sábado, 22 de novembro de 2014

CONTOS DO MUNIR 021/2014



A MULHER SOLITÁRIA 2 
(Rica)
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Luiz estava com seu cachorro em um banco na pracinha do final do Leblon. Manhã de sol, pouco vento, dez horas, Luiz e seu cão Zug gozavam as delícias do vento leste que vinha do Arpoador. O Zózimo imóvel, em pé ao lado de sua máquina de escrever portátil, contemplava as pedras daquela ponta, onde, a quatro quilômetros, se sentava também em um banco de madeira seu colega Millor.
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Luiz tirou a camisa, queria aproveitar o calor e os raios solares que catalisavam e fixavam o cálcio e a vitamina D que tomara no pequeno almoço.
Zug, um Cavalier King Charles de pelagem branca e castanha, já cansado de brincar, dormitava a seus pés.
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A mulher loura ainda jovem, cabelos longos, de vestido preto colado justo ao seu corpo de modelo, parecia ter se esquecido de tirar o pijama de seda, havia enrolado a parte de baixo que se soltara. Sandálias vermelhas de salto complementavam sua bela figura exótica.
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Sentou-se ao lado de Luiz. A pele bem cuidada, seu porte e elegância denunciavam sua classe.
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Descansou o braço no encosto do banco e sua mão quase tocou o ombro do dono do cachorrinho.
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Perguntou se ele era bonzinho. Diante da resposta afirmativa começou a brincar com ele.
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-Eu queria tanto ter um animalzinho para me fazer companhia. Divorciei-me, não tem três meses, moro em São Conrado, minha irmã mora aqui no Leblon, vim trazer meu sobrinho de volta, sai atrasada, nem tive tempo de me arrumar.
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-Como se chama o cãozinho? Meu nome é Nicole.
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Exalava frescor, perfume e feromônios!
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-O mar está lindo. Estou sem biquíni, vou dar um mergulho assim mesmo.
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Mostrou ser exímia nadadora, o mar estava batendo, surfistas pegavam ondas com suas pranchas e ela ultrapassou a arrebentação.
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Tinha deixado as sandálias e as calças do pijama com Luiz.
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O Zug já estava roendo as sandálias quando ela voltou. Seu vestido se colara mais ao seu corpo quase a desnudando.
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-Apanhei muito sol, abusei e o pior, meu creme de caviar La Prairie está acabando, ainda bem que estou indo a Paris e Geneve, vou comprar um estoque.
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-Você não gostaria de levar o Zug para passear?
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Meu Volvo está parado ali na Delfim. Estou indo para o meu apartamento, ele iria gostar de subir a Niemayer de carro.
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Luiz desculpou-se, levantou-se, voltando para casa, Zug, olhando para trás, puxava-o para voltar.
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Natasha o aguardava para um café.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com

CONTOS DO MUNIR 020/2014



A MULHER SOLITÁRIA 1 
(Pobre)
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Luiz estava com seu cachorro em um banco na pracinha do final do Leblon. Manhã de sol, pouco vento, dez horas, Luiz e seu cão Zug gozavam as delicias do vento leste que vinha do Arpoador. O Zózimo imóvel, em pé ao lado de sua máquina de escrever portátil, contemplava as pedras daquela ponta, onde, a quatro quilômetros, se sentava também em um banco de madeira seu colega Millor.
.
Luiz tirou a camisa, queria aproveitar o calor e os raios solares que catalisavam e fixavam o cálcio e a vitamina D que tomara no pequeno almoço.
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Zug, um Cavalier King Charles de pelagem branca e castanha, já cansado de brincar, dormitava aos seus pés.
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A mulher vestia um camisolão escuro de listas brancas horizontais, devia já estar passando dos quarenta, parecia ter saído da cama e esquecido de tirar o pijama, havia enrolado a parte debaixo que se soltara, e agora as calças brancas apareciam. O par de sandálias havaianas de cores diferentes completava sua figura esdrúxula.
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Sentou-se ao lado de Luiz, morena quase escura, rosto, porte e vestes denunciavam sua origem humilde. Passou o braço no encosto do banco, sua mão quase tocava o ombro do dono do cachorrinho. Dava para sentir o cheiro de alho e cebola. Perguntou se ele era bonzinho, diante da resposta afirmativa começou a brincar com ele.
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-Eu queria tanto ter um animalzinho para me fazer companhia, sou muito sozinha, moro no Vidigal, minha madrinha e minha tia moram aqui no Leblon. Tenho um menino, vim trazê-lo para a escola, agora vou voltar para casa e ficar eu e minhas panelas. – disse.
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...e continuou:
-O senhor não deve ser sozinho não. Deve ter sua esposa. A mão dela, cada vez mais perto de Luiz. Deus me livre! Não quero tirar o homem de ninguém. É muito feio! Não tive nem tempo de me arrumar, estava atrasada!
Luiz teve receio de dizer que era viúvo!
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- Desculpe, estou com vontade de urinar. Não posso fazer xixi nas calças não!  Vou fazer lá na água, e depois eu volto.
Desceu pelas pedras e foi caminhando em direção ao mar. As ondas estavam batendo, banhistas pegavam ondas em suas pranchas.
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A mulher entrou mar adentro até a cintura. Uma onda mais forte a derrubou, não conseguindo levantar-se começou a perder o folego.
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Os surfistas perceberam e vieram em seu socorro, levando-a para a praia.
Luiz levantou-se, voltando para casa, Zug, olhando para trás, puxava-o para ficar.
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A dona encharcada, ao vê-los indo embora, ainda gritou:
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- Amanhã eu volto mais bonita!
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CONTOS DO MUNIR 019/2014



A HISTÓRIA
(VERSÃO DA LETRA “L”)
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Empresário e médico, Leonardo, nascido em meados de outubro, dono de laboratório resolveu levar dois afilhados adolescentes para uma visita ao seu local de trabalho.
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Era noite de lua cheia, Leonardo antes de sair resolveu terminar o romance que estava lendo e que trazia à sua memória lembranças de antigas namoradas, Lavínia, Laura, Luannas.
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Céu limpo, ao longe stratus se ligavam.
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Os meninos relutavam ir. O médico insistia.
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O laboratório se localizava em uma cidade moderna iluminada a LED. O prédio se sobressaia no topo de uma colina e na arquitetura dos demais. O piso era ladrilhado com ladrilhos lápis-lazúli.
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O cão que lá morava era um labrador peludo de cor marrom e lembrava um lobo. Chamava-se Libero.
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Libero parecia realmente um lobo uivando para a lua a ladrar em sons prolongados.
Um dos rapazes gostou da visita, o outro lamentou ter perdido o programa da TV.
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Dava para ver os relâmpagos ao longe no horizonte.
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Levi soltou os muitos vagalumes que tinha aprisionado. Voaram na direção das lagoas.
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O laboratório tinha como sócio um antigo companheiro de Leonardo, cientista prêmio Nobel, encarregado das pesquisas e legalizações dos produtos.
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Dois profissionais inescrupulosos roubaram as patentes, vendendo-as como suas a fabricantes.
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Leonardo procura pistas que o levem aos suspeitos. Percorre a cidade. Seu cão, .
Libero, fareja as casas e descobre esconderijo dos malfeitores.  
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Os dois rapazes fazem festa a Libero.
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O médico irado surra os ladrões e chama a polícia.
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O autor achando que esgotou a paciência do leitor, termina a catilinária.
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Vaidoso, pede elogios e sem esperar resposta desliga o computador.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com