A FILHA DO GENERAL
Selma era
uma menina de treze anos. Já era moça. Seu pai, o coronel do
Exército da arma de Cavalaria, Dilermando Nóbrega, tinha casado
tão logo fora promovido a segundo tenente.
Nascido em
Mato Grosso, era do tipo durão, mas de boa índole.
Adorava
Selma, a única menina, seus dois outros filhos já eram rapazes quando ela
nasceu.
Dilermando
tinha quarenta e oito anos, daí a dois anos era muito provável ser
promovido a general, o que realmente aconteceu, e nessa
ocasião convidou seus pares para uma reunião em sua casa.
Seu maior
amigo e colega desde a época do Colégio Militar era mais jovem que
ele quase quatro anos. Chamava-se Eduardo, ainda solteiro e “pegador”, tipo
atlético, bonitão, lembrava demais o artista Robert Redford, cabeleira loura,
olhos de um azul intenso, brilhantes como duas safiras que transmitiam sedução.
Coronel da Arma de Engenharia, sempre o primeiro da turma em todos os cursos,
nascido em berço de ouro em Ipanema, fluente em inglês, alemão e francês.
Gostava de Baudelaire, de memória notável conhecia de cor o livro Fleurs Du
Mal. Era o único desacompanhado na festa.
Selma se
tornara uma atraente mocinha de quinze anos, aparentava mais, longos
cabelos negros, olhos castanhos, tez morena lembrava os
ancestrais indígenas de seu pai.
O trecho do
romance de José de Alencar era a moldura de Selma:
“Além, muito
além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema”.
Iracema, a
virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da
jati não era doce como seu sorriso (...)”
Ao ver o
ainda coronel Eduardo, apaixonou-se por ele. Percebendo que ele estava só,
aproximou-se e passou boa parte da festa ao seu lado, para desgosto das outras
mulheres que lá estavam.
Três anos
mais tarde, o agora general Eduardo se casaria com uma antiga
namorada. A família Nóbrega foi ao casamento.
O noivo em
uniforme de gala, a noiva de véu e grinalda. Apesar dos seus
quarenta anos, ainda esbanjava beleza. Seu vestido branco de neve
ressaltava seus longos cabelos louros, não estava usando maquiagem, apenas um
leve batom. As ex-namoradas de Eduardo a olhavam com inveja e admiração.
Selma, agora
com dezoito anos, maior de idade, dividia com a noiva a atenção
dos convidados, atraídos pela beleza daquela linda mulher. Mas
os olhos azuis do General Eduardo neste dia não eram para ela.
Selma por
que você está chorando?
Perguntou
Dilermando.
-Estou
emocionada papai.
CONTINUA...
Autor: Munir
Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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