segunda-feira, 31 de maio de 2010

PROGRAMAÇÃO CULTURAL DO PIRAQUÊ: JUNHO/2010











ARTIGO DA MARIA LUCIA V. BARBOSA

A QUEM INTERESSA?
Maria Lucia Victor Barbosa


O presidente Lula da Silva, que há dois anos usa e abusa do poder político e econômico fazendo campanha para a candidata que escolheu por não ter alternativas entre petistas históricos, uma vez que todos eles foram envolvidos em escândalos e perderam os altos cargos que desfrutavam, afiançou com a certeza de um píton que Dilma Rousseff vai ganhar.

Difícil saber se isso acontecerá, em todo caso, essa certeza absoluta pode, em parte, justificar os estapafúrdios fatos que vêm ocorrendo, tanto na política interna quanto externa da governança petista.

Disse em parte porque tal certeza não estaria também alicerçada no respaldo de certas forças globais? Não seríamos tão-somente uma das peças de um jogo mais amplo?

Internamente relembro, por exemplo, o Plano de Direitos Humanos lançado por um grupo de mentores presidenciais e apresentado como plano de governo Rousseff. Logo foi transformado em decreto já assinado pelo presidente da República.

Nesse Plano, o PT esquerdista de outros tempos arregaça os dentes, especialmente, contra a propriedade, a Justiça, a Igreja, a liberdade de pensamento. Algo impróprio numa campanha, pois faz da candidata uma figura assustadora, não para o povo em geral que desconhece esse tipo de assunto, mas para algumas importantes instituições sociais que interferem como formadoras de opinião nas opções eleitorais.

Para atenuar o impacto negativo do tal Plano algumas palavras foram mudadas, algumas concessões feitas, mas, a essência das diretrizes autoritárias de um possível governo Rousseff continua a sinalizar a transformação do Brasil numa gigantesca Cuba.

Na desastrosa política externa, gestada na mente de Marco Aurélio Garcia e que tem como coadjuvante Celso Amorim, um dos objetivos, segundo dizem, é fazer do Brasil potência mundial acima de todas e sentar Lula da Silva num cargo de relevância planetária depois que ele deixasse a presidência da República. Outra meta é o sonhado, há quase oito anos, assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

De novo é de se estranhar que o PT pretenda concretizar essas ambições batendo de frente com os Estados Unidos, com a Europa, com a China, como está acontecendo no caso do Irã. Se internamente Lula da Silva é exaltado como “salvador do mundo” (ele gosta de se comparar a Jesus Cristo), para uso externo o esdrúxulo apoio lançou desconfiança sobre a diplomacia brasileira que dá total suporte ao tirano Ahmadinejad que ganhou eleições sob a suspeita de fraude, que tem perseguido, torturado, matado dissidentes e minorias sociais, que mantém a obsessão destruir Israel e de construir de um arsenal atômico.

Acontece que ninguém governa sozinho, ninguém faz o que quer no mundo globalizado onde tudo e todos estão interligados. Tampouco Lula da Silva comanda o espetáculo mundial, regional e nacional. Ele é apenas, digamos, um simpático e animado clown que dá cambalhotas e faz a platéia rir.

Se a platéia internacional já não está achando tanta graça no piadista e sorridente brasileiro é bom perguntar: A quem interessa o comportamento ditado pelo Itamaraty a Lula da Silva? Que forças mundiais se aglutinam para fortalecer o segmento da América Latina comandado por Chávez? Quem de fato deseja enfraquecer potências mundiais como os Estados Unidos, fazendo emergir os Hitler modernos, como o famigerado Ahmadinejad? Com quais poderes obscuros nosso país está agora em consonância para se expor dessa maneira, se colocando numa situação de desgaste internacional?

Será que alguém duvida que, sempre existiram comandos invisíveis aos quais o homem comum obedece sem perceber? Processos que desembocam na união de interesses nos quais nós, pobres mortais, nem sonhamos interferir? Será que até os que possuem lustros de educação formal se esqueceram da existência tenebrosa dos totalitarismos do século passado, o comunismo e o nazismo?

Entretanto, não apenas bombas destroem países. Essas têm efeitos imediatos e devastadores. Mas há outros meios de atingir, desorganizar, acabar com uma sociedade: a droga. Nesse sentido o candidato José Serra tocou num ponto crucial da segurança brasileira ao se referir a enorme quantidade de cocaína que sai da Bolívia sob as vistas grossas do governo e entra no Brasil. Também é preciso lembrar que as impiedosas e terroristas Farc, compostas de narcotraficantes, já estão comodamente instaladas entre nós. A quem interessa isso?

Ao alerta de José Serra, Lula da Silva reagiu ao seu estilo, com deboche. Rousseff, conforme sua personalidade, duramente. Disse ela que a atitude de Serra não é a de um estadista.

O que será que Rousseff entende por estadista? Será que quer se transformar, se ganhar, na estadista do pó? E será que queremos esse tipo de governo para nossos filhos e netos?

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CONTOS DO MUNIR 40

História para as vovós contarem
.
O GIGANTE E A MELANCIA

.
Era uma vez um gigante chamado Horr que tinha uma plantação de melancias.
As melancias do gigante também eram enormes e docinhas.
.


Acontece que o Budi.... um menininho muito levado, que morava ali perto da montanha onde o grandão Horr vivia, gostava muito de melancia. Ficava imaginando um jeito de comer aquela que ele via lá de longe.
.
O gigante possuía de guarda da plantação um jacarezão de nome Gator. Todos tinham muito medo dele e do seu dono.

.
O cachorrinho do Budi era muito esperto e rápido como ele só, se chamava Drupi.
.
Um dia a vontade de comer a melancia foi tão grande que o menino não resistiu e resolveu subir o morro e provar a melancia.
Ele combinou com o Drupi. Foi por um lado e mandou o cachorrinho pelo outro.
.
O Drupi começou a latir e o jacaré Gator foi correndo ver o que estava acontecendo. Enquanto isso o Budi aproveitou, foi lá e abriu um buraco na melancia para tirar um pedaço.
.
Horr o gigante, acordado por causa dos latidos do Drupi ficou com fome de melancia e foi até a plantação. .
A mais madurinha que ele viu era aquela onde o menino estava.
.
O Budi ouviu as passadas do gigante, sentiu que não dava tempo de fugir, então se escondeu dentro da melancia.

.
O gigante pegou a fruta com o garoto dentro e levou para casa. Colocou em cima da mesa e foi buscar um garfo e uma faca.
Ficou pensando:
.

