COTIDIANO
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É domingo
de carnaval.
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O sol
ainda não nasceu, é verão, Cumulus Nimbus estão lá. O céu está claro, mas não
colorido dourado como às vezes aparece.
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A
figueira, que fica ao lado da rede azul, presente que minha empregada trouxe do
Nordeste, está com um figo roxo quase maduro, tem outros, já colhi alguns que
bem doces, dividi com meus amigos do Armazém do Café. A figueira se inclina
quando eu a molho, como se me agradecesse, só bate sol pela manhã no canto em
que ela está.
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O limoeiro
está carregado de pequenos frutos, breve vou fazer uma limonada, mas vou ter
que adoçar. Tem outro pé de limão da mesma época que nunca deu um. Mesmo assim
não deixo de molhá-lo.
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Ainda não
tenho o meu pé de laranja lima, mas vou ter.
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Já passou
o tempo das pitangueiras. Os jasmins também se foram. As orquídeas ainda
resistem: uma rosa e duas amarelas que lembram acácias.
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A
jabuticabeira que é do tempo da figueira está muito viva, mas não frutificou. O
jardineiro que me vendeu há seis meses havia dito que ela por ser híbrida,
estaria carregando em três. Espero que não seja igual ao limoeiro que eu
apelidei de Gay, sem preconceito, porque ele não é fecundo.
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A hortelã
e o orégano se espalham nas jardineiras que ajudam no contrapeso das bases de
dois ombrelones.
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Os
sanhaços, os bem-te-vis, os sebinhos e às vezes uma ou outra cambaxirra
continuam a visitar o local, apesar de não ter mais pitangas. Ainda bem que
eles não descobriram a figueira, ou não gostam de figos.
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Mais
tarde, sentado no calçadão da praia, Zug, o meu Cavalier me assustou amarrado
na cadeira, ele roeu a guia e disparou para o mar, quase se afoga, fui
resgatá-lo no colo de uma moça tremendo assustado.
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Hoje,
segunda-feira, colhi o figo maduro, ofereci a minha amada, e ainda eu dizendo
que não era maçã, ela não veio. Vou ter que dividir com meus amigos do Armazém.
Autor: Munir
Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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