sexta-feira, 6 de maio de 2016

CONTOS DO MUNIR 007/2016



A FILHA 
DO GENERAL     
PARTE 2

Selma, naquele mesmo ano prestando concurso, ingressou na Faculdade de Arquitetura da PUC. Sua turma de vinte e sete alunos tinha vinte e duas moças e cinco rapazes, dos quais três eram gays, os outros dois, héteros, já tinham namoradas em outras salas.
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Dedicava sua vida aos estudos, sua ambição era ser uma grande arquiteta como Zaha Hadid, os projetos da iraquiana a encantavam pela beleza e arrojo. A concepção de um prédio de Zaha em Copacabana que, segundo uma revista especializada projetava ondas de luz na praia, a fascinara a ponto de Selma rascunhar muitos trabalhos, usando-o como inspiração.
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Seus melhores amigos na classe, além de umas três ou quatro meninas, eram os gays. Sentia-se protegida ao lado deles, rapazes fortes, discretos e não afetados que a acompanhavam aos teatros, cinemas e barzinhos.
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Assim se passaram os cinco anos de estudos de arquitetura. Selma foi para Milão para um curso de Pós-Graduação e aperfeiçoou-se em projetos arquitetônicos revolucionários. Lá teve a oportunidade de conhecer Zaha e visitar em sua companhia a Torre de Escritórios de Milão projetada por ela. Voltou ao Brasil trinta e dois meses depois.
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Dois anos mais tarde, o general Eduardo perderia sua esposa. A bela, recatada e do lar Raquel foi vítima de infecção hospitalar em um dos hospitais de excelência, onde se internara para fazer uma cirurgia de baixo risco.
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Selma só saberia disso alguns meses depois, no velório de sua mãe, quando viu Eduardo sozinho abraçar seu pai, o general Dilermando. O amor antigo, adormecido, despertou.
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Apesar da sua beleza, que ainda lembrava a Iracema de José de Alencar, a dedicação aos estudos e a profissão haviam afastado Selma de relacionamentos mais sérios ao longo desses anos. Selma prestava assessoria a grandes empresas de construção. Seus trabalhos na linha da arquiteta iraniana eram renovadores, e, de tão requisitada, às vezes tinha que recusar alguns.
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Eduardo, agora maduro, parecia mais charmoso com seus cabelos grisalhos, não se descuidara de sua aparência física, praticava aeróbica, musculação e mantinha uma alimentação controlada. Ainda era um homem bonito e atraente.
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Selma, tomando a iniciativa, convidou Eduardo para um café no ateliê onde trabalhava e que, na verdade era um andar inteiro de um edifício no centro da cidade com uma equipe de muitos arquitetos trabalhando em ritmo acelerado.
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Eduardo admirou-se ao ver como a menina que ele conhecera, havia se transformado em uma linda mulher poderosa. O sentimento de carinho que nutria por ela foi dando lugar a algo que ele, contudo, não sabia interpretar. .
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Coube a Selma, quando segurou a mão dele com um carinho inequívoco, fazer seu coração acelerar. Eduardo não teve dúvidas que estava se apaixonando. O receio de magoar seu amigo de tantos anos desde os tempos do Colégio Militar, o general Dilermando, pai de Selma colocava um freio naquela relação.
CONTINUA...
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com

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