domingo, 25 de abril de 2010

CONTOS DO MUNIR - 37

COLISÃO NO MAR

Submarino – Missão Impossível

Era uma vez- no tempo da Guerra Fria

Cenário: Operação de Adestramento OTAN VII

No exercício: navios ingleses, americanos, italianos, alemães e o submarino alemão U-27.

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O submarino, supostamente soviético, era o grande inimigo, tinha por missão afundar o navio-aeródromo a fim de evitar que seus aviões atacassem Bases e Arsenais na Yugoslávia.
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Missão de alto risco, as fragatas que lhe davam proteção e cobertura muito bem adestradas. Contavam com equipamentos sonar e armamento de última geração tecnológica.

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Na verdade Missão Impossível. Para o comandante do submarino não havia objetivo que não fosse conquistado. Intimorato e audacioso, veterano da Segunda Guerra, vazar aquela cobertura seria tão fácil como dizia a canção dos submarinistas alemães.

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Consegue passar pelos dois contratorpedeiros, pontas de lança que iam adiante do arco das fragatas na guarda do porta-aviões.
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Na torreta do submarino, luzes vermelhas iluminavam os rostos jovens e tensos dos oficiais da equipe de ataque. Pareciam alertar para o perigo.
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Atentos as decisões e ordens de seu comandante:
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Periscópio !
O periscópio é içado.
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Marcação! Top! Distância! Top!
O marinheiro auxiliar lê em voz alta os dados iluminados por sua lanterna.
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Próxima observação em um minuto! Informar distância do alvo principal!
A distância é informada.
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Preparar para lançamento de salva de torpedos com os tubos de proa!
De repente, a tela do sonar na torreta se ilumina e tem início no áudio um ruído aterrorizante de cavitação dos hélices de um contratorpedeiro vindo da popa do submarino.
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Alerta da equipe sonar! Diz o imediato chefe da equipe.
Sugerimos urgente observação periscópica: - setor popa!
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O comandante retruca:-
Na outra observação!
Periscópio! Fragata pela proa aproximando-se de forma perigosa! Marcação! Top! Distância! Top!
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O marinheiro auxiliar ilumina novamente com a lanterna portátil a leitura da marcação e distância.
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Equipe sonar: Contratorpedeiro em fase final de ataque pela popa!
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Comandandante: Periscópio! Fragata pela proa! Marcação! Top! Distância! Top! Observação setor popa!
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O comandante só vê a tinta cinza da proa do contratorpedeiro.
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O ruído virtual torna-se real e mais amedrontador.
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O oficial no controle da profundidade segue, por iniciativa própria, a rotina de colisão: isola a torreta, corta a energia e inicia o mergulho para a cota de segurança.
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Na torreta todos mudos e cegos, só ouvidos nos ensurdecedores hélices do contratorpedeiro. Logo seu casco arrasta-se com estrondo de encontro ao periscópio e outras partes altas em um nunca mais terminar. No choque a lanterna portátil rola para o poço do periscópio estilhaçando-se.
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O U-27 inclina-se para baixo, em quase 45 graus em uma descida vertiginosa. O trepidar agora vem das máquinas, funcionando na potência máxima em “flank”.
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Na torreta as luzes de emergência não se acendem. O circuito de comunicação interna desativou-se. O silêncio de vozes e o medo de sentir o mar tão perto invadem o ambiente.
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Alguém fala e pede um cigarro. Um fósforo é aceso, logo apagado para não consumir oxigênio. Deu para ver, pela breve chama que os vazamentos eram mínimos e não perigosos.
No compartimento de manobra, logo abaixo, o oficial de controle chama a torreta em vão. Por um instante se convence que a torreta esteja alagada e todos lá tenham perecido.
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O submarino prossegue sem parar em seu mergulho.
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80;100; 120;140;160; 180; 200 PÉS.
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Na torreta dá para sentir que a vibração e a inclinação para baixo diminuem.
O submarino volta ao seu silencio habitual.
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Finalmente o U-27 estabiliza em 220 pés.e começa a subir lentamente.
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Aos 120 pés o alívio. A voz do oficial de manobra retorna interrogando com apreensão se está tudo bem.
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Recebe de volta em uníssono um emocionado:
PARABÈNS PELA MANOBRA! TUDO BEM!
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A energia é restabelecida, o telefone subaquático é ligado.
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Uma área de segurança é demarcada para que o U-27 venha superfície e retorne a sua base em Kiel.
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O periscópio em um ângulo inusitado de 90 graus, mas não arrancado que foi a sorte nossa e de vocês estarem lendo esta história.
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“Wir früher home SCHEISE! Meister son of a bitch”
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Assim me contou o Fritz, já bêbado em um Festival de Cerveja de Munique.
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A expressão em alemão também é dele.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

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