A MULHER SOLITÁRIA 2
(Rica)
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Luiz estava com seu cachorro em um banco na
pracinha do final do Leblon. Manhã de sol, pouco vento, dez horas, Luiz e seu
cão Zug gozavam as delícias do vento leste que vinha do Arpoador. O Zózimo
imóvel, em pé ao lado de sua máquina de escrever portátil, contemplava as
pedras daquela ponta, onde, a quatro quilômetros, se sentava também em um banco
de madeira seu colega Millor.
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Luiz tirou a camisa, queria aproveitar o calor e os
raios solares que catalisavam e fixavam o cálcio e a vitamina D que tomara no
pequeno almoço.
Zug, um Cavalier King Charles de pelagem branca e
castanha, já cansado de brincar, dormitava a seus pés.
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A mulher loura ainda jovem, cabelos longos, de
vestido preto colado justo ao seu corpo de modelo, parecia ter se esquecido de
tirar o pijama de seda, havia enrolado a parte de baixo que se soltara.
Sandálias vermelhas de salto complementavam sua bela figura exótica.
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Sentou-se ao lado de Luiz. A pele bem cuidada, seu
porte e elegância denunciavam sua classe.
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Descansou o braço no encosto do banco e sua mão
quase tocou o ombro do dono do cachorrinho.
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Perguntou se ele era bonzinho. Diante da resposta
afirmativa começou a brincar com ele.
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-Eu queria tanto ter um animalzinho para me fazer
companhia. Divorciei-me, não tem três meses, moro em São Conrado, minha irmã
mora aqui no Leblon, vim trazer meu sobrinho de volta, sai atrasada, nem tive
tempo de me arrumar.
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-Como se chama o cãozinho? Meu nome é Nicole.
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Exalava frescor, perfume e feromônios!
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-O mar está lindo. Estou sem biquíni, vou dar um
mergulho assim mesmo.
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Mostrou ser exímia nadadora, o mar estava batendo,
surfistas pegavam ondas com suas pranchas e ela ultrapassou a arrebentação.
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Tinha deixado as sandálias e as calças do pijama
com Luiz.
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O Zug já estava roendo as sandálias quando ela
voltou. Seu vestido se colara mais ao seu corpo quase a desnudando.
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-Apanhei muito sol, abusei e o pior, meu creme de
caviar La Prairie está acabando, ainda bem que estou indo a Paris e Geneve, vou
comprar um estoque.
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-Você não gostaria de levar o Zug para passear?
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Meu Volvo está parado ali na Delfim. Estou indo
para o meu apartamento, ele iria gostar de subir a Niemayer de carro.
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Luiz desculpou-se, levantou-se, voltando para casa,
Zug, olhando para trás, puxava-o para voltar.
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Natasha o aguardava para um café.
Autor:
Munir Alzuguir
E-Mail:
alzumunir@gmail.com
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