sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CONTOS DO MUNIR - 6

O SUBMARINO SOVIÉTICO

O contratorpedeiro Centauro, de bandeira brasileira, navegava escoteiro executando manobras que o credenciariam para a Operaçâo Unitas.
A bordo, um oficial superior comandante de um submarino, orientando os exercícios anti-submarinos. Súbito, ele alerta ter avistado um periscópio.
O sonar é avisado, binóculos são distribuídos e tem início uma procura intensa na área aproximada do alvo.
O submarino brasileiro Guarani realizava, também, sozinho, seus exercícios em uma distância considerável, e que tornava praticamente impossível ser o seu periscópio.
Pouco tempo depois, a estação rádio do contratorpedeiro, informa ter captado uma transmissão em russo. A bordo do Centauro ninguém falava russo, além do mais o texto parecia estar truncado. A mensagem recebida pela estação rádio e que alguém havia dito que era russo foi remetida ao Estado-Maior, que começou a quebrar a cabeça procurando decifrá-la.
O exercício passou a ser real, o navio entrou em postos de combate, pronto para a guerra.
A ordem do Estado-Maior foi permanecer na área, procurar manter contato, determinar que o submarino viesse à superfície, uma vez que ele estava em águas territoriais brasileiras.
Para isso o Estado-Maior enviou algumas palavras encontradas em um antigo dicionário português-russo, confiscado em um aparelho nos idos de 70, e que deveriam ser passadas por telefone para o submarino. Literalmente as palavras eram: “suba” e “superfície”.

O submarino Guarani recebeu ordem de permanecer na superfície e rumar para a área de operações do contratorpedeiro, a fim de participar na caçada ao submarino pseudo-soviético.
Ficou estabelecido que a operação em curso passaria a ser dirigida pelo oficial submarinista a bordo do contratorpedeiro, em face de sua antiguidade e seus conhecimentos.
Foi montado o plano de busca Tomato A 2 que consistia em percorrer quadrados crescentes em torno da última possível posição localizada do alvo.
O Guarani parece que detecta alguma coisa que classifica como possível submarino. A euforia toma conta das guarnições.
O sonar do contratorpedeiro igualmente mostra o contato e parece não haver mais dúvidas de que o invasor tenha sido descoberto.
Os oficiais e marinheiros da equipe do Centro de Operações de Combate do contratorpedeiro são parabenizados e trocam congratulações com o time do Guarani em um rasga seda de mensagens que só cessa com a intervenção dos comandantes.
O Estado-Maior consegue traduzir algo da mensagem que dizia: “forte ameaça (palavras não traduzidas) ao sul”, o resto da mensagem truncado. Um oficial do Estado-Maior se lembra que na Diretoria de Hidrografia e Navegação existe um companheiro que estuda russo, a mensagem é retransmitida para lá.
A surpresa...
No mar a majestosa baleia parece estar brincando com seu filhote ensinando-o a respirar.
O espetáculo merece ser visto e a caçada é esquecida, mas valeu a pena.
O oficial da DHN esclarece que a mensagem é um alerta geral de uma estação meteorológica soviética com o seguinte significado: ”forte ameaça de tempestade em formação iniciando-se ao sul na Sibéria”

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