Um
Inglês no Carnaval de Salvador-BA
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Esta
é uma história real. Nomes, nacionalidades, profissões, lugares foram
propositadamente trocados.
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João
Araujo é militar, a mulher tem irmã que vive na Inglaterra, todos os anos,
passam pelo menos quinze dias em Londres. Lá o médico ortopedista Bill
tornou-se amigo da família por socorrer e atender com sucesso o sobrinho deles.
Bill, embora casado e com um filho, é gay.
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João,
coronel do Exército mora em Salvador, Bahia, em frente ao mar. Em um dos
bairros mais nobres da cidade, Rio Vermelho, alguns cantores famosos baianos
têm casa lá. A viúva de Alfredo Saad, moradora da cobertura do edifício Chopin,
ao lado do Copacabana Palace, mudou-se para lá.
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O
médico inglês viu fotos de Salvador, das praias, da Igreja de São Francisco;
encantou-se.
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Convenceram
João a hospedar Bill em sua casa, quando o inglês viesse ao Brasil. Não veio
homofóbico, mas relutante, concordou.
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Era
o mês de fevereiro, carnaval.
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O
doutor veio só, ficou alojado no apartamento de João, no mesmo quarto onde
dormiam os cunhados ao visitar o Brasil. À noite, saiu para ver de perto a
batucada.
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O
coronel e esposa costumam dormir cedo, ambos não deixam a prática de exercícios
pela manhã bem cedo na Academia.
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Era
madrugada, quando a secretária da casa bate à porta de João.
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-Coronel,
tem gente estranha aqui!
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João,
desperto, foi até o quarto do médico; a porta trancada, a luz acesa, bate e
chama:- Bill!, Bill
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Sem
resposta, insiste. Nada. Espia pela fechadura, não consegue ver o ortopedista,
mas vê um rapaz forte sentado na cama. João pega seu revólver. Arrepende-se e
resolve deixar o caso para a polícia. Desce vai até a rua, relata o ocorrido a
uma radiopatrulha. O Sargento, experiente, chefe da patrulhinha, pergunta,
ironicamente, se o cara é gay. Os policiais decidem chamar o BOPE.
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Em
menos de cinco minutos, sobem ao apartamento do coronel.
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São
quatro homenzarrões, equipados com capacetes e coletes à prova de bala,
empunhando metralhadoras; batem e gritam na entrada do quarto inutilmente.
Perguntam-lhe se podem arrombar. Diante da resposta afirmativa, derrubam a
porta.
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Um
policial corre para a janela, os outros três imobilizam o garotão que é
revistado e algemado.
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O
estrangeiro, vestido de baiana e de peruca loura, está deitado no piso do
quarto, o vômito espalhado ao seu redor. Tentativas para acordá-lo são feitas
sem resultado. Tinha sido vítima do “Boa Noite Cinderela”.
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O
coronel acompanha os policiais até a rua, que perguntam:
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-
O que o senhor quer que a gente faça com ele?
.Já, o sargento diz:
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-
Tem algum pra nós?
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João
dá duzentos reais e diz para levar o rapaz preso.
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O
coronel chama a ambulância, o médico só acorda no dia seguinte bem tarde, sua
mala está no quarto do hospital, um endereço de um hotel onde já tem um quarto
reservado, e a passagem de retorno a Londres já marcada.
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Dois
dias depois, a empregada entrega ao dono da casa a meia que achara na gaveta
embutida na cama do quarto de hóspedes. Dentro dela, mil e quinhentos dólares.
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Voltando
à Inglaterra, João procura Bill e lhe devolve mil e quatrocentos dólares.
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Não
diz nada, mas está descontando a propina paga ao sargento da patrulhinha.
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E Bill:
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-Sorry John, but I loved the Bahia Carnival huum,
huum...Geez, next year, I’ll be back.
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-Desculpe
João, mas adorei a Bahia, Carnaval huum, huum...
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NOOSSA!
Ano que vem, eu voltarei.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com
E-Mail:alzumunir@gmail.com
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