segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Comte. JUPY discursa diante do mausoléo do Alte Saldanha

Estamos aqui reunidos, como costumamos fazer nesta data, anualmente, para homenagear o grande Chefe Naval que foi Luiz Philippe de Saldanha da Gama, que em 12 de abril de 1884 fundou o Clube Naval e foi seu primeiro presidente. É importante considerar esse ilustre militar como se ainda estivesse entre nós, por mais que saibamos que a ocasião em si já remonta a lembranças distantes.É fascinante a história desse homem do Século XIX, cujo caráter nos faz cultuá-lo até o presente. Trata-se de retomar um elo com algo que perdemos em algum lugar no tempo e nos mares da vida.Como não perdemos esse elo totalmente, é com um esforço absolutamente compreensível que fixamos os olhos do alto dos passadiços de nossos navios para tentar vislumbrar cidadãos mais responsáveis, um país mais justo, um mundo menos violento, onde possamos, enfim, ancorar nossos destinos e crer na possibilidade de enfrentar mares mais tranquilos. E, sem dúvida alguma, o Almirante Saldanha da Gama é uma inspiração para que possamos manter nossos horizontes plenos de confiança no futuro.Sua dedicação à vida militar permanece como exemplo de liderança inconfundível, princípios morais e ética inabaláveis e tantas outras notáveis qualidades que em muito orgulham e engrandecem seus descendentes, a Marinha do Brasil e a Nação Brasileira.Seus biógrafos esmeraram-se em contar uma vida pontuada por feitos heróicos. Para nós, nesta ocasião, seria muito extenso e, por isso, até mesmo incompatível enumerar todos os grandes momentos históricos atribuídos a Saldanha da Gama. Cabe-nos, no entanto, ressaltar que desde muito cedo ele manifestou extrema vocação para a defesa da Pátria.Com apenas 15 anos, em 1861, foi o primeiro colocado no concurso para a Escola de Marinha, instituição que deu origem à atual Escola Naval, tornando-se, assim, aspirante a guarda-marinha com desempenho brilhante ao longo de todo o curso. Em 1864, aos 18 anos, o guarda-marinha Saldanha da Gama viveria sua primeira experiência de guerra: a Campanha do Prata. Embarcado na canhoneira RECIFE, capitânia da Esquadra Imperial Brasileira, então sob o comando do Vice-Almirante Barão de Tamandaré, recebeu seu batismo de fogo. Na tomada de Paissandu pelos navios brasileiros, Saldanha da Gama foi o porta-bandeira do 1º pelotão de fuzileiros da Esquadra que conduziu ataque à cidade. Inúmeras campanhas seguiram-se e Saldanha delas participou sempre com bravura e coragem, sobressaindo-se em Curupaiti, Timbó e Angustura. Finda a guerra, com apenas 23 anos, já no posto de capitão-tenente, regressou vitorioso ao Rio de Janeiro.Deu continuidade à carreira com total brilhantismo e muito entusiasmo. Comandou nada menos do que seis navios de guerra, os quais em sua gestão primaram pelo impecável aspecto marinheiro e sempre tripulados por homens altamente adestrados e muito disciplinados. Aos 38 anos, como capitão-de-fragata, assumiu o comando do cruzador BARROSO, então orgulho da construção naval brasileira. Seu derradeiro comando no mar, ocupando o posto de capitão-de-mar-e-guerra, foi no encouraçado RIACHUELO, o mais poderoso navio de guerra nacional da época. Exerceu ainda vários cargos e funções da mais alta relevância no país e no exterior, sendo muitas vezes indicado pelo próprio Imperador D. Pedro II para representar o Brasil em exposições, simpósios, missões de caráter científico e outras atividades. Aos 45 anos, alcançou o posto de contra-almirante.Decorridos dois anos, no auge de sua capacidade física, intelectual e profissional e desfrutando de grande prestígio entre seus pares e superiores hierárquicos, após difícil e dolorosa decisão, Saldanha rebelou-se em defesa de convicções políticas que julgava as mais acertadas, abdicando de uma carreira já repleta de realizações e com um futuro por demais promissor. No entanto, os 32 anos de relevantes serviços prestados à Marinha por Saldanha jamais deixarão de ser reconhecidos e sempre serão exaltados a cada ano, porque as nossas esperanças precisam de tais estímulos para ser constantemente renovadas.