segunda-feira, 12 de abril de 2010

CONTOS DO MUNIR - 35

HELENA

Era uma vez uma garotinha chamada Helena.
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Existem mil e uma Helenas, as famosas: a de Tróia que na verdade era rainha de Esparta e só passou a ser de Tróia por ter sido raptada por Páris príncipe troiano. As Helenas das novelas de Manoel Carlos, as Helenas de Vinicius e Chico Buarque. Todas belas e disputadas.
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Das Helenas de meu tempo de menino, me lembro bem, a principal, minha mãe que um dia arremessou um açucareiro de vidro quebrando-o na cabeça do botequineiro português que usando um costume lá da terrinha me deu um beliscão. A outra uma pretensa namoradinha a quem ofertei um gerânio vermelho, provocando ciúmes no Manoel que subiu a rua me ofendendo, me chamando para brigar e só briguei porque o desafiei a me dar um tapa, o que ele fez de imediato. A minha sorte ou meu azar foi revidar com um soco no nariz dele e o sangue fluir, e sua mãe ir a minha casa se queixar, o que me valeu um bom castigo de meu pai severo.
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Uma outra Helena era a primeira da minha turma de ginásio, mas, tinha um método especial de colar. Escrevia a cola nas coxas, na hora da prova cruzava as pernas. Levantava a saia e copiava, confiava nos nossos bons professores que só miravam suas pernas, (belas, eu me lembro, também, confesso, gostava de observar) e fingiam não ver a cola por medo de perder o espetáculo.
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A nossa Helena ainda é pequenininha, mas já deu alterações e muitas, ela veio ao mundo durante uma guerra, não a dos gregos e troianos, mas uma guerra assimétrica onde não era possível delinear os combatentes, nem as armas que usariam e nem quando terminaria.
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Um dia ou numa noite reinou uma trégua e Helena foi surgindo.
Bela e destemida, sua vontade imperava e a Paz ela dominava e pedia com seu sorriso de menina carinhosa a quem nada poderia ser negado.
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Bem devagarzinho a tempestade foi amainando, os raios e trovões, os estampidos dos canhões e os gritos de guerra diminuíam na razão inversa do aparecimento dos dentinhos de leite de Helena.
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Sei lá por que, o fato é que a sua primeira palavra não foi, nem “mamãe”, nem“papai” e sim “


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Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

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