- 'tá no ponto! Tem até um buraco!
.

O Drupi fugira do jacaré e já estava em casa.
.
Lá vinha o gigante Horr com o garfo e a faca na mão!
Ai o Budi que era muito vivo, falou com aquela voz cavernosa de robô que mete medo:
Gigante!
.
"Eu sou a melancia falante, se você me comer vai ter uma bruta dor de barriga e vai ficar soltando puns molhados durante um século inteiro! Não vai nem poder chegar perto da sua namorada de tão fedido! Me leva de volta para o quintal!"
.
O gigante muito assustado fez o que o menino disse.
.

O Drupi subiu a montanha de novo atrás do Budi e começou a latir.
.

O jacaré foi atrás, dando tempo ao Budi de fugir, mas antes ele comeu um bom pedaço da melancia. Ainda levou outro pedação para a Bibi, sua irmã.
.
O Budi de tanta melancia que comeu passou o dia seguinte soltando puns grandões...
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

terça-feira, 25 de maio de 2010

ARTIGO DO GUI

A FORÇA DO FUTEBOL

Próximos da Copa do Mundo. O maior evento esportivo da história. Paixão onde todos nós transformamos em técnicos, jogadores, estrategistas. Paira no ar uma sombra diabólica, em que toda a INGENUIDADE, AMOR, DEDICAÇÃO é totalmente pisoteada pelas amargas sequência de constatações: somos HUMANOS, somos PECADORES, somos LADRÕES. Nunca se roubou tanto descaradamente, na política, na religião e óbvio, no FUTEBOL. Vivemos uma EPIDEMIA de roubo. Deus para Moisés: Ex 20.15, 4º Mandamento não FURTAR. Estão tirando doce da boca das crianças nessas maravilhosas competições esportivas que substituem os duelos medievais e as guerras fratricidas. Somos HUMANOS, somos PECADORES, somos INVEJOSOS. Ex 20.17, 6º Mandamento não INVEJAR, não desejar qualquer coisa que pertença ao teu próximo. Ex 20.16, 5º Mandamento não dê FALSO TESTEMUNHO. Ao término do Campeonato Brasileiro, não se conformam com o HEXA do FLAMENGO. OBAMA é MENGÃO. Vem a Libertadores e o MENGÃO elimina o Corinthias. Nem merecia disputar porque garfou o VASCO na semifinal da Taça Brasil. Penalty claríssimo.Traumatizado pelo Império do Amor, e agora José? TRAUMA, FRUSTRAÇÃO, ÓDIO, MENTIRA, ROUBO. Conversa no submundo do CRIME: Se perdemos a Libertadores desse ano vamos ganhar a do ano que vem. Como? São os 20 melhores times, é improvável, sabemos que não estamos bem, jogadores com idade. Mas são, digo, foram os melhores, ainda são ídolos. Nós investimos muito $$$$. Não sei onde você quer chegar? Olha, estão todos distraídos com a Copa do Mundo, outros ainda disputando Torneios, ou até comemorando. E daí? E daí meu irmão são 7 jogos e 21 pontos! Quem vai nos alcançar? O campeonato é tão difícil que é decidido até por 1 ponto.`É utopia rendimento 100% não existe. Concordo, mas, se dermos uma empurradinha...AH!AH!AH!. Temos que tomar cuidado. Times são equilibrados, mas um PENALTY aqui, uma EXPULSÃO ali, um IMPEDIMENTO lá, uma ANULAÇÃO de um GOL. Vamos botar as cartas na mesa, temos $$$$$, Departamento de Árbitros, o presidente da CBF é corrupto, gosta de um DIMDIM, amigos já esta ganho. Estão lembrados o BOTAFOGO do Mendonça e Cia, timaço, tava ganhando do São Paulo por 2x0 em pleno Morumbi. Tudo foi decidido no vestiário $$$$ correu solto e no 2º tempo empurra-empurra falta desleal, acabaram-se as regras não tinha mais impedimento, 4 atacantes em cima do goleiro, São Paulo empatou ganhou o Campeonato Brasileiro na Marra! E não valeu a pena. Cariocas são BABACAS, o Maracanã com aquele fosso é TERRA DE NINGUÉM. Aqui até a polícia do São Paulo deu porrada nos jogadores. E o Internacional, já Campeão, puxamos o TAPETÃO e lá se foram +10 pontos e o Corintians virou Campeão. 2010 1ª rodada 1º ROUBO. Blog Milton Neves: Corintians só ganha no ROUBO. Apito AMIGO ajuda "timão". Corintians desempata com PENALTY MANDRAKE. Lédio Carmona, Gazeta do Povo, Juca Kfouri: Claro que o Corintians vai ganhar esse Brasileiro ROUBADO. 1ª Vítima Atlético Paranaense. 2ª Vítima Grêmio 3ª Vítima Fluminense no Maracanã : Gol lícito invalidado, penalty escandaloso do goleiro Felipe no Fred, sendo último homem expulsão. Sem goleiro, com 1 gol de Penalty, + o gol anulado, goleada do Flu. Que nada! Corintians +3+3+3 quem será a próxima vítima? Amigos não temos ódio, só amor me orgulho de São Paulo, é a nossa Nova York, não temos culpa de ter o Pão de Açúcar, Corcovado, Maravilha do Mundo, Maracanã, maior do Mundo, Copacabana +bela do Mundo, Ipanema, + famosa do Mundo, Floresta da Tijuca + do Mundo e o Petróleo, até isso querem roubar.Deus para São João na ilha de Patmos: Apocalipse 16.5 Babilônia, a Grande, a mãe das Meretrizes e das coisas repugnantes da terra, e os MENTIROSOS terão o seu $$$$$ quinhão no Lago de enxofre e FOGO.
Autor:Francisco Apocalypse Dantas - Médico Escritor
E-mail: apocalypsedantas@uol.com.br

