domingo, 14 de fevereiro de 2016

CONTOS DO MUNIR 004/2016



COTIDIANO
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É domingo de carnaval.
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O sol ainda não nasceu, é verão, Cumulus Nimbus estão lá. O céu está claro, mas não colorido dourado como às vezes aparece.
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A figueira, que fica ao lado da rede azul, presente que minha empregada trouxe do Nordeste, está com um figo roxo quase maduro, tem outros, já colhi alguns que bem doces, dividi com meus amigos do Armazém do Café. A figueira se inclina quando eu a molho, como se me agradecesse, só bate sol pela manhã no canto em que ela está.
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O limoeiro está carregado de pequenos frutos, breve vou fazer uma limonada, mas vou ter que adoçar. Tem outro pé de limão da mesma época que nunca deu um. Mesmo assim não deixo de molhá-lo.
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Ainda não tenho o meu pé de laranja lima, mas vou ter.
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Já passou o tempo das pitangueiras. Os jasmins também se foram. As orquídeas ainda resistem: uma rosa e duas amarelas que lembram acácias.
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A jabuticabeira que é do tempo da figueira está muito viva, mas não frutificou. O jardineiro que me vendeu há seis meses havia dito que ela por ser híbrida, estaria carregando em três. Espero que não seja igual ao limoeiro que eu apelidei de Gay, sem preconceito, porque ele não é fecundo.
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A hortelã e o orégano se espalham nas jardineiras que ajudam no contrapeso das bases de dois ombrelones.
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Os sanhaços, os bem-te-vis, os sebinhos e às vezes uma ou outra cambaxirra continuam a visitar o local, apesar de não ter mais pitangas. Ainda bem que eles não descobriram a figueira, ou não gostam de figos.
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Mais tarde, sentado no calçadão da praia, Zug, o meu Cavalier me assustou amarrado na cadeira, ele roeu a guia e disparou para o mar, quase se afoga, fui resgatá-lo no colo de uma moça tremendo assustado.
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Hoje, segunda-feira, colhi o figo maduro, ofereci a minha amada, e ainda eu dizendo que não era maçã, ela não veio. Vou ter que dividir com meus amigos do Armazém.

Autor: Munir Alzuguir
E-Mail: alzumunir@gmail.com

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