SALÃO DE FESTAS
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Alice completa hoje quinze
anos, nasceu ali no Leblon, estão todos lá em um lindo salão de festas no
prédio, enfeitado com rosas vermelhas e orquídeas brancas.
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Alice está feliz, seu avô,
cabeça branca, que ela tanto ama, a abraça e lhe entrega uma linda pulseira de
ouro. O síndico do prédio também presente, agora sem a bela cabeleira negra de
que tanto se orgulhava, a beija no rosto e ela sorri.
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O teto do salão, em forma
de abóboda, tem proteção acústica; o DJ, fã de jazz romântico, toca Nanda
Martins e Louis Armstrong seguidamente.
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A garotada do Santo
Agostinho, (o único ginásio que ficou, o Saint Patrick fechou abruptamente)
dança. Muitos moram nas proximidades, filhos de oficiais que compraram seus
apartamentos através das Cooperativas Habitacionais de seus clubes. Hoje seria
muito difícil um jovem tenente ali residir. Só o aluguel iria consumir metade
de seu salário. À época, o Leblon não era um bairro sofisticado, os preços dos
imóveis se comparavam aos da Tijuca. São muitos edifícios e o conjunto foi
apelidado de Selva de Pedra, outrora Praia do Pinto, área pantanosa; favela que
muita gente diz ter sido destruída por um incêndio criminoso. Seus moradores foram
realocados na Cruzada São Sebastião, no Complexo da Maré e Vila Kennedy, Avenida
Brasil. Naquele tempo os conjuntos ainda não se chamavam Che Guevara ou
Lamarca.
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A história do salão de
festas faz parte da história de Alice, ela nasceu nesse prédio onde ainda mora
no primeiro andar.
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Sua mãe, há quinze anos
atrás, não compareceu à reunião do condomínio convocada para a construção do salão
e aprovada pela totalidade dos presentes.
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A derrubada das paredes
fez muito barulho, ela reclamou, desconhecia o que estava acontecendo.
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Seu pai morava no prédio
vizinho, além de militar era advogado, ele e o síndico do prédio de Alice,
também militar, eram amigos, os casais saiam para o cinema e jantar juntos. A
amizade terminou com a queixa da filha e a instauração de um processo contra o
Condomínio, movido pelo advogado para impedir a construção do salão.
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Em primeira instância a obra
foi embargada. Com o recurso do Condomínio por um grande escritório de
advocacia, liberada. Novamente obrigada a parar; e outra vez, continuada.O
tempo passando, os operários ora parados, ora trabalhando. O salão pronto, mas
interditado.
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O escritório de nome, por
estar caro, foi substituído por uma jovem advogada que surpreendentemente
ganhou a causa, agora em julgamento final.
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Alice está feliz,
inaugurando o salão. Seu avô e o síndico fizeram as pazes.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com
E-Mail:alzumunir@gmail.com
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