A FILHA
DO GENERAL
PARTE 2
Selma,
naquele mesmo ano prestando concurso, ingressou na Faculdade de Arquitetura da
PUC. Sua turma de vinte e sete alunos tinha vinte e duas moças e cinco rapazes,
dos quais três eram gays, os outros dois, héteros, já tinham namoradas em
outras salas.
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Dedicava
sua vida aos estudos, sua ambição era ser uma grande arquiteta como Zaha Hadid,
os projetos da iraquiana a encantavam pela beleza e arrojo. A concepção de um
prédio de Zaha em Copacabana que, segundo uma revista especializada projetava
ondas de luz na praia, a fascinara a ponto de Selma rascunhar muitos trabalhos,
usando-o como inspiração.
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Seus
melhores amigos na classe, além de umas três ou quatro meninas, eram os gays.
Sentia-se protegida ao lado deles, rapazes fortes, discretos e não afetados que
a acompanhavam aos teatros, cinemas e barzinhos.
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Assim se
passaram os cinco anos de estudos de arquitetura. Selma foi para Milão para um
curso de Pós-Graduação e aperfeiçoou-se em projetos arquitetônicos
revolucionários. Lá teve a oportunidade de conhecer Zaha e visitar em sua
companhia a Torre de Escritórios de Milão projetada por ela. Voltou ao Brasil
trinta e dois meses depois.
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Dois anos
mais tarde, o general Eduardo perderia sua esposa. A bela, recatada e do lar
Raquel foi vítima de infecção hospitalar em um dos hospitais de excelência,
onde se internara para fazer uma cirurgia de baixo risco.
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Selma só
saberia disso alguns meses depois, no velório de sua mãe, quando viu Eduardo
sozinho abraçar seu pai, o general Dilermando. O amor antigo, adormecido, despertou.
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Apesar da
sua beleza, que ainda lembrava a Iracema de José de Alencar, a dedicação aos
estudos e a profissão haviam afastado Selma de relacionamentos mais sérios ao
longo desses anos. Selma prestava assessoria a grandes empresas de construção.
Seus trabalhos na linha da arquiteta iraniana eram renovadores, e, de tão
requisitada, às vezes tinha que recusar alguns.
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Eduardo,
agora maduro, parecia mais charmoso com seus cabelos grisalhos, não se
descuidara de sua aparência física, praticava aeróbica, musculação e mantinha
uma alimentação controlada. Ainda era um homem bonito e atraente.
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Selma,
tomando a iniciativa, convidou Eduardo para um café no ateliê onde trabalhava e
que, na verdade era um andar inteiro de um edifício no centro da cidade com uma
equipe de muitos arquitetos trabalhando em ritmo acelerado.
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Eduardo
admirou-se ao ver como a menina que ele conhecera, havia se transformado em uma
linda mulher poderosa. O sentimento de carinho que nutria por ela foi dando
lugar a algo que ele, contudo, não sabia interpretar. .
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Coube a Selma, quando
segurou a mão dele com um carinho inequívoco, fazer seu coração acelerar.
Eduardo não teve dúvidas que estava se apaixonando. O receio de magoar seu
amigo de tantos anos desde os tempos do Colégio Militar, o general Dilermando,
pai de Selma colocava um freio naquela relação.
CONTINUA...
Autor: Munir
Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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