NATASHA
CHEGOU PARTE 2
A aeronave levantou voo,
seguimos na direção de Itaguaí onde estão sendo construídas a futura Base Naval
de Submarinos e as instalações do projeto do submarino nuclear brasileiro.
Na quarta-feira,
Natasha acordou muito cedo e bateu à porta do meu quarto. Pensei que fosse me
chamar para subir. Estava arrumada.
-Hoje
vamos passear de helicóptero. Leve um casaco, vamos almoçar a bordo e voltar ao
escurecer.
Fomos até
a cozinha para comer alguma coisa, ao abrir a porta da geladeira, que tem
estampada em toda sua extensão um gigantesco pingüim (Nicole havia adorado,
Natasha nem notou, com certeza as geladeiras na Rússia são assim) a Lu minha
secretária acordou e prestimosa:
- Já vou
colocar a mesa!
Natasha
simpatizou com a Lu e vice-versa. É impossível alguém não gostar das duas. A Lu
é muito sentimental e chorou certa vez quando chamei sua atenção.
Nosso
café foi interrompido pelo interfone, era Pedro, o zelador, avisando que o
carro estava nos esperando.
Natasha
perguntou se eu tinha alguma escova de dente para visitas, tinha uma nova
embalada, no lavabo. Ela usou.
Descemos,
um Acera preto, blindado com vidros fumê estava parado na porta da garagem. Ao
nos ver, o motorista, um cara de terno escuro, branco, muito branco que se
tomasse sol teria que dormir pendurado em um cabide, saltou do veículo para
abrir a porta traseira, sem tocá-la ela abriu, pensei que alguém estivesse já
no carro, era tecnologia.
Sentamos,
um painel retrátil opaco nos isolou do chofer.
Natasha
me deu um longo beijo, dizendo num sussurro que à noite, eu teria uma surpresa.
O
Heliporto da Lagoa estava deserto, a exceção do helicóptero Pégasus 7101 da
Marinha, pousado, já pronto para decolar.
Subimos a
bordo, Natasha cumprimentou os dois tripulantes, um Capitão de Corveta e um
Tenente:
-dobryĭ
denʹ добрый день (bom dia)
-Khoroshiĭ komandir Utro (bom dia
comandante) responderam os dois voltando-se para ela.
Depois em português para mim:
-Bom dia comandante, bem-vindo a bordo.
Natasha acompanhava ao
vivo e em seu micro, na tela as imagens de satélite, do monitor do radar
AN/APS-143(V), que equipa o Pégasus EC 725 e.
Comparava-as com as do
vídeo produzido pela Marinha e pela construtora Odebrecht, onde o Coordenador
do Programa ProSub (um almirante, eu o conheço, caminha aos domingos no Leblon,)
explanava o que estava sendo feito. Natasha havia editado um novo, nele
baseado. Dava ordens em russo aos pilotos para correção de rota.
- Po pravomu bortu
Visitei alguns meses atrás
o projeto e pude concluir que a mega construção do estaleiro e base estava
sendo tocada em ritmo acelerado. Os informes de que a Marinha Russa cederia
breve ao Brasil, à semelhança do que fez com a Índia, na base de leasing, um
submarino nuclear parecia transformar-se em realidade.
Natasha estava deslumbrada
com a beleza da cidade do Rio de janeiro, mostrava seu lado feminino abandonando
sua postura formal e declamava sua admiração pela vista que desfrutava.
De Itaguaí, depois de
observar a Nuclep, rumamos para Mocanguê sede da Esquadra Brasileira. Natasha não demonstrou muita atenção, já era coisa
conhecida. Sobrevoamos o Nae São Paulo, as fragatas, os submarinos, plataformas
da Petrobras, o Arsenal da Marinha, as instalações do Corpo de Fuzileiros
Navais seus Batalhões, o Centro de Armamento e a Fábrica de Torpedos. Voando
sobre o mar, vimos os navios de guerra e as lanchas da Polícia Marítima que
patrulhavam o litoral nas proximidades do Rio Centro onde ocorria a Rio+20.
Observamos com binóculos
os deslocamentos dos Chefes de Estado, ocasião em que Natasha fez um comentário
que me deixou grilado.
- Ainda bem que nem Mr.Obama, nem o Presidente Putin vieram!
-O Rio poderia se
transformar em uma nova Sarajevo.