sexta-feira, 21 de maio de 2010

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG

José Roberto 3.2

Meu nome é José Roberto da Silva 3.2. É isso mesmo que vocês estão percebendo. Sou o segundo filho natural, do terceiro clone de José Roberto da Silva 0.0, o fundador da dinastia. Nós o chamamos de Zero Beto! Ainda está vivo com seus 125 aninhos. Moramos todos no Recife. Em Pernambuco, dirão vocês, mas não sejam precipitados, pois erraram e por milhões de quilômetros. Essa Recife fica em Marte!
.
Nasci em fevereiro de 2084 nessa cidade mesmo que é uma das várias que são controladas pelos Países Unidos, ou em inglês UC ( Iússi). Aqui em Marte somos todos Iússis além de obviamente marcianos. Na Terra o UC ainda não controla todo o planeta, mas está caminhando para isso com cada vez mais novos paises membros. O Brasil foi um dos primeiros participantes após polêmicas que se arrastaram por dezenas de anos. Mas finalmente em 2060 os UC foram finalmente fundados e os resultados são espetaculares.
.
Não há mais guerras entre os membros e mesmo fora da UC não há mais rivalidades e sim o anseio em fazer parte da União. Porém é muito difícil, pois para entrar para a União é necessário abdicar de muitos preceitos, principalmente políticos e religiosos, pois a UC é completamente laica. Além disso, o custo de se importar algo da Terra é proibitivo. Cada um que chega só pode ter cinco kg. de bagagem. Portanto o que não é produzido em Marte é como se não existisse. É mais um motivo para que se cortasse tudo o que é supérfluo. Templos, estátuas de santos ou deuses são considerados como tal e proibidos. Nem feitos em Marte. Rezar só em casa. Todos têm de obedecer a regras econômicas e democráticas muito complexas, serem totalmente tolerantes e adotar o Inglês como a língua oficial. Quem não se adapta é gentilmente convidado a voltar para a Terra.
.
Judeus ortodoxos, como exemplo, tiveram muitas dificuldades para vir, sem abdicar de sua religião, pois ela é impossível de ser praticada pela ausência de templos, de alimentos Kasher, que aqui pela nossa política laica são proibidos. Fabricar produtos Kasher em Marte? Para isso precisaríamos de um rabino, o que seria impossível. Outro problema é o da impossibilidade de se respeitar o sábado, pois os nossos não coincidem com os da Terra. Esse último problema foi até resolvido pelos judeus moderados, que adotaram o horário de Jerusalém, para tanto. Mas os ortodoxos não aceitaram esses problemas e não virão jamais a Marte.
.
Os muçulmanos ortodoxos também teriam dificuldades em se enquadrar, pois são muito religiosos e seria impossível rezarem voltados para Meca. A comida Halal também sofre o mesmo problema da Kasher. Entretanto membros moderados do Islam já fazem parte, como os que vêm do Afeganistão, do Iraque, da Turquia, do Kuwait e da Indonésia, todos eles países democráticos e tolerantes. Eles criaram uma Meca Virtual e rezam em suas casas, voltados para lá.
.
Nosso ano tem 687 dias, que dividimos em 98 semanas de sete dias. Usamos pelo habito trazido da Terra, quatro estações e 12 meses com os mesmo nomes dos da Terra, só que dez deles têm 56 dias ou 8 semanas e dois deles, junho e dezembro têm 63 dias e nove semanas. Nessas contas sobra um dia, sem numero, que cai sempre após o ultimo dia do ano, que dedicamos ao Réveillon e à confraternização universal. Nele jogamos todos os erros de relógio e assim às vezes esse dia tem alguns minutos a mais ou a menos que os dias normais. Com isso os anos são sempre iguais. O dia primeiro de janeiro é sempre segunda feira e o dia 63 de dezembro, um domingo. A duração do dia é bem próxima da terrestre e o dividimos em 24 horas. Para isso usamos relógios especialmente adaptados para os marcianos, pois o tamanho das horas, dos minutos e segundos é 2,7% maior que o da Terra.
.

