sábado, 24 de março de 2012

CONTOS DO MUNIR 83 - UM POEMA: VOCÊ É:

Ausência e Presença
Ode sem fim, apaixonada para a mulher amada.

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Você é:

Meu adormecer
Meu despertar
Minha manhã
Meu dia
Minha noite
Meu tempo
Meu envelhecer
Meu rejuvenescer
Meu infinito
Meu pesadelo
Meu sonho
Meu medo
Minha certeza
Minha dor
Minha tristeza
Minha alegria
Meu pensamento
Meu respirar
Minha estática
Meu movimento
Minhas algemas
Minha prisão
Minha liberdade
Meu gesto
Meu cheiro
Meu perfume
Meu branco
Minha cor
Meu toque
Meu enfoque
Minha pele
Minha cabeça
Minha fala
Meus lábios
Meu beijo
Minha água
Meu vinho
Meu sangue
Minhas artérias
Meu rio
Meu lago
Meu mar
Meu barco
Meus remos
Minha montanha
Meu vale
Meu caminho
Minha rua
Minha árvore
Minha floresta
Meu céu
Meu anjo
Minha escada
Meu reflexo
Meu coração
Minhas memórias
Meu passado
Meu futuro
Minha emoção
Minha maldade
Minha bondade
Meu conflito
Meu pecado
Minha salvação
Meu problema
Minha solução
Meu sexo
Minha fome
Meu pão de cada dia
Meu dever de casa
Meu livro lido
Meu livro não escrito
Minha mentira
Minha verdade
Meu caos
Minha ordem
Minha menina
Minha moça
Minha mulher
Minha namorada
Minha amiga
Meu nada
Meu tudo
Minha vida
Meu amor
Meu viver
......................
O leitor poderá continuar
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Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

segunda-feira, 5 de março de 2012

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI:"PELO FIM DO VOTO SECRETO NO BRASIL"

PELO FIM DO VOTO SECRETO NO BRASIL

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Parece incrível, porém, esta grande lição de resgate da dignidade parlamentar e política em nosso país, algo que deveria ser seguido e ampliado, nacionalmente, é prática comum nas eleições ou votações em entidades desportivas que já adotam, há décadas, o voto em aberto, favorecendo desta forma princípios éticos, morais, transparência administrativa e contribuindo para reduzir, através de uma exemplar disposição estatutária, tentativas ou ocorrências de acordos espúrios aos objetivos federativos.

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Cito, como exemplo, a ser seguido, a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro – FJERJ que, no ano de 2012, alcançará a invejável marca de 50 (cinqüenta) anos de pleitos em que as manifestações de voto ocorrem a viva-voz.

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Ao longo de sua história iniciada em 09/08/1962 sempre existiram chapas de oposição disputando eleições e, justamente, em defesa disso, esse sistema de votação permaneceu consagrado e intocado.

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O voto secreto só deve existir nos casos em que os eleitores são levados a optar em cenários nacional, estadual ou municipal por aqueles que os representarão. Este procedimento visa protegê-los e resguardá-los de retaliações, sendo a única hipótese que se justifica, pois, na outra ponta posiciona-se o Estado, ou poderíamos afirmar o poder maior da república.

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Penso que os detentores de mandatos eletivos, no Brasil, deveriam – enquanto ainda é tempo – reverem posições e realizarem que a consciência política nacional está evoluindo e as cobranças populares a respeito deste mecanismo de votação se tornarão, a cada dia, crescentes.

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A Lei da Ficha Limpa não se encerra em si mesma, muito pelo contrário, é uma nova página do receituário de cidadania imposta pela vontade popular.

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É importante que todos nós realizemos que as trocas de poder no mundo civilizado não mais se processam via movimentos armados; isto é coisa do passado.

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Um cidadão comum, nos dias atuais, diante do teclado de seu computador possui um poder de arregimentação de iguais muito maior do que as mais competentes assessorias políticas de anos recentes. E se, adicionalmente, utilizar os recursos disponibilizados, sem ônus, pela multinacional americana Google que captura, seleciona, ensina, treina, testa e transporta idéias e/ou pensamentos ao longo do planeta, então nem se fala.

