sexta-feira, 13 de maio de 2016

CONTOS DO MUNIR 008/2016



A FILHA 
DO GENERAL     
EPÍLOGO

Dilermando, pai de Selma, agora na reserva e abatido em sua viuvez, criou uma forte dependência afetiva com a filha que com ele morava após retornar de seus estudos no exterior e iniciar sua bem sucedida carreira de arquiteta no Rio de Janeiro.

Selma e Eduardo viviam horas de um relacionamento carinhoso. Cinema, teatro, jantares, às vezes uma dança. Eduardo era um bom dançarino e espantava Selma pela leveza como a conduzia.  Seu pai sentia a sua ausência e a atribuía ao excesso de trabalho de sua filha.

Ela de quando em vez dormia no apartamento de Eduardo. Tinha certeza de que o pai não aprovaria aquela relação, por essa razão, temendo magoá-lo, nada lhe contara, contrariando Eduardo que mais de uma vez se mostrara disposto a ir com ela ver seu amigo  e pedi-la em casamento. Selma sabia qual seria a reação de seu pai, reacionário por excelência, temia que o pior acontecesse.

De tanto amor, ela engravidou para alegria de Eduardo que sempre desejou um filho. Como era esbelta, a gravidez só passou a ser fisicamente percebida após o sexto mês. Para seu pai,  ainda era aquela menina pura de treze anos, não imaginava ter de dividi-la com alguém. Revoltado, quis saber quem era o pai da criança. A filha, que nunca mentira, disse que se havia casado com Eduardo, o filho que esperava era um menino e se chamaria Dilermando.

O pai enfurecido exclamou:

-Vou matar esse cretino!

Apanhou sua Colt 45, colocou a bala na agulha e saiu à procura de seu ex-amigo.

Selma ligou para o marido avisando-o de que seu pai estava a caminho, armado. Eduardo, então, vai para um hotel e de lá articula sua saída do país. Por sugestão de sua mulher, segue para Nova York onde a arquiteta tinha aberto recentemente um ateliê. Selma breve iria encontrá-lo. Foi lá que nasceu o menino da tez morena do avô e olhos azuis do pai, uma bela miscigenação da nacionalidade brasileira.

O tempo passou e Dilermando ao ver a foto do menino em uma rede social foi tomado de orgulho por um garoto tão lindo ser seu neto. Através de amigos comuns, fez chegar à filha que gostaria de ter sua família perto, incluindo Eduardo a quem pedia perdão por ter agido com insensatez.
Eduardo, Selma e o garoto voltaram para o Rio e encontraram não um General durão, mas agora um avô carinhoso, um pai afetuoso e um amigo dedicado.

Eduardo viveu com Selma por mais vinte e cinco anos. Selma é referencia nas Faculdades de Arquitetura brasileiras e mundiais. Dilermando Neto fez carreira na Marinha de Guerra tornando-se um oficial brilhante e o primeiro Comandante do submarino nuclear brasileiro.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com

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