Vocês preconceituosos devem estar curiosos em saber o que um descendente de nordestinos brasileiros está fazendo aqui. Ora que coisa! Isto sempre me ofende e muito! Para começar é muito fácil para nós rezar para o nosso Santo Padim Ciço, que não tem tantas regras. Mas leiam a historia toda e compreenderão:
.
Logo que o Brasil entrou para a UC, houve um progresso econômico gigantesco. Passamos a ter liberdade total de movimentação entre todos os paises membros. Acabaram os passaportes e a moeda passou a ser uma só, que se chamou Credit. É uma palavra que é reconhecida no mundo inteiro, com o mesmo significado e com poucas variações de pronuncia. Foi um nome usado por vários autores de SF. No Brasil é Crédito. Tivemos o prazer de ver que o símbolo Cr$, que já foi nosso velho conhecido foi adotado em todo o planeta. A palavra dólar, que trazia conotações imperialistas e foi repudiada por todos com uma só exceção, que vocês podem imaginar de quem. O fato do Inglês ter sido oficializado, contribuiu para a decisão pois seria excessivo duas concessões para os Imperialistas.
.
Quem não estava satisfeito em receber um salário muito baixo, emigrava sem nenhum problema. Em poucos anos os empresários no Brasil e em outros lugares não tiveram outro jeito. Ou aumentavam os salários ou ficariam sem empregados. Hoje a renda per capita é quase igual em todos os membros da União por capilaridade, que é a palavra da moda.
.
O dinheiro passou a circular e passamos a ter sobra de capital. Os problemas básicos estavam resolvidos a não ser um:
.
O crescimento da população mundial, embora baixo dava a certeza aos cientistas de que em algumas centenas de anos a Terra não teria espaço suficiente. Uma das soluções que surgiram foi a de colonizar Marte. Nos últimos anos, foram aperfeiçoados meios de transporte muito eficientes na Terra e também para viagens ao espaço. Porém essa ideia foi abandonada por ser inviável ao menos nos próximos 50 anos. Precisaríamos de naves absolutamente gigantescas para a “fuga”. A Terra teria de achar nesse período um meio de controlar a sua população por seus próprios meios. Marte não seria por enquanto um escape populacional e sim seria um local voltado a pesquisas e a fabricação de produtos muito especiais que devido a gravidade mais baixa de Marte e a particularidades do nosso clima seria mais vantajoso e barato de se fazer aqui.
.
Uma das facilidades foi a construção no topo de uma das montanhas da Guatemala de um gigantesco espaçoporto. Esse País até então quase desconhecido, bem perto da linha do Equador ficou importante após cientistas encontrarem meios de controlar seus vários vulcões. Lançar foguetes de lá ficou muito mais barato do que de qualquer outro local.
.
O passo seguinte foi comprovar a existência de água em abundancia em Marte. Ai foi uma corrida no mundo para escolher os primeiros que iriam povoar o planeta vermelho. Tinham de ser escolhidas as pessoas mais duras e capazes de trabalhar pesado. Outros eram escolhidos por ter um grande conhecimento científico. Através de uma espécie de vestibular, o José Roberto da Silva, o nosso patriarca foi um das centenas de brasileiros escolhidos, que aqui aterrissaram ou amartissaram, como nós os Iussis dizemos. Grande parte dos vencedores brasileiros era de nordestinos. Isso nada teve de estranho, pois eram pessoas que tradicionalmente eram muito adaptáveis a qualquer ambiente. O Nordestino é antes de tudo um forte.
.
O fator mais importante que possibilitou a qualidade de vida atual em Marte foi o de que muitos desses primeiros habitantes se sacrificaram para criarem num ambiente extremamente hostil, através de plantas especialmente adaptadas, o clima e atmosfera mínima necessária para suportar a vinda dos demais. No começo os nossos heróis tinham de usar trajes espaciais. Essa fase levou cerca de 20 anos. Nosso Zero Beto sobreviveu e graças a isso esse seu amigo escreve esse relato.
.
O ambiente hoje aqui em Marte é muito bom para prolongar a vida, mas à custa de muita atividade. A gravidade é bem mais baixa que a da Terra e isso nos faz ter muito mais facilidade para caminhar, erguer pesos. Ela é apenas o suficiente para manter os ossos fortes, mas só através de muita ginástica que é obrigatória para os que têm atividade sedentária. Quem não a praticasse, e já houve alguns loucos rebeldes, em poucos anos teria tantos ossos fraturados que morreria.
.
Aliás, fazer ginástica aqui é uma delicia, pois pesamos um terço do que pesaríamos na Terra. Qualquer um de nós é capaz de dar saltos que na Terra seriam considerados mortais. Aqui são tão fáceis de dar, que ninguém se impressiona. Eu moro no segundo andar de um edifício e quando quero sair, nem me preocupo em usar as escadas; pulo a janela e chego com rapidez ao térreo, sete metros abaixo.
.
Houve um controle total no transporte dos colonos e com isso não há doenças nem muitos insetos. Estes foram os mais fáceis de ser eliminados no principio. Os poucos que sobreviveram nas naves foram eliminados de uma maneira muito simples. Bastava que os passageiros das naves vestissem seus trajes espaciais e abriam-se as comportas da nave. O quase vácuo era suficiente para fazer a mágica. Eles ferviam e morriam em minutos. Hoje não é mais tão fácil, pois aos poucos está sendo criada uma atmosfera, que já está equivalente a que existe no alto do Everest. Cada nave que chega hoje em dia tem de ser desinsetizada quimicamente.
.
Não há mais necessidade de trajes pesados, pelo menos para nós que já estamos adaptados. Uma simples máscara concentradora de oxigênio e grandes chapéus para nos protegermos do sol, bastam para sairmos de casa. O sol é mais distante, porém a atmosfera é muito mais rala e assim os raios ultravioletas são tão perigosos quanto na Terra. A UC nos promete que em apenas cinquenta anos, teremos uma atmosfera igual a dos Países andinos e ai as máscaras, muito incomodas e os chapelões, serão coisa do passado. Teremos a possibilidade de ver passarinhos voando ao ar livre, coisa que só conheço de filmes. Os poucos que temos ficam dentro de ambientes fechados e muitos não voam, pois a atmosfera é muito tênue e não suporta a sustentação dos maiores. O mesmo acontece com aviões e helicópteros, que só serão possíveis em vinte anos.
.
Tudo o que é uma vantagem por um lado, nos cria dificuldades do outro. A facilidade que temos com a gravidade baixa, provocou o aparecimento de espertinhos que invadiam apartamentos para roubar. Ao quebrar as janelas para isso, matavam todos os moradores que estivessem sem mascaras, pois o ar escapava instantaneamente, expondo os moradores ao ar rarefeito. Surgiu então a necessidade de criar equipamentos sofisticados para impedir os criminosos.
.
Eu criei a solução que foi adotada por todos e com isso fiquei rico. É simples, embora cruel; Um sensor permite movimentos de queda, como os meus, quando pulo pela janela e os aceita, mas filma e dispara raios laser quando capta pulos ou movimentos em sentido contrário, provocando sérios ferimentos nos espertinhos, mas sem mortes. No dia seguinte ao fato, todo cidadão que for apanhado com ferimentos típicos de laser são presos. Confrontados com as filmagens, são processados e despachados de volta a Terra. Em pouco tempo o problema acabou, até que...:
.
Gente! A imaginação corre solta quando a intenção é burlar a lei. Um criminoso criou uma roupa à prova dos raios laser e conseguiu burlar o nosso equipamento, roubando um dos apartamentos e de novo assassinando os moradores. Na filmagem ele aparecia mascarado. A polícia levou muito tempo para pegar o safado, mas ele cometeu um erro que possibilitou a sua prisão: O tecido que poderia resistir ao laser só existia à venda em um único lugar em Marte e aí foi fácil saber quem o comprou. Esse foi executado! Minha empresa foi acionada para dar uma solução definitiva: Ao equipamento laser foi adicionado um alarme que chama automaticamente a policia. Além disso, o dinheiro agora é todo virtual e as trocas ou vendas são registradas, tornando o dinheiro roubado inútil. Todos criaram em seus apartamentos um quarto do pânico onde dormimos. Os objetos valiosos de todo mundo agora terão chips com GPS e serão registrados por quem quiser. Resolvemos definitivamente o problema! Até quando? Quem sabe? Cada terra com seus problemas@
Autor:José Frajtag
E-Mail:
josefrajtag@ymail.com

quarta-feira, 19 de maio de 2010

CONTOS DO MUNIR 39

DAVI
Era uma vez um menino chamado Davi. Queria ser soldado. Seu pai o queria como pastor de ovelhas.

