quarta-feira, 30 de março de 2011

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI

"VISIBILIDADE"

. Não aceitando as usuais respostas do tipo: "não sei", "não fui informado" ou "vou mandar apurar" à perguntas inesperadas ou indesejáveis, levanto a seguinte questão: qual é o cargo, enfatizo, não governamental, existente no Brasil-2011 que permite maior visibilidade nacional e internacional, bem como gestão de recursos que ultrapassam, rotineiramente, montantes superiores a bilhões de dólares?
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A ela pode ser associada uma outra: de que forma alguém recém-saído do mais alto posto da república poderia interagir ou interferir na economia política do país atuando, com elevado respaldo midiático, diretamente, junto a representativos órgãos da administração pública, bem como aos governos de dezenas de outras nações?
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Acertou, em cheio, quem identificou no cargo de presidente da Vale S.A. a convergência dessas hipóteses.
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Este posto representa, atualmente, a única jóia da coroa empresarial tupiniquim passível "de obtenção via tapetão".
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Já se desconfiava, desde o início do processo eleitoral-2010, que o ostensivo e não reprimido apoio institucional à candidatura Dilma Rousseff era jogo para a arquibancada; entretanto, parece que alguém não se deu conta de que os tempos haviam mudado, os cenários eram outros e que existem entes políticos que possuem personalidade própria e forte, somente, admitindo estratégias circunstanciais e temporárias para atingirem seus objetivos.
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Foi dessa forma que o Rei Juan Carlos conseguiu apagar a Era Franco da memória dos espanhóis e do mundo.
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Hoje, quase 03 (três) meses após a posse de um novo primeiro mandatário, neste país, me arrisco a afirmar que a época dos olhos vermelhos, bonezinhos na cabeça, estrelas na lapela, mãos nos ombros e abraços companheiros a falsos parceiros externos, barbinhas caricatas, guaiabeiras, gravatas vermelhas, palavras chulas, vulgaridades, grosseiros erros gramaticais, aprovação de absurda, inconsequente e desmoralizante reforma ortográfica em um país com milhões de analfabetos e de livros em circulação, comunicação pública de decisões pessoais, sem respaldo legal, sobre concorrências em andamento ou passar em revista a tropas gingando e com a mão no bolso, são tristes recordações de um passado recente e que faço votos de que não mais retornem ao cenário nacional.
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Isso, talvez, explique o desespero que já começou a tomar conta daqueles que perceberam, com retardo, a ficha cair.

Autor: Augusto Acioli de Oliveira

20110325, Rio de Janeiro, RJ.

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