domingo, 27 de maio de 2012

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI

EU SOU A PRESIDENTA

Inicialmente, gostaria de enfatizar que rejeito - desde que dela tive conhecimento - a reforma ortográfica imposta "goela abaixo" do povo brasileiro por um cidadão que sempre se vangloriou de não haver estudado e que, ainda assim, por vontade popular, assumiu o mais elevado cargo da administração pública do país.

Sinceramente, não sei qual dos 02 (dois) lados devo parabenizar.
As deploráveis e novas regras ortográficas colocadas em prática, no Brasil, tiveram a principal finalidade de aproximá-lo (o dono da caneta) de possíveis votos de pequenos países de língua portuguesa, objetivando atender a seus monoglóticos delírios internacionais.

As populações totais das nações alcançadas pelo referido acordo "cultural" envolvendo o nosso idioma, somadas - isto mesmo - não atingem 65 milhões de pessoas, ou seja, quantitativo pouco superior a um terço dos nacionais brasileiros.

O português falado, no Brasil, guarda raízes e laços culturais com o nosso antigo colonizador e demais colônias ultramarinas, igualmente, ocupadas ou invadidas (marquem a opção desejada), por suas tropas; tão somente isso.

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Agora, daí para cometer-se um crime contra o idioma pátrio vai uma distância interplanetária.

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A insanidade, irresponsabilidade, deboche e vassalagem contidos na imperdoável ação de lesa-pátria, consumada através desta absurda reforma ortográfica típica de regimes como o daquela aberração revolucionária denominada Pol Pot (que já foi idolatrado por nossos ex-guerrilheiros anistiados), não podem referendar o citado ato impregnado de erros e mesquinhos interesses pessoais; pelo contrário.

Nesta hora é que aqueles auto-proclamamados “intelectuais”, “libertários cara-pintadas de araque”, “esquerdistas progressistas”, “nacionalistas”, “acadêmicos”, professores, congressistas, etc. deveriam questionar o que será feito a respeito dos milhões de textos e publicações já editados em um país que ainda agasalha vergonhosos índices de exclusão educacional, bem como quanto ao destino do acervo de centenas de milhares de bibliotecas espalhadas pelas avenidas, ruas, praças, becos, ruelas, vielas, cortiços e acampamentos existentes nestes 8.513.844 quilômetros quadrados (ensinamento de 1960) de nosso espaço territorial.

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Gostaria que alguém me respondesse de que forma um analfabeto vai conseguir entender, assimilar, aprender ou sonorizar palavras de diferentes significados com grafias idênticas e sons distintos, sem o uso de acentos?

Com certeza, chegariam aos meus ouvidos debochadas e irônicas falas de lavra de alguns dos bem comissionados especialistas de plantão, lotados em gabinetes do ministério da educação, tipo: “ora, digam ao moço que se trata de algo muito simples de resolver, basta que ELES (os excluídos, educacionalmente) prestem atenção ao sentido da frase.”

Pelo acima exposto, não tive qualquer surpresa com relação ao objeto da Lei 12.605 de 03 de abril de 2012  que nada mais é do que um natural desdobramento da inacreditável, se não fosse verdadeira, reforma ortográfica implantada pelo anterior ex-sindicalista-ex-presidente (será mesmo?) - com todo respeito - como escreve conhecido jornalista.

Queiram ou não os senhores ex-barbudinhos de plantão admitirem (alguns ainda têm a cara-de-pau de afirmarem possuir um glorioso curriculum vitae de ações revolucionárias), tais intervenções pontuais seguem o receituário de ultrapassados e bolorentos regimes ditatoriais ou daqueles candidatos a sê-lo.

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Quando um poder executivo não se contenta mais com sua forma companheira de ser e governar através de 38 (trinta e oito), enfatizo, ministérios e passa a editar Leis que impõem, à choldra, vontades pessoais, algo típico de governantes freqüentadores de comissões de direitos humanos das Nações Unidas, é hora de todos começarem a colocar “suas barbas de molho” e pensarem no que mais lhes reserva o futuro.

Parece incrível que a nação brasileira ainda não tenha se dado conta de que as ações governamentais envolvendo o idioma pátrio já passaram, inclusive, a mascarar e interferir na qualificação de atos criminosos cometidos por autoridades.

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Chamar de "malfeitos" apropriações e desvios de recursos públicos é, minimamente, tentar desacreditar respeitados autores dos dicionários de língua portuguesa.

