ATRAÇÃO
Avenida Vieira Souto,
quinta-feira, abril ao entardecer, o sol já procurava seu refúgio atrás do
morro Dois Irmãos.
A Mercedes e a camioneta
Volvo pararam no sinal... A moça no banco do carona, morena, olhos claros, a
cor a variar pela claridade e reflexo do que vestia. Poderia ser castanho, naquele
momento com a luz direta em seu rosto se tornavam esverdeados. Ela sorriu, um
sorriso transmitindo muito além de simpatia. Era quase um convite.
O condutor da Mercedes
sorriu de volta.
-Te le fo ne, articulou
inaudível.
Um quase imperceptível gesto de cabeça mostrou
assentimento.
Àquela hora o trânsito era
lento. A Volvo parou, a Mercedes ao lado. A camioneta mais alta que o sedan;
dois braços estendidos; na mão delicada, um cartão dobrado, recolhido por Eduardo,
que dirigia a Mercedes.
Lia-se:
Consultoria Empresarial
Natasha
Analista. Business.
Telefone 21-2xxx-7261
x-x
Sexta- feira, dez horas da
manhã.
-Dra Natasha?
-Sim – disse a voz do
outro lado da linha.
-Eduardo, do por do sol...
(Riso baixo...)
-Já ligo de volta, deixe
seu telefone.
Sexta- feira catorze horas
-Eduardo
-Sim
-Quer ir ao cinema?
-Claro, estou no centro.
-Daqui a meia-hora no
Odeon. Estarei na última fila.
x-x
Sábado dezessete horas
Leblon Rua Rita Ludolf.
Natasha acaba de subir
para o apartamento de Eduardo.
A Volvo, chega pouco tempo
depois.
Estaciona nas proximidades
do Armazém do Café.
O motorista ainda pergunta
ao guardador:
-Viu uma moça morena de
vestido verde, sabe em que prédio entrou?
(Estende uma nota de cem.)
Milton, discreto, amigo do
porteiro e de Eduardo, diz que não; fala com Pedro:
-Avisa ao Comandante que
ele está se metendo em uma fria.
Sábado vinte e uma horas.
O interfone toca no
apartamento de Eduardo.
-É o Pedro.
- A moça já pode descer,
mas sozinha.
Natasha passa em frente ao
Armazém, o dono da Volvo a vê. Interrompe seu café e a interpela:
- Onde você estava? Por
que não me avisou? Vamos para casa!
Entram na Volvo que sai
desabalada para a Barra da Tijuca. O homem na direção parecia embriagado, embora
estivesse sóbrio. Não deixava Natasha dizer uma palavra. Ela só fazia chorar.
E ele:
- Não sabia que sua tia
tinha mudado para o Leblon!
-Que tia é essa que você
arranjou?
-Ou será um tio?
-Vamos para o motel Vip’s
fazer amor!
-Não quero fazer amor com
você em lugar algum!-disse Natasha.
-Vamos sim!- insistia o
homem.
x-x
Domingo oito horas
Eduardo pega o jornal que
Pedro já deixou junto à porta. Ao seu lado, Nicole
afasta seus longos cabelos louros e veste a camisa “Uv line” de Eduardo, azul da mesma cor dos olhos dela, por cima de seu busto nu. Ali perto, Zug, o Cavalier King Charles de Eduardo mordiscava uma sandália feminina.
afasta seus longos cabelos louros e veste a camisa “Uv line” de Eduardo, azul da mesma cor dos olhos dela, por cima de seu busto nu. Ali perto, Zug, o Cavalier King Charles de Eduardo mordiscava uma sandália feminina.
Uma notícia chama a
atenção de Eduardo:
-“Volvo despenca na noite
de sábado pela encosta da Avenida Niemayer na altura do motel Vip’s, o casal
está em estado desesperador”, continua:
-“aparentemente, houve
perda de direção por parte do motorista. Ambos desfaleceram, e só não tiveram
morte imediata, graças à segurança proporcionada pela cabine da camioneta que
funcionou como um cockpit de um carro da Fórmula 1. A mulher no banco do carona,
estava com uma das mãos agarrada ao volante, talvez na tentativa de evitar o
acidente.”
Nicole
comenta:
- Nossa!
Eduardo, você parece abalado. O que houve?
Eduardo:
- Foi esta
notícia de um acidente trágico aqui perto.
Nicole:
- Conhecia
alguém?
Eduardo
disfarça:
- Não,
não, mas me espanta como mesmo depois da Lei Seca ocorrem desastres como esse.
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Você, amigo leitor(a), tem
agora o poder de continuar a história.
Mate os dois.
Salve o homem castigando
Natasha.
Mate o homem, salve
Natasha.
Ou invente outro final
menos trágico.
De qualquer forma, o
jornal de segunda dirá o que aconteceu realmente.
Autor:
Munir Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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