notícia, tristes com a enorme perda de vidas, ligamos para os pais de minha mulher, para minha mãe, para Adélia e para a irmã de minha ex. na Grécia, que a essa altura preocupadíssimos com a falta de notícias já nos julgavam mortos ou feridos. Ficamos muito tristes pelos Mexicanos, porem determinados a aproveitar que ao menos nós estávamos vivos. Isto nos deixou eufóricos. Alteramos o trajeto para terminarmos a viagem em Miami. O seguro de viagem nos ressarciu mais tarde dos prejuízos.
Abraços de José Frajtag

sábado, 3 de outubro de 2009

CONTOS DO MUNIR - 11

O TORPEDO

Era comprido de uns três metros de comprimento, cilíndrico, reluzente, parecia de bronze, em sua cauda tinha um hélice, na outra extremidade uma ogiva pintada de amarelo, normalmente carregada de explosivo, em tempo de paz era cheia de água que se esvaziava por ar comprimido ao final da corrida. Funcionava por turbina a álcool, tinha um giroscópio para manter sua direção, corria em velocidade maior que a dos navios de sua época, segunda guerra mundial. Era o terror dos navios de superfície, especialmente quando era lançado de um submarino. Os contratorpedeiros também os lançavam contra outros navios. Na Marinha Brasileira eram de procedência americana.

Esta é a historia que vamos contar: o tenente encarregado do armamento e de lançar o torpedo tem relativa importância, uma vez que, parece, o torpedo adquiriu vida, criou sua própria personalidade e seu comportamento foi quase racional, traçando seu rumo e selecionando seu alvo.
Era um exercício de adestramento, o torpedo veio para bordo acompanhado de técnicos de avental branco, ferramentas complicadas abriram suas entranhas e começaram uma operação cirúrgica. Meu companheiro, o tenente encarregado do armamento era um atento espectador.

Nosso contratorpedeiro já se encontrava na raia definida para o lançamento.
O comandante ansioso para mais uma experiência
O comandante com o problema de tiro resolvido para atingir o alvo; um flutuante situado a duas milhas, puxado por um rebocador. Seria uma trajetória reta no sentido navio alvo.
O navio já havia corrido a raia de lançamento pela terceira vez. Aguardava-se apenas o pronto do torpedo que parecia gemer ao exalar seus suspiros de ar comprimido.
Nosso tenente era o responsável pela operação. Na justa hora em que subiu a escada de acesso ao passadiço e se apresentou orgulhoso para pessoalmente informar que o torpedo poderia ser lançado, ouve o comandante já com a paciência perdida, dizer, quase gritando, para o oficial de operações chamar “o incompetente encarregado da faina”. A continência de meu companheiro estava a meio caminho e o “pronto comandante” saiu logo em seguida. Foi sincronismo.

Naquela época eram raros os helicópteros, um avião monomotor da Força Aérea era o observador do tiro. Finalmente o torpedo é lançado. Inicia sua corrida.

O vigia dá um grito alarmante: torpedo a bombordo!
O torpedo em vez de seguir sua normal trajetória reta em direção ao alvo faz uma curva louca para a direita passa pela nossa popa, continua seu giro, aumenta a velocidade e vem direto para atingir nosso navio.
O comandante guina pede máquinas adiante a toda força em uma verdadeira manobra evasiva. Ainda dá para ver sua esteira.

Outro berro do vigia: torpedo pela proa!
Nova manobra evasiva, o comandante suplica gritando: máquinas atrás flank, o torpedo desaparece.
O clímax só é atingido quando o observador aéreo, codinome “ÁGUIA” manda pelo radio: “Parabéns pelo tiro, o torpedo está fazendo círculos perfeitos, repito, círculos perfeitos”.
O comandante rubro levanta os braços com os punhos cerrados e parece que ouvimos um palavrão.
Não aconteceram mais gritos dos vigias e nem a voz de “ÁGUIA” pelo rádio. Ainda ficamos algum tempo procurando o torpedo.
O jornal “O GLOBO” publicava no dia seguinte:

Quando encerrávamos esta edição, as autoridades navais eram informadas que um barco de pesca havia recolhido um grande torpedo, intacto, em alto mar e o levara para a Praça Quinze. Foram logo determinadas providências para apreensão do engenho de guerra”.