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O saber deixou de ser uma caixa preta, exclusivamente, administrada pelos poderosos ou aqueles favorecidos pela riqueza material.

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Lembro-me, ainda jovem, haver ouvido que o meu já falecido pai, Esdras Accioly de Oliveira, aprendera, sozinho, a língua inglesa e a francesa pelo estudo da grafia fonética quando residia no interior da Paraíba. Hoje, esse hercúleo esforço seria impensável, além de desnecessário.

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Em resumo, o amplo acesso à informação está trazendo grandes mudanças no proceder dos cidadãos brasileiros, algo que, talvez, os titulares de mandatos eletivos federais ainda não tenham se dado conta e, por isso, continuam trabalhando, apenas, 02 (dois) dias por semana, assinando listas de presença no plenário e embarcando, em seguida, para seus estados de origem, recebendo gordos salários, eternizando direitos e benefícios previdenciários, médicos, etc., acumulando crescentes fortunas, participando de não disfarçadas negociatas envolvendo cargos públicos, debochando da vontade popular e o que é pior, consagrando a imagem tornada pública por um ex-presidente da república quando ainda fora do poder afirmou que o Congresso Nacional Brasileiro era a “Casa dos 300 picaretas”.

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Os dias dos ocupantes de cargos públicos com este perfil estão terminando.

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Sugiro até que eles comecem a engolir seus últimos brioches, pois os contingentes de novos votantes estão se dando conta de que não é mais razoável permanecerem alheios ao que se passa na mente daqueles a quem elegem e que decidem, p. ex., sem demonstrar qualquer emoção ou culpa, a favor do crescimento de uma já asfixiante carga tributária a ser suportada pelos contribuintes, bastando para tanto pressionarem, rapidamente, seus discretos botões de votação.

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A grande conquista que o exercício do VOTO ABERTO proporciona é a transparência total entre candidatos, eleitores e opinião pública.

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Esse sistema que expõe aqueles que legislam sobre interesses públicos à avaliação popular é abominado pela maioria de políticos brasileiros que o rejeitam para melhor se posicionarem diante de eventuais interesses pessoais a serem favorecidos a cada discussão plenária, com destaque para aquelas envolvendo gordas cifras.

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Hoje, o crime de corrupção evoluiu a tal ponto que sua célula-mater migrou - sem disfarce - para o Congresso Nacional, sob o sinistro manto protetor do denominado "VOTO SECRETO".

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Ele é, em minha opinião, o mal maior que alimenta e oxigena o que existe de mais sórdido, inconfessável e criminoso nas decisões de cor cinzenta que a todo momento são denunciadas por corajosos jornalistas brasileiros.

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Atualmente, repousam no noticiário da mídia as derradeiras esperanças da população tupiniquim vir a tomar conhecimento do que se esconde nas entranhas de nosso parlamento.

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A prática do VOTO SECRETO pelos políticos brasileiros deve ser EXTINTA por tudo de ruim que ela acobertou em décadas de existência e EXTERMINADA como a praga maior que vem impedindo que os cidadãos possam acompanhar, de fato, o comportamento dos legisladores no exercício de seus respectivos mandatos.

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Pago para ver a cara dos ladrões do povo brasileiro quando forem obrigados a praticar o VOTO ABERTO, em temas polêmicos ou que envolvam elevados montantes de recursos.

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Nessas horas cuidem-se aqueles que desejam permanecer com a prática vil, histórica e impune – até a presente data – de malversação de fundos públicos.

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Finalizo com a seguinte chamada:

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"ABAIXO O VOTO SECRETO E PELO VOTO ABERTO, NO CONGRESSO NACIONAL, ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS E CÂMARAS MUNICIPAIS PARA QUAISQUER PAUTAS.”