.
Davi gostava muito de pessoas e animais. Tinha dois irmãos mais velhos que estavam em combate contra um exército poderoso chefiado por um gigante
.
.
De vez em quando, o pai deixava que o garoto fosse ao acampamento de batalha levar aos irmãos os pães que a mãe fazia.
.
Davi não tinha pressa de voltar, ficava ali muito tempo admirando as armaduras, espadas e lanças. Pensava se os inimigos e o gigante seriam tão perigosos quanto o lobo que certa vez atacara seu rebanho e fugira quando ameaçado pelo seu cajado; ou do leão caído na armadilha por ele preparada. Na verdade eram, usavam armas e eram mais espertos.
.
Os irmãos o aconselhavam a voltar para casa com receio de que o inimigo atacasse de surpresa. Um dia ficou tarde para Davi regressar.
.
Estrondos fortes até então desconhecidos ecoaram e bolas de fogo cruzaram o céu em direção as barracas onde estavam Davi e seus irmãos. Todos buscavam refúgio apavorados.
.
O menino acostumado com um dragão seu amigo que soltava fogo pelas ventas não correu.
.
Foi se escondendo até o local de onde vinham os projetis fumegantes e viu uns tubos pretos. Pedras redondas eram enfiadas nos canos. Os inimigos acendiam um fio comprido. Uma explosão as liberava, voavam na direção para onde os cilindros pretos apontavam.
.
Davi logo percebeu que era uma nova arma perigosa e sem defesa para seus companheiros. Eram trinta delas novas, mas sem pontaria.
.
Esperou muito tempo até o fogo amainar e os soldados inimigos se recolherem.
.
O gigante, que não dormia nunca, vigiava. De armadura portava uma enorme espada. O menino tentou não ser visto, mas foi descoberto.
.
* “Davi só tinha seu cajado, sua funda e algumas pedras lisas em seu alforje. O gigante aproximava-se brandindo sua espada, armado de lança e escudo.
.
Davi o enfrentou, meteu a mão no alforje, pegou uma pedra lisa e arremessou-a atingindo mortalmente o gigante que caiu com a face voltada para a terra. Usando a espada do gigante cortou sua cabeça.”
.
Ainda de madrugada foi ter com o dragão seu amigo e juntos foram ao local onde estavam as armas.
.
Pediu ao seu fabuloso amigo que soltasse uma língua de fogo dentro dos tubos pretos afrouxando as réguas que os formavam.
.
Ao nascer do sol quando o inimigo foi disparar, os canhões explodiram e a tropa, sem comando, debandou deixando os destroços das armas no campo de batalha.
.
Davi viu de que forma eram construídos os canhões e logo idealizou com jeito a maneira de copiá-los. Assim foi feito.
.
O rei muito contente promoveu Davi a capitão e depois de muitas vitórias chegou a general.
.
Quando o rei ficou velho e doente, não tendo filhos, nomeou-o seu sucessor.
.
Assim o menino que queria ser soldado virou o rei Davi. Governou por muitos anos com justiça e sabedoria sem esquecer nunca de seu amigo dragão.
*BÍBLIA-Livro de Samuel 17,48
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

