quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CONTOS DO MUNIR - 50

O MENINO E A GALINHA
Era uma vez um menino que nunca havia visto uma galinha viva. Ele gostava de jogar futebol. Perto de sua casa, havia um campinho em uma clareira no final da subida de uma vila.

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O entorno do outro lado da rua onde ele morava era todo assim. Constituía o acesso a uma montanha de pedra, no alto:- um palacete branco com o nome do dono pintado em letras pretas garrafais, visíveis a longa distância.

Era de um italiano que capengava, lá morava sua família, os filhos subiam e desciam o morro todos os dias para ir ao colégio de freiras.

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Anos mais tarde o monte virou uma favela dominada por traficantes, a mansão foi invadida e até hoje, passados vinte anos os herdeiros brigam na Justiça.

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A primeira residência dava frente para a rua, vivia ali a artista Isis Maldonado, de filmes e televisão. A garotada ficava espreitando para vê-la.
Na moradia de número três uma bela jovem recém-casada sempre se atrapalhava com as novas funções de dona de casa. Ora faltava o pó de café, ou o açúcar para a média do marido já mais idoso, que saia cedo para o trabalho.
A moça competia com a artista em beleza e curvas, os guris do esporte não deixavam de olhá-la.

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Nosso herói descendo do jogo, suado e machucado foi ver o que a moça da casa três queria, quando o chamou, ela lhe pedia se ele não poderia matar uma galinha; iria fazer uma canja para o jantar.
Vestia um robe azul transparente e só.

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Meio assustado ou pela galinha que se debatia com os pés amarrados ou pela atração física despertada, nosso amigo, sentindo-se não muito a vontade com o seu suor, e sujo de sangue, inventou uma desculpa esfarrapada e fugiu.
Depois de tomar banho colou “band-aids” nos arranhados e sentiu um desejo imenso de lá voltar.

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(Interrompendo nossa história:- creio que já conhecem a do carvoeiro chamado ao castelo por uma dama para entregar um saco de carvão e lá chegando, mesmo coberto de pó, foi assediado sexualmente. Regressou à carvoaria mergulhou na banheira e foi ao encontro da diva. Foi recebido assim:- “A hora do carvoeiro já passou”)

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Nosso imberbe não conhecia esse enredo e ansioso, cheio de coragem para matar uma galinha subiu a avenida.
A dona o recebeu ainda usando o mesmo penhoar, e vendo-o de roupa trocada, disse que o sangue que espirraria do pescoço da galinha iria manchar sua camisa. Seria melhor que ele a tirasse.

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O rapaz um pouco mais alto levantou os braços, a moça se pôs nas pontas dos pés para ajudá-lo encostando-se a ele, o robe se abriu mostrando seus seios. Instintivamente, seios e torso nu colaram-se. Pele e carne vibrantes de desejo, ambos excitados pela proximidade se envolveram em um ritual frenético de amor. .

Não teve canja
Autor: Munir Alzuguir

E-Mail:alzumunir@gmail.com

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