CONTOS DO MUNIR 39

DAVI
Era uma vez um menino chamado Davi. Queria ser soldado. Seu pai o queria como pastor de ovelhas.

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Davi gostava muito de pessoas e animais. Tinha dois irmãos mais velhos que estavam em combate contra um exército poderoso chefiado por um gigante.

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De vez em quando, o pai deixava que o garoto fosse ao acampamento de batalha levar aos irmãos os pães que a mãe fazia.

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Davi não tinha pressa de voltar, ficava ali muito tempo admirando as armaduras, espadas e lanças. Pensava se os inimigos e o gigante seriam tão perigosos quanto o lobo que certa vez atacara seu rebanho e fugira quando ameaçado pelo seu cajado; ou do leão caído na armadilha por ele preparada. Na verdade eram, usavam armas e eram mais espertos.

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Os irmãos o aconselhavam a voltar para casa com receio de que o inimigo atacasse de surpresa. Um dia ficou tarde para Davi regressar.

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Estrondos fortes até então desconhecidos ecoaram e bolas de fogo cruzaram o céu em direção as barracas onde estavam Davi e seus irmãos. Todos buscavam refúgio apavorados.

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O menino acostumado com um dragão seu amigo que soltava fogo pelas ventas não correu.

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Foi se escondendo até o local de onde vinham os projetis fumegantes e viu uns tubos pretos. Pedras redondas eram enfiadas nos canos. Os inimigos acendiam um fio comprido. Uma explosão as liberava, voavam na direção para onde os cilindros pretos apontavam.

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Davi logo percebeu que era uma nova arma perigosa e sem defesa para seus companheiros. Eram trinta delas novas, mas sem pontaria.

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Esperou muito tempo até o fogo amainar e os soldados inimigos se recolherem.

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O gigante, que não dormia nunca, vigiava. De armadura portava uma enorme espada. O menino tentou não ser visto, mas foi descoberto.

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* “Davi só tinha seu cajado, sua funda e algumas pedras lisas em seu alforje. O gigante aproximava-se brandindo sua espada, armado de lança e escudo.

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Davi o enfrentou, meteu a mão no alforje, pegou uma pedra lisa e arremessou-a atingindo mortalmente o gigante que caiu com a face voltada para a terra. Usando a espada do gigante cortou sua cabeça.”

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Ainda de madrugada foi ter com o dragão seu amigo e juntos foram ao local onde estavam as armas.

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Pediu ao seu fabuloso amigo que soltasse uma língua de fogo dentro dos tubos pretos afrouxando as réguas que os formavam.

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Ao nascer do sol quando o inimigo foi disparar, os canhões explodiram e a tropa, sem comando, debandou deixando os destroços das armas no campo de batalha.

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Davi viu de que forma eram construídos os canhões e logo idealizou com jeito a maneira de copiá-los. Assim foi feito.

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O rei muito contente promoveu Davi a capitão e depois de muitas vitórias chegou a general.

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Quando o rei ficou velho e doente, não tendo filhos, nomeou-o seu sucessor.

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Assim o menino que queria ser soldado virou o rei Davi. Governou por muitos anos com justiça e sabedoria sem esquecer nunca de seu amigo dragão.
*BÍBLIA-Livro de Samuel 17,48
Autor: Munir Alzuguir

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