quinta-feira, 6 de maio de 2010

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG

ESSE SEU OLHAR
Guilherme e sua mulher Leonora, após alguns anos de casados, passaram a morar em apartamentos separados e em bairros distantes um do outro, no Rio de Janeiro. Eram no entanto pessoas bastante comuns e absolutamente nada mais extraordinário costumava acontecer em suas vidas.
.
Isto mudaria profundamente naquela fria madrugada de junho, ao final de uma festa de S. João na Tijuca. Guilherme foi de metrô até perto da festa;Em seguida apanhou um táxi e pegou Leonora no Alto da Tijuca. Na volta, pegou outro táxi, a deixando em sua casa. Sempre fazia assim nessas ocasiões, jamais dirigiria seu próprio carro naquele porre. Prosseguiu no mesmo táxi depois para a sua casa direto, pois de madrugada não havia metrô para voltar. Além disso, como quase todo Carioca, tinha um receio de atravessar os grandes túneis a essa hora da madrugada. Por isso, ao voltar pediu para ir para o Leblon, via Aterro do Flamengo, embora fosse um trajeto muito mais longo. É complicado morar no Rio nesses tempos violentos.
.
A viagem transcorria normalmente, e Guilherme, apenas conversava com o motorista. Ao passar pelo Aterro, repentinamente, dois cães absolutamente iguais passaram em desabalada pela frente do táxi. Levando um tremendo susto, o motorista teve de dar um golpe de direção e passando em cima de um buraco, subiu uma pequena colina de grama, como muitas que existem no Aterro, quase se chocando com uma árvore. Por sorte, nada de grave aconteceu. O motorista, embora trêmulo, virou a direção do carro e continuou dirigindo. Por ser tarde da noite, não perceberam nenhum risco de outro carro se chocar com eles, embora tivessem escapado de um possível assalto.
.
Ainda branco de susto, Guilherme chegou ao seu apartamento no Leblon. Assim que saltou, pôs a chave na porta, mas esta não entrou de forma alguma. Teve de acordar a filha, o cachorro e a empregada, que vieram abrir a porta assustados. Enquanto explicava o ocorrido, Kiko o cachorro agia estranhamente e nervoso vinha cheirar seu dono latindo desesperadamente. Após alguns minutos de vários afagos ele se tranqüilizou e foram todos dormir.
.
Ao ler os jornais, na manhã seguinte, levou um susto, pois não mais que quinze minutos depois deles, outro táxi, também com um passageiro, tinha passado, possivelmente no mesmo buraco e em seguida batido numa árvore. Ambos tinham morrido incinerados após o táxi pegar fogo. Poderiam ter sido ele e o seu motorista. Que sorte! Ao mesmo tempo sentia pena dos pobres homens e de seu terrível destino!
.
Logo após o café, teve de descer à Rua para chamar um chaveiro e pediu que ele verificasse o que estava ocorrendo com a porta. Ele logo após examinar tudo, tendo até desmontado a fechadura, disse:
- O senhor tem certeza que a chave é esta? Pois ela não é desta porta e a fechadura está perfeita!
.
Guilherme olhou a chave com cuidado, pois poderia tê-la trocado em algum lugar. Mas era a sua chave tão conhecida!
.
- Olhe aqui!- disse ele atônito, para o homem. Então eu não conheço minha própria chave?
.
- Meu senhor! Eu conheço o meu serviço e essa chave não é daqui.
.
- Tetê!-gritou ele, chamando a filha. Chegue aqui um minuto e traga seu chaveiro.
Teresa ou Tetê como é chamada por todos, com seus 28 anos, já está noiva, mas ainda mora alternadamente, ora com ele, ora com a mãe. Ela veio e trouxe suas chaves. Uma delas serviu na porta perfeitamente. Para não complicar ainda mais aquela situação, Guilherme pediu ao chaveiro que fizesse uma cópia da chave de Tetê. Ele pegou a chave, desceu ao seu pequeno quiosque e daí a dez minutos veio com a cópia que funcionou também.
.
Nesse ínterim, tentou esclarecer o fato com Tetê. Ficou como doido, achando que ela por algum motivo tivesse trocado o segredo. Ela tinha o hábito de às vezes lhe criar pequenos problemas, que normalmente só serviam para irritá-lo. Apesar dos seus 28 costumava agir como uma adolescente. Mas ela lhe garantiu que tanto a chave como a fechadura, eram as mesmas que sempre foram. Guilherme devolveu a chave de Tetê ao chaveiro, que a examinou detidamente e viu que era realmente uma chave meio desgastada. Ainda para confirmar pediu a chave de Antonia, a empregada, que igualmente funcionou. Nem Guilherme nem ninguém, conseguiram explicação alguma para o acontecido. Guilherme desceu à garagem para pegar o carro, e as chaves também não entraram. Nova ida a um chaveiro e esta mais demorada, pois chaves de carro com chip são um problema. Na casa de Leonora o problema se repetiu, mas pessoas acabam se acostumando mesmo com as coisas mais loucas. Alguns dias depois, todos foram esquecendo os estranhos fatos e a vida retomou sua rotina.
.
Guilherme e sua mulher entraram de férias e com viagem marcada para daí a uns dias. Enquanto ele aguardava, uma de suas distrações ultimamente era a de baixar ou como se costumava dizer, downlodear musicas via Internet. Tentava trocar seus velhos discos por novas versões digitais. Por conta dessa mania, fez uma curiosa descoberta!
.
Conseguiu naquele dia, uma de suas musicas preferidas, cantada por Nara Leão: “Este seu olhar”. Conhecia essa canção até mesmo de trás para frente. Ao ouvi-la no computador, percebeu de imediato então que a letra da musica estava ligeiramente diferente, ouviu várias vezes e Nara falava “Esse seu olhar” em vez de “Este seu olhar” e a voz de Nara soava diferente, mais melosa do que aquela voz tão conhecida. Como tinha um excelente ouvido, achou também que ela desafinava um pouco nesta canção.
.
-Ora essa!-pensou ele. Nara foi sem dúvida, segundo Guilherme, a cantora mais afinada do Brasil. A rotação obviamente estava alterada. Ouviu de novo e imaginou que fosse uma versão desconhecida. Foi à cata de outra cópia. Levou algumas horas e conseguiu uma cantada por Dick Farney e outra por Tom Jobim. A de Dick o deixou maravilhado, pois ele cantava “Este”, mas não pôde acreditar ao ouvir Tom Jobim. A letra era cantada da mesma forma errada e logo por Jobim que era o autor! Lembrou-se então que ele a tinha em um velho LP de vinil de Nara. Foi à estante e após uma busca frenética o achou.
.
Pôs o LP no toca-discos. Para sua decepção, após tantos anos, parado sem uso, o aparelho estava quebrado. Levou o toca-discos feito um alucinado para uma oficina. O homem olhou para aquela peça pré-histórica, deu um sorriso e disse:
- Lamento, mas não tenho peças para ele no momento, mas se o senhor deixá-lo posso encomendar o que precisar, mas vai demorar uma semana no mínimo. Reclamou que iria viajar etc., mas o homem foi irredutível.
.
Ele se conformou e deixou o aparelho lá. Foi nesse meio tempo, baixando outras músicas. Com a pulga atrás da orelha, ouvia uma por uma. Tocou Michele dos Beatles, que também conhecia e cantava com perfeição. Para seu espanto ele a achou um tantinho diferente. Mas o pior é que leu que os seus amados Fab Five agora eram apenas quatro! Onde foi parar o Pete Best?
.
Ficou feito louco, gritou pela Tetê, que logicamente o achou muito esquisito e disse antes de voltar a se trancar no quarto:
.
- Pai, qualé? Foi para isso que o Senhor me chamou? Beatles Five? Eu, hem? O Senhor pirou!
Soube consultando a Internet, para seu absoluto espanto, que Pete Best foi um Beatle trocado logo no início pelo Ringo Star após uma briga. Isto tinha acontecido antes que fosse gravado o primeiro disco de sucesso. Porém na sua memória desde o início eles eram cinco. O Pete Best fazia dupla com Ringo.
.
Ele ainda pensava com seus botões:
.
- Os Beatles, lógico, todo mundo sabe, que só acabaram após o assassinato de Paul Mcartney. Mas lá na NET quem tinha sido assassinado era o John Lennon! Deve ser alguma brincadeira! Não é possível! Quem poderia estar fazendo isso comigo? Tonto, e sem respostas, teve de tomar um tranqüilizante para dormir.