É fundamental que homens de sua estirpe sejam permanentemente lembrados. De certa maneira, suas vidas são como faróis que nos orientam como defender e a amar a Pátria, e Saldanha da Gama é um desses faróis. Ele é capaz de levar-nos, hoje, àquilo que às vezes esquecemos que abrigamos intimamente. Sim, uma luz intensa que brilha para nós, marinheiros do Brasil, e que sempre precisamos mantê-la viva para poder cumprir nossas missões e alcançar nossos objetivos com proficiência e dignidade.Vemos em Saldanha da Gama um homem que sobreviveu a combates. Um homem que liderou homens, que ajudou a formar tantos outros, que fez da sua vida a Marinha e fez da Marinha a sua vida. Saldanha da Gama permanece como um paradigma de grande marinheiro e estabelece uma conexão importante entre o século XIX e o século XXI.Reconhecemos seu sofrimento, moral e físico, ao retirar-se com dois profundos ferimentos depois da tentativa de ocupar Niterói em nove de fevereiro de 1894, quando se envolveu em terrível luta fratricida durante a Revolta da Armada. Ver a munição acabando, seus homens sofrendo de beribéri e a sensação de que tudo estava chegando ao fim.Essa coragem é o símbolo da firmeza de caráter de Saldanha da Gama, que manteve inabaláveis as suas crenças até as últimas consequências. Não nos cabe tecer comentários sobre as motivações políticas das guerras das quais ele participou, já que tentamos hoje aqui chamar esse homem aos nossos sentimentos. Cabe-nos meditar sobre a fidelidade que ele dedicou àquilo em que acreditava. É essa fidelidade que comemoramos hoje.Se, curiosa ou ironicamente, a curta existência do Almirante Saldanha da Gama teve fim longe dos conveses dos navios que tanto amou, aos 49 anos de idade, em Campo-Osório, RS, caindo do seu cavalo e sendo seu corpo transpassado por lanças portadas por homens que sequer sabiam da sua importância, reconhecemos que as justas homenagens prestadas a esse excepcional oficial de Marinha e grande figura de nossa história serão sempre insuficientes, mas autênticas.Assim, seu nome é ostentado em vários logradouros e estabelecimentos por todo país e permaneceu gravado, por longos anos, na popa de um navio-escola da Marinha brasileira: o incomparável “ALMIRANTE SALDANHA”. E foi em 1908, por iniciativa liderada pelo Clube Naval, que seus restos mortais foram transladados de terras uruguaias para o Brasil e aqui repousam dignamente.Se ainda não tínhamos como certa a necessidade de estarmos hoje aqui, agora sabemos: nossas crenças precisam ser inabaláveis como a deste homem que tão nobremente nos inspira.Esse farol que ele foi deve manter sua luz sempre acesa para que oriente nossos navios e os homens que os tripulam, mantendo-os permanentemente motivados para singrar os mares impondo respeito e altivez em defesa de nossa soberania. Esse homem, o inesquecível Almirante Luiz Philippe de Saldanha da Gama, não foi apenas um herói de seu tempo: ele é um herói até hoje, e sempre o será.Estamos aqui reunidos, como costumamos fazer nesta data, anualmente, para homenagear o grande Chefe Naval que foi Luiz Philippe de Saldanha da Gama, que em 12 de abril de 1884 fundou o Clube Naval e foi seu primeiro presidente. É importante considerar esse ilustre militar como se ainda estivesse entre nós, por mais que saibamos que a ocasião em si já remonta a lembranças distantes.É fascinante a história desse homem do Século XIX, cujo caráter nos faz cultuá-lo até o presente. Trata-se de retomar um elo com algo que perdemos em algum lugar no tempo e nos mares da vida.Como não perdemos esse elo totalmente, é com um esforço absolutamente compreensível que fixamos os olhos do alto dos passadiços de nossos navios para tentar vislumbrar cidadãos mais responsáveis, um país mais justo, um mundo menos violento, onde possamos, enfim, ancorar nossos destinos e crer na possibilidade de enfrentar mares mais tranquilos. E, sem dúvida alguma, o Almirante Saldanha da Gama é uma inspiração para que possamos manter nossos horizontes plenos de confiança no futuro.Sua dedicação à vida militar permanece como exemplo de liderança inconfundível, princípios morais e ética inabaláveis e tantas outras notáveis qualidades que em muito orgulham e engrandecem seus descendentes, a Marinha do Brasil e a Nação Brasileira.Seus biógrafos esmeraram-se em contar uma vida pontuada por feitos heróicos. Para nós, nesta ocasião, seria muito extenso e, por isso, até mesmo incompatível enumerar todos os grandes momentos históricos atribuídos a Saldanha da Gama. Cabe-nos, no entanto, ressaltar que desde muito cedo ele manifestou extrema vocação para a defesa da Pátria.Com apenas 15 anos, em 1861, foi o primeiro colocado no concurso para a Escola de Marinha, instituição que deu origem à atual Escola Naval, tornando-se, assim, aspirante a guarda-marinha com desempenho brilhante ao longo de todo o curso. Em 1864, aos 18 anos, o guarda-marinha Saldanha da Gama viveria sua primeira experiência de guerra: a Campanha do Prata. Embarcado na canhoneira RECIFE, capitânia da Esquadra Imperial Brasileira, então sob o comando do Vice-Almirante Barão de Tamandaré, recebeu seu batismo de fogo. Na tomada de Paissandu pelos navios brasileiros, Saldanha da Gama foi o porta-bandeira do 1º pelotão de fuzileiros da Esquadra que conduziu ataque à