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Autor: Augusto Acioli de Oliveira

http://www.facebook.com/augao148

sábado, 3 de março de 2012

CONTOS DO MUNIR - 82

QUATRO ONCINHAS MINEIRAS APERTADAS
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Carnaval 2012 Leblon
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Segunda-feira, horário de verão 14:00, a batucada rolava frenética na Dias Ferreira, Espaço Cazuza.
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Eu voltava da praia, lembrei que a banana estava acabando e resolvi ir ao Hortifruti. Deixei as cadeiras de praia na portaria, atravessei a Ataulfo. O bloco, um desses com nome sugestivo: “Empurra que pega”, “Rola preguiçosa”,” Vem em mim que sou facinha” ou sei lá, “Mulheres de Chico” estava programado para sair às 15:00.
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Pensei que daria tempo, o Hortifruti anunciara que ficaria aberto até as 14:30.
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Ledo engano, ao entrar na Dias Ferreira, ondas de foliões já semibêbedos me envolveram, e ademais o mercado cerrou suas portas por prevenção.
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A moça alta, já não tão moça, mas ainda em sua beleza, moradora do edifício vizinho ao Hortifruti, subira em um banquinho no seu quarto, ia pegar na parte de cima do armário o chapéu que usara no carnaval passado. Perdeu o apoio e de uma queda veio ao chão. Sua perna bateu na mesinha com vidro ao lado e teve uma fratura exposta, não desmaiou, e por sorte o celular estava ao seu alcance. Não se chamava Tereza, morava só e nem tinha três cavalheiros que a acudissem.*
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Ligou para um amigo no mesmo prédio que veio logo socorrê-la fazendo um torniquete.
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A ambulância foi acionada e chegou bem rápido a Praça Cazuza. Impossibilitada de prosseguir, os paramédicos saltaram e correram para a residência, apesar de gritarem pedindo passagem, os carnavalescos achavam que estavam fantasiados e não cediam. O resgate só foi possível horas mais tarde.
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Dentro daquele mar de gente não existia corrente dominante. Todos se esbarravam, a muito custo consegui chegar ao Galeto, havia desistido da banana, perguntei ao segurança se havia lugar para um, a resposta:-
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-Tem vinte na espera.
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Creio que na verdade queriam entrar no restaurante, mais para ir ao banheiro do que comer.
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Segui pela Aristides Spinola, alguns foliões estavam por ali. Um vestido de Padre Jorjão levantava a batina e batizava uma amendoeira ali plantada.
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O cheiro insuportável em toda a rua era agravado pelos banheiros químicos.
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Entrei na Pizzaria Guanabara, não existia mesa desocupada, fui ao balcão, Val, a mais recente aquisição do restaurante, uma louraça, mais para destaque de Escola de Samba do que atendente, servia com eficiência os pedaços de pizza, nem olhava para os clientes. Perguntou:
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- O senhor já tem a ficha?
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A fila do caixa ia até a rua. Fui salvo pelo Marquinhos o garçom que nos atende aos sábados e domingos.
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Voltando para casa abri o portão da garagem.
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Escutei:
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-Moço, moço, deixa a gente chegar para fazer xixi!
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Eram quatro oncinhas. As deixei entrar e disse:
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-Tem um banheiro do porteiro aqui.
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-Ah moço não vai dar tempo não, nós quatro estamos apertadas, o banheiro também não tem papel.
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Chamei o elevador e apertei o quinto andar.
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Ih, moço, a mais aflita se contorcendo:
- Por que o senhor não mora no primeiro?
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Por intuição elas acharam logo os banheiros.
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Minha sala estava quente, liguei o ar condicionado.
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Elas voltaram aliviadas e contaram, me mostrando as carteirinhas, que eram estudantes de medicina da UFMG. A menos moça estava fazendo residência.
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Se fizessem o teste do bafômetro, com certeza não passariam.
- O senhor salvou a gente!
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Me abraçavam e me beijavam.
-Está tão fresquinho aqui, deixa a gente ficar mais um pouquinho.
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Uma delas viu o DVD do Mel Gibson.
-A gente pode ver esse filme?
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Foi quando perdi a paciência e disse que elas teriam que ir embora.
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*Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos três chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão
O terceiro foi aquele que Tereza deu a mão
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com