A FILHA
DO GENERAL
DO GENERAL
EPÍLOGO
Dilermando, pai de Selma, agora na reserva
e abatido em sua viuvez, criou uma forte dependência afetiva com a filha
que com ele morava após retornar de seus estudos no exterior e iniciar sua
bem sucedida carreira de arquiteta no Rio de Janeiro.
Selma e Eduardo viviam horas de um relacionamento
carinhoso. Cinema, teatro, jantares, às vezes uma dança. Eduardo era um bom
dançarino e espantava Selma pela leveza como a conduzia. Seu pai sentia a
sua ausência e a atribuía ao excesso de trabalho de sua filha.
Ela de quando em vez dormia no apartamento de
Eduardo. Tinha certeza de que o pai não aprovaria aquela relação, por essa
razão, temendo magoá-lo, nada lhe contara, contrariando Eduardo que mais de uma
vez se mostrara disposto a ir com ela ver seu amigo e pedi-la em
casamento. Selma sabia qual seria a reação de seu pai, reacionário por
excelência, temia que o pior acontecesse.
De tanto amor, ela engravidou para alegria de
Eduardo que sempre desejou um filho. Como era esbelta, a gravidez só
passou a ser fisicamente percebida após o sexto mês. Para seu pai, ainda
era aquela menina pura de treze anos, não imaginava ter de dividi-la com
alguém. Revoltado, quis saber quem era o pai da criança. A filha, que nunca
mentira, disse que se havia casado com Eduardo, o filho que esperava era um
menino e se chamaria Dilermando.
O pai enfurecido exclamou:
-Vou matar esse cretino!
Apanhou sua Colt 45, colocou a bala na agulha e
saiu à procura de seu ex-amigo.
Selma ligou para o marido avisando-o de que seu pai
estava a caminho, armado. Eduardo, então, vai para um hotel e de lá
articula sua saída do país. Por sugestão de sua mulher, segue para Nova
York onde a arquiteta tinha aberto recentemente um ateliê. Selma breve
iria encontrá-lo. Foi lá que nasceu o menino da tez morena do avô e olhos
azuis do pai, uma bela miscigenação da nacionalidade brasileira.
O tempo passou e Dilermando ao ver a foto do menino
em uma rede social foi tomado de orgulho por um garoto tão lindo ser seu
neto. Através de amigos comuns, fez chegar à filha que gostaria de ter sua
família perto, incluindo Eduardo a quem pedia perdão por ter agido com
insensatez.
Eduardo, Selma e o garoto voltaram para o Rio e
encontraram não um General durão, mas agora um avô carinhoso, um pai afetuoso e
um amigo dedicado.
Eduardo viveu com Selma por mais vinte e cinco
anos. Selma é referencia nas Faculdades de Arquitetura brasileiras e
mundiais. Dilermando Neto fez carreira na Marinha de Guerra tornando-se um
oficial brilhante e o primeiro Comandante do submarino nuclear brasileiro.
Autor: Munir
Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com