O toca disco, por sorte tivera apenas uma pequena correia de borracha, que havia se desgastado. No dia seguinte ele o tinha de volta, funcionando. Pôs então o disco de Nara direto em “Este seu olhar”. Quase caiu de queixo ao chão, pois a música que ele conhecia tão bem estava cantada errada. Nara estava com a voz ligeiramente mais grave e desafinava! A versão era idêntica à que tinha baixado da NET.
.
Saiu de casa, meio sem ar, e deu uma caminhada pelo bairro e só aí foi notando que tudo estava um pouquinho diferente! Seu prédio que sempre foi pintado de branco, agora estava com a cor bege claro. O porteiro garantiu que sempre foi assim e dava para perceber que a tinta estava velha. Ao ver a placa da sua rua, outro pequeno choque ao ler Rua Barão de Jaguaripe.
.
- O quê é isso? Eu sei que sempre morei na Barão de Jaguaribe! Foi olhar outras placas e estavam todas iguais. Não havia outra explicação, ou ele era o cara mais distraído do mundo ou estava enlouquecendo. Procurou um psiquiatra que lhe recomendou alguns remédios e que passasse uma temporada em algum hotel-fazenda, sem jornais, telefone ou TV.
.
Guilherme por coincidência, ia mesmo para um lugar assim com Leonora. Foram a Penedo, onde ficaram uma semana. Tetê e seu noivo acabaram indo também preocupados com a saúde do pai. Ficaram lá desligados de tudo, só tomando banhos de cachoeira, saunas e indo no sábado ao delicioso bailinho da cidade. Mas foi a gota de água quando descobriu que estava num vilarejo Finlandês!!! Ora ele já conhecia Penedo de outras ocasiões e sabia que tanto a simpática cidadezinha, como a sauna, como todo mundo sabia eram de origem sueca!
.
Foi então que por pura sorte, descobriu que não estava louco! Descobriu também por que Leonora não tinha brigado com ele! Ele não tinha comentado o seu novo corte e cor de cabelo. Ele tinha percebido, mas preferiu ficar quieto com receio de dar algum furo. Apenas dizia como a achava mais linda ainda. Fez muito bem, pois ela já o havia cortado e pintado assim há semanas. Como um raio, ao ver um filme de ficção científica na TV do seu quarto no hotel, veio-lhe a explicação de tudo. Deu um grito que acordou Leonora. Foi um custo fazê-la voltar a dormir. Somando todos os detalhes estranhos, só havia uma explicação possível. Agradeceu aos céus o seu gosto pelo gênero, pois de outra forma estaria lentamente, caminhando para uma inevitável loucura.
.
Ao passar em cima do buraco no Aterro, de alguma forma ele e o motorista, juntamente com o Táxi, atravessaram uma passagem da Quarta dimensão e estavam irremediavelmente num mundo alternativo. Os dois cães provavelmente eram duas versões do mesmo cão! Consultou no computador seus documentos de identidade e CPF. Por sorte os números foram mantidos, mas certamente as impressões digitais não. Ele as testou e encontrou diferenças que comprovaram a sua teoria. Isso lhe tirou algumas noites de sono, pois teria de inventar para as autoridades uma historia fantástica em caso de necessidade. Para algumas coisas, entretanto ele não encontrava resposta:
.
- E eu? Pensava ele, porquê não há dois de mim? E deveria também haver dois do motorista, dois táxis iguais etc., mas isto certamente daria manchetes nos jornais! Ficou com pensamentos torturantes durante dias até que ao retornar ao Rio, resolveu consultar edições de Jornais antigos.
.
Relembrou o acidente que havia ocorrido dias antes. Naquele mesmo dia e hora, um outro táxi tinha passado por um buraco no Aterro, batido em uma árvore e pegado fogo. O motorista e seu passageiro foram incinerados. Ele conseguiu na NET ler os detalhes: O motorista e o carro foram identificados, mas seu passageiro não. Como ninguém havia reclamado seu corpo, ele tinha sido enterrado como indigente. O estranho do fato é que o motorista, que todos pensavam ter morrido, reapareceu no dia seguinte, com carro e tudo. A conclusão da polícia é a de que o Táxi incinerado era um carro pirata, clonado. Ou seja, o carro tinha sido roubado e os registros, números do carro que havia pegado fogo eram falsificados e o motorista era um criminoso. O caso foi então encerrado. Era uma explicação bem lógica, mas longe da verdade. Quando viu a foto de Josué, o motorista que havia ressuscitado, Guilherme lembrou-se imediatamente de seu rosto. Esse fato foi a última peça do quebra-cabeça.
.
Conseguiu o telefone de Josué e ligou para ele:
.
- Senhor Josué! Não se assuste! Meu nome é Guilherme e sei de todos os problemas que o senhor tem passado! Lembra-se daquele quase acidente no Aterro? É isso mesmo! Aquele de duas semanas atrás! Você se lembra dos dois cachorros cruzando na sua frente? Isso mesmo! Eu era o seu passageiro! Ele ouviu do outro lado da linha um choro baixinho!
.
Josué respondeu, com a voz chorosa, que a vida dele tinha virado de cabeça para baixo e estava a ponto de ser internado. Marcou um encontro com ele, que chegou transtornado:
.
- Seu dotô, do Céu! Eu tou pirando! O que qui tá acontecendo cumigo? Naquela noite adispois de deixar o dotô, fiquei uns dias zanzando pelas rua até eu querê vortá. Quando eu vortei pra casa, tava tudo adiferente. Minha chave não entrava na fechadura. Minha mulher achava qui eu tinha morrido e ficou qui nem louca quando me viu di vorta. Tinha mudado o cabelo e trocado o cachorrinho qui a gente tinha por um gato. Ela jura prá todos os Santos qui sempre tivemos esse gato e diz qui fui eu qui enlouqueci! Tô inté indo vê um pissicatra. Me ajuda seu dotô!
.
Custou-lhe um bocado de tempo para explicar a Josué, com suas enormes olheiras, o que estava acontecendo. O pobre homem nunca tinha pisado numa escola. Após muitas horas e muitos chopes, achou que ele finalmente tivesse entendido que o Guilherme e o Josué originais deste mundo não mais existiam. Eles eram as outras versões vindas misteriosamente de um outro mundo alternativo e os tinham substituído. Guilherme checou os números dos documentos de Josué que também estavam corretos, assim como os números do carro, mas alertou a ele sobre o detalhe das impressões digitais dos dois não coincidirem com a das suas cópias. Para o resto da vida terão de evitar tirá-las de novo. Josué foi aconselhado a procurar outro emprego, pois na época da renovação perderia a carteira de motorista e correria o risco de ser preso.
.
Conseguiram saber onde eles haviam sido enterrados e foram aos respectivos cemitérios prestar sentidas homenagens. Tomaram todas as precauções para que ninguém desconfiasse de nada.
.
Hoje só lhes resta o conformismo. Aos poucos ambos foram se acostumando com a situação. Josué e Guilherme hoje são bons amigos. Só eles sabiam desse fantástico segredo e pretendiam que assim ficasse. A alternativa é a da internação de ambos. Ainda bem para eles que a maioria das mudanças foi bem pequena e virou até um divertimento descobrir as diferenças, embora só possam rir delas sozinhos. Ao conversar sentem pena das suas viúvas, da outra dimensão. Só não conseguiram nunca se acostumar com essas nojentas baratas, que não existiam em suas memórias.
.
Há uma compensação para Guilherme, e que compensação! A Leonora dessa versão é algo mais linda, e isso lhe proporciona um pequenino e excitante detalhe: Ela não sabe, mas para ele, Leonora é uma nova mulher e ele estava vivendo uma nova vida de recém casado; Melhor ainda, a nova Leonora seria um tipo de amante. Ao pensar no assunto ficava extremamente excitado e sua vida sexual foi às alturas. Leonora, sem saber o porquê também ganhou com a nova situação de um maridinho amoroso como nunca e em contrapartida o ama muito mais do que a outra. Ela imaginava que por Guilherme ter escapado da morte tinha reaprendido a viver. Como, porém na vida nada é 100%, às vezes, secretamente Guilherme pensa na sua outra Leonora, a “viúva” e chora por ela. @.
Autor:José Frajtag