cidade. Inúmeras campanhas seguiram-se e Saldanha delas participou sempre com bravura e coragem, sobressaindo-se em Curupaiti, Timbó e Angustura. Finda a guerra, com apenas 23 anos, já no posto de capitão-tenente, regressou vitorioso ao Rio de Janeiro.Deu continuidade à carreira com total brilhantismo e muito entusiasmo. Comandou nada menos do que seis navios de guerra, os quais em sua gestão primaram pelo impecável aspecto marinheiro e sempre tripulados por homens altamente adestrados e muito disciplinados. Aos 38 anos, como capitão-de-fragata, assumiu o comando do cruzador BARROSO, então orgulho da construção naval brasileira. Seu derradeiro comando no mar, ocupando o posto de capitão-de-mar-e-guerra, foi no encouraçado RIACHUELO, o mais poderoso navio de guerra nacional da época. Exerceu ainda vários cargos e funções da mais alta relevância no país e no exterior, sendo muitas vezes indicado pelo próprio Imperador D. Pedro II para representar o Brasil em exposições, simpósios, missões de caráter científico e outras atividades. Aos 45 anos, alcançou o posto de contra-almirante.Decorridos dois anos, no auge de sua capacidade física, intelectual e profissional e desfrutando de grande prestígio entre seus pares e superiores hierárquicos, após difícil e dolorosa decisão, Saldanha rebelou-se em defesa de convicções políticas que julgava as mais acertadas, abdicando de uma carreira já repleta de realizações e com um futuro por demais promissor. No entanto, os 32 anos de relevantes serviços prestados à Marinha por Saldanha jamais deixarão de ser reconhecidos e sempre serão exaltados a cada ano, porque as nossas esperanças precisam de tais estímulos para ser constantemente renovadas.É fundamental que homens de sua estirpe sejam permanentemente lembrados. De certa maneira, suas vidas são como faróis que nos orientam como defender e a amar a Pátria, e Saldanha da Gama é um desses faróis. Ele é capaz de levar-nos, hoje, àquilo que às vezes esquecemos que abrigamos intimamente. Sim, uma luz intensa que brilha para nós, marinheiros do Brasil, e que sempre precisamos mantê-la viva para poder cumprir nossas missões e alcançar nossos objetivos com proficiência e dignidade.Vemos em Saldanha da Gama um homem que sobreviveu a combates. Um homem que liderou homens, que ajudou a formar tantos outros, que fez da sua vida a Marinha e fez da Marinha a sua vida. Saldanha da Gama permanece como um paradigma de grande marinheiro e estabelece uma conexão importante entre o século XIX e o século XXI.Reconhecemos seu sofrimento, moral e físico, ao retirar-se com dois profundos ferimentos depois da tentativa de ocupar Niterói em nove de fevereiro de 1894, quando se envolveu em terrível luta fratricida durante a Revolta da Armada. Ver a munição acabando, seus homens sofrendo de beribéri e a sensação de que tudo estava chegando ao fim.Essa coragem é o símbolo da firmeza de caráter de Saldanha da Gama, que manteve inabaláveis as suas crenças até as últimas consequências. Não nos cabe tecer comentários sobre as motivações políticas das guerras das quais ele participou, já que tentamos hoje aqui chamar esse homem aos nossos sentimentos. Cabe-nos meditar sobre a fidelidade que ele dedicou àquilo em que acreditava. É essa fidelidade que comemoramos hoje.Se, curiosa ou ironicamente, a curta existência do Almirante Saldanha da Gama teve fim longe dos conveses dos navios que tanto amou, aos 49 anos de idade, em Campo-Osório, RS, caindo do seu cavalo e sendo seu corpo transpassado por lanças portadas por homens que sequer sabiam da sua importância, reconhecemos que as justas homenagens prestadas a esse excepcional oficial de Marinha e grande figura de nossa história serão sempre insuficientes, mas autênticas.Assim, seu nome é ostentado em vários logradouros e estabelecimentos por todo país e permaneceu gravado, por longos anos, na popa de um navio-escola da Marinha brasileira: o incomparável “ALMIRANTE SALDANHA”. E foi em 1908, por iniciativa liderada pelo Clube Naval, que seus restos mortais foram transladados de terras uruguaias para o Brasil e aqui repousam dignamente.Se ainda não tínhamos como certa a necessidade de estarmos hoje aqui, agora sabemos: nossas crenças precisam ser inabaláveis como a deste homem que tão nobremente nos inspira.Esse farol que ele foi deve manter sua luz sempre acesa para que oriente nossos navios e os homens que os tripulam, mantendo-os permanentemente motivados para singrar os mares impondo respeito e altivez em defesa de nossa soberania. Esse homem, o inesquecível Almirante Luiz Philippe de Saldanha da Gama, não foi apenas um herói de seu tempo: ele é um herói até hoje, e sempre o será.



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