Para mim, o país asiático "Coréia" continuará sendo escrito com acento agudo.

Ignoro a supressão do trema e não dobrarei, jamais, uma consoante em função de cômodas retiradas de hífen (regra que também não concordo), com vistas a tornar corretos rotineiros erros de redação, com destaque para aqueles cometidos por cidadãos que tenham alcançado, em algum momento de suas vidas, um topo que consideravam de contorno imperial e de propriedade privada.

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Se tais mandatários quiserem aprender a ler e escrever que procurem a escola pública mais próxima, pois, principalmente, para elas deveria ser canalizada, e não é, grande fatia da elevada tributação com que somos extorquidos diariamente.

Gostaria que vocês revisitassem as páginas de nossa história recente no capítulo que conferia aos antigos governadores a gestão de bancos estaduais, ou em outras palavras, elegia-se um candidato por 04 (quatro) anos e ele ainda ganhava, de bônus, um banco para administrar; o resultado dessa história todos nós conhecemos, principalmente, os grandes conglomerados financeiros que ficaram maiores e ainda mais ricos.

Com base no exemplo dado, acima, os 04 (quatro) anos de mandato permanecem,  mudaram, apenas, os números envolvidos, que nos dias de hoje já ultrapassam incríveis R$ bilhões, algumas vezes, dirigidos para obras ou serviços, sem licitação, conforme nos repassam destemidos profissionais de imprensa que já começaram a servirem de alvo a matadores profissionais.

O noticiário do jornal O Globo (24/05/2012, RIO, p.21) está municiando os seus leitores com reveladores dados sobre a multimilionária transação, ora em curso, envolvendo a venda do terreno onde está situado o quartel-general da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (construção original de 1740) para a construção de um novo edifício-sede da multinacional Petrobras S.A.

A propósito: lembram-se dos 04 anos mencionados em parágrafo anterior?

Afinal qual é o valor do patrimônio histórico de uma cidade como o Rio de Janeiro que é apregoada como o maior pólo turístico brasileiro? memória conservada e divulgada gera, ou não, educação, cultura, riqueza, postos de trabalho e maior arrecadação de impostos?

Esses ocupantes eleitos para cargos públicos têm que realizar, de vez, que seus postos de trabalho são, tão somente, passageiros e que a conta de seus desmandos e deslizes lhes será cobrada, mesmo que tentem usar o artifício de mandarem demolir, antecipadamente, os próprios cujos terrenos desejarem alienar para criarem a situação de fato consumado, de terra arrazada ou, juridicamente, a perda do objeto de uma causa que se afigura como de interesse de toda a população de um estado da federação, excluindo-se, por óbvio, os principais negociadores da transação.

Com os recursos disponíveis que a empresa Petrobras S.A. possui ela poderia construir seu novo edifício-sede em qualquer rincão que desejasse; por que então, justamente, em um sítio repleto de história?

Pego uma carona neste imbróglio imobiliário e faço chegar, pela enésima vez, ao conhecimento de gestores da Petrobras S.A. a seguinte avaliação pessoal: por que razão os senhores não dirigem seus esforços e o poder político que a corporação possui para exterminarem ou domesticarem a cinzenta operação bursátil denominada “Aluguel de Ações” responsável direta pelas periódicas e mastodônticas perdas de valor de mercado da companhia em R$ bilhões de reais que enriquecem, há anos, mega-especuladores e oportunistas, ao invés de tentarem tomar um patrimônio da população do Estado do Rio de Janeiro? Que tal primeiro fazerem o dever de casa, defendendo a empresa e seus verdadeiros investidores ao invés de desrespeitarem o povo e as tradições de um estado da federação?

Mas, voltando aos tais 04 (quatro) anos de mandato:

Estas teclas que ora utilizo não servirão como cúmplices da Lei 12.605, de 03/04/2012, para denominar futuras diplomações, promoções ou nomeações do quilate de "almiranta", "tenenta-brigadeira", "generala", "coronela", "majóra", “tenenta”, "lixeira", "porteira", "agenta de trânsito" e muito menos para enaltecer aqueles que através de seguidas ações oportunistas e revanchistas estão alterando, por absurdo, até mesmo o nome do cargo de Presidente da República do Brasil. 

Autor: Augusto Acioli de Oliveira

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