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONTOS DO MUNIR 38 - SEU NAGIB

SAARA
.
A PAZ É POSSÍVEL
.
SEU NAGIB
.
Era uma vez um menino chamado Nagib, tinha treze anos quando seus pais, preocupados com as perseguições religiosas a católicos no Líbano, resolveram embarcá-lo em um navio com destino à América.
.
O Império Turco-Otomano começava a desaparecer, era o ano de 1913, os muçulmanos e cristãos viviam em conflito. A idade de convocação era de catorze anos.
.
Com dificuldade seu pai conseguiu um passaporte assinado pelo Sultão Turco Mehmet V, ainda ostentava a insígnia do Império Otomano.

.
O garoto Nagib aparentava, por sua robustez, idade bem superior; era de tez morena, quase parda, cabelos lisos e negros como seus olhos. Um árabe típico.
.
A passagem de terceira classe tinha sido paga, mas o rancho não, por isso o menino foi engajado como tripulante e trabalhava em serviços de faxina.
.
Nagib já entendia o francês, aprendera no colégio. Na viagem travou amizade com uns meninos judeus refugiados da Rússia e que seguiam o mesmo rumo. Devido à facilidade que tinha com idiomas, assimilou muito do que diziam em russo.
.
O porto de destino era Nova Iorque, lá um tio o aguardava. Iria continuar seus estudos, junto com seus primos, em uma escola pública no subúrbio.

.
Um surto de tracoma a bordo fez com que as autoridades americanas proibissem não só o desembarque, como o navio de atracar.
.
O navio seguiu viagem para o Rio de Janeiro, a vigilância sanitária brasileira, mais tolerante, permitiu a saída para terra de todos que desejassem.
Nagib sabia que morava no Rio, em uma república no Campo de Santana, um irmão mais velho por parte de pai, sabia também que a Rua da Alfândega concentrava um número razoável de libaneses.
.
Encontrou o irmão que lhe deu guarida, mas alertou-o que ele teria que sobreviver com os próprios ganhos.
.
Mascate não poderia ser; demandava capital para comprar a mala, as linhas, os tecidos, agulhas e outros materiais.
.
Iria ajudá-lo. Ainda possuía o cesto de vime desde quando começara sua vida no Brasil vendendo frutas, sugeria que Nagib fizesse o mesmo.
.
Com um quitandeiro patrício propôs vender laranjas e ficar com a menor parte do lucro
.
Colocou o cesto na cabeça, mas antes lavou as frutas e passou flanela tornando-as reluzentes. Foi a pé para o bairro de Santa Tereza, onde seu irmão transitava como mascate.
.
Não provara as laranjas, caras em sua terra de origem. Vendeu todas.
.
Com o produto da venda comprou mais laranjas. Deu-se ao luxo de comer uma, achou deliciosa.
.
Repetiu o ritual de torná-las mais atraentes e novamente teve sucesso na venda.
.
Algum tempo depois já tinha capital para ser mascate. Comprou um terno usado no brechó e combinando com o irmão foram para Santa Tereza. Venderia nas ruas de subida, a numeração só de um lado, condição estabelecida na sociedade que se iniciava com o mano.
.
Assim trabalharam em harmonia por muito tempo. Economizaram e abriram uma portinha de um minúsculo armarinho ali mesmo na Praça da República. Era o único armarinho que vendia laranjas, desta vez, situação imposta por Nagib.
.
O sonho de vencer era muito forte na dupla, alguns anos mais tarde legalizaram a sociedade cujo logo era um globo terrestre, uma águia de asas abertas no topo, tendo em suas garras uma balança de pratos. A águia de ouro no topo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro talvez tenha sido a inspiração.
.
Nesse tempo já haviam alugado uma loja na Rua da Alfândega para venda de tecidos por atacado aos armarinhos da Tijuca e de outros bairros.
.
Haviam se mudado para Ipanema, à época um areal. Moravam em uma casa grande no centro de um terreno de aproximadamente mil metros quadrados na proximidade da praia.
.
Nagib, como vendedor externo, conheceu na Tijuca a mocinha clara de olhos quase verdes cabelos castanhos tendendo ao louro, filha de um dono de armarinho cliente da loja.
.
As idas a Rua Hadock Lobo onde ficava o armarinho eram freqüentes.
.
O sonho de Nagib, agora também do irmão era ter uma terra onde plantassem laranjas.
.
Haviam adquirido a área em Ipanema onde moravam, terreno arenoso, não servia para plantio.
.
O anúncio de um milhão de metros quadrados à venda em Campo Grande, subúrbio do Rio ao preço convidativo equivalente a troca pelo de Ipanema os seduziu.
.
O local era acessível por trem, aproximadamente o mesmo tempo que levavam de Ipanema a loja.
.
Ajudados pela tradição genética de plantadores de oliveiras, iniciaram o cultivo dos laranjais. Breve estariam vendendo no Rio e exportando para o mercado sul-americano.
.
Nagib casou-se com a menina da Tijuca e para lá se mudou.
.
Pagava um aluguel; inalterado por mais de vinte anos permitiu que economizasse e mais tarde viesse a comprar na mesma rua uma casa de dois andares.
.
A sociedade com o irmão chegava ao fim. O irmão mais velho ficou com a antiga loja e deu em dinheiro a parte de Nagib. O terreno de Campo Grande repartido.
.
O libanês, a princípio chamado de turco por causa de seu passaporte, alugou e depois comprou um prédio comercial na Rua Senhor dos Passos, parte do Saara, como ficou conhecida a área onde árabes e judeus conviviam e ainda convivem em fraternidade consagrando uma Paz possível e futura no Oriente Médio.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

terça-feira, 4 de maio de 2010

PROGRAMAÇÃO CULTURAL NO PIRAQUÊ: MAIO/2010


PROGRAMAÇÃO CULTURAL NO PIRAQUÊ: MAIO/2010 CINEMA
De 07 à 13/05
Preciosa, Uma História de Esperança
De 14 a 20/05
Sherlock Holmes
De 21 a 27/05
Um Sonho Possível
De 28 a 03/06
Amélia
SESSÃO NOSTALGIA
Dia 10/05
MILAGRE EM MILÃO, de Vittorio de Sica – CENSURA LIVRE

MÚSICAS ao CAIR da TARDE(no ESPARDEQUE=TODAS 6as.FEIRAS=20hs-24hs)
Dia 07/05
JEAN JADE ( Voz e Violão)
Dia 14/05
PATRÍCIA VIC ( Voz e Violão)
Dia 21/05
GLAUCO CEREJO (Sax)
Dia 30/04
AMANDA FABRES ( Voz e Violão )

TARDE DE CHORINHO( na Praça Alte. Saldanha da Gama-GRUPO PIXINGANDO )
Dia 09/05 (Domingo) às 17:00 hs