Depois, como tivesse se
arrependido, acrescentou:
-Você sabia que o Vladimir
Vladimirovitch Putin é um católico ortodoxo igual a seu pai? Ele é fervoroso,
está ajudando a Síria contra a Irmandade Muçulmana por razões religiosas.
Regressando, pousamos no
campo de atletismo da Escola Naval, um sorridente oficial de serviço nos
aguardava, cumprimentou Natasha como uma antiga amiga. Estranhei, mais tarde
ela me explicaria que o havia conhecido na véspera no Rio Centro e o avisara do
pouso.
O Azera com o branquela na
direção já nos aguardava. Juntou os pendrives das gravações de bordo aos de música
no carro. Neles estava escrito “música no mar”. O Pégasus decolou de imediato,
sua autonomia estava se esgotando e eles teriam que voltar a São Pedro da
Aldeia.
Natasha havia se trocado
no helicóptero, usava agora um terninho preto que me fez lembrar Nicole.
O automóvel seguiu direto
para a Zona Sul, no trajeto disse que iria para o evento e me deixaria na
esquina da minha rua, o painel retrátil ficou aberto.
À noite, passando de oito
horas, ligou dizendo que passaria rapidamente pelo apartamento, que eu
estivesse pronto, iríamos jantar no Copacabana Palace, pediu que eu usasse o
blazer azul-marinho, comprado com ela na loja Armani.
Chegando a minha casa,
pegou sua valise L.V e descemos juntos. Uma Cherokee preta nos aguardava, na
direção, o comandante do helicóptero.
Natasha e eu descemos no
Hotel. Despediu-se do oficial.
-Blagodarya Olafa
Já havia reservada a mesa
para nós, pediu que a aguardasse, enquanto se trocaria. Vinte e cinco minutos
depois,ela voltava. Estava deslumbrante em um vestido Dior, longo, azul, de
seda, de um ombro só. Atrás o decote
descia à altura da cintura deixando suas costas totalmente nuas. Usava
um colar fascinante de perolas negras. Parecia mais alta. A roupa colada ao
corpo mostrava a ausência de lingerie.
Sentou-se à minha frente,
pediu-me que escolhesse o vinho, optei por um Brunello; Disse-lhe que
solicitasse o prato, Natasha dirigiu-se ao maitre, parecia que o conhecia há
tempo, e decidiu-se por Canard a L’Orange.
A toalha da mesa cobria
nossas pernas, Natasha descalçou um dos sapatos e seu pé roçava em minha perna
por baixo da calça, em um carinho de pura sensualidade. Ficou impossível não me
deixar envolver, tão forte a sensação transmitida.
Um piano se fazia ouvir,
um cantor com a voz extremamente parecida com a de Nat King Cole cantava “Love
is a Many Splendored Thing”.O tempo parecia parado em um agora de felicidade,
dançamos de rostos colados como adolescentes do século passado.
Natasha deu um ligeiro
bocejo e pensei desanimado que era sinal de despedida . Pegou minha mão.
-Vamos para o meu quarto!
Subimos, trancou a porta,
dizendo que naquela noite ela seria a Comandante, enquanto me beijava, seu
hálito de vinho me embriagava e ela tirava meu blazer, minha camisa até me
despir por completo. Ameacei tirar seu vestido, ela não deixou e pediu para que
eu o rasgasse, nunca mais o usaria. Ainda hesitante, até que ela própria passou
a guiar minhas mãos e puxou com força a abertura no ombro coberto, revelando
seus seios morenos, em contraste com as pérolas negras.
A garrafinha, ainda com
rótulo em cirílico, agora era de um óleo verde azulado, um cheiro e sabor de
hortelã adocicado, porém com os mesmos efeitos estimulantes. Perdi a noção do
tempo, sei que, nessa noite, seus suspiros foram com meu nome.
Pela manhã, o Azera me levou
para casa e Natasha seguiu com seu terninho de executiva para a Conferência.
Quando saí do carro, falou
que logo eu teria notícias dela.
Em casa, exausto como se
tivesse corrido a maratona, ainda tive forças para subir até a suíte do
terraço. Nenhum vestígio da presença de Natasha, a não ser o vidrinho vazio de
letras russas.
Desci; no lavabo, a escova
de dente usada uma única vez, era a lembrança.
Mais tarde, copiei o que
estava escrito na garrafinha.
Tradução: Afrodisíaco de
ação penetrante, contém ginseng, pó de dente de tigre e de barbatana de
tubarão.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com
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