Luciana e Mercedes
Estamos na
Padaria Rio Lisboa, nosso cafezinho habitual das onze e trinta. Luciana passa,
vira-se para mim e diz:
-Vou hoje
à noite!
Domingos,
ex-superintendente da Receita Federal do Rio, muito parecido com o Zé Dirceu,
entendendo que ela iria à minha casa, irreverente, comenta em voz alta:
-Aí hein!
Hoje tem!
Luciana
está com mais de setenta, é morena, tem traços angulosos de sua ascendência
indígena, ainda conserva seu porte elegante de mocinha.
A Mercedes
vai fazer trinta e nove anos em Janeiro, está parecendo novinha. Era minha, mas
ficou com o meu filho quando tinha vinte. Nunca deixei de pegá-la.
Mercedes é
o meu carro que acabei de reformar. Quase bati com ele, quando vi Luciana pela
primeira vez. Ela era bem jovem, estava atravessando a Delfim Moreira, vindo da
praia, usava um maiô preto bem cavado; o biquíni ainda era raro.
Luciana
não casou, é filha de um militar de alta patente, já falecido, recebe uma
pensão que lhe possibilita viajar de classe executiva para o exterior. Ela tem
um namorado que é milionário e mora do outro lado do mundo.
Quando
falou comigo na Rio Lisboa, queria dizer que estaria viajando para Kuala Lumpur
para ir ao seu encontro.
Autor:
Munir Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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