domingo, 14 de novembro de 2010

CONTOS DO MUNIR-52

FEMININA FANTASIA FICÇÃO
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Eu me lembro.......
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Do tempo do primário, no colégio de freiras, turmas separadas, uma varanda onde as meninas ficavam no recreio, l. irmã do Ciro, guria morena, achei linda, de sete anos, eu com oito, ela retendo a minha mão, a sensação nunca sentida.
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De C. lourinha, que gostava de R. e não ligava para mim.
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De N. quando brincávamos de medico, eu sempre o doente; mais tarde foi cuidar do Z.
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De T. mulata exuberante, tomando banho na bacia, olho no buraco da fechadura disputado.
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De M.J. pretinha, que ia me buscar na escola, me socorrendo e espantando os moleques, quando, sem conhecer as leis da física, saltei do bonde andando e levei um tombo.
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De M.da G. que trabalhava lá em casa, quando abri a torneira do filtro, me deu um beijo, fui ao encontro dela pra namorar, meu irmão mais velho descobriu e me bateu.
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De B. irmã de P., filhas do guarda-civil chamado Barnabé que me deu um beijo na boca.
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De Lu. a quem dei um gerânio, e depois tive que brigar com M. seu pretenso namorado.
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De R. ruiva, lembrava uma artista de cinema, morava longe.
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De D. brincamos juntos um carnaval, andava com uma gangue do Grajaú, fui lá duas vezes.
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De M. (canção de Dorival Caymmi) paguei muitas passagens para ela, estudávamos na mesma escola e me vendeu algumas rifas, tinha olhos verdes, eu só ia pra casa subindo pela rua onde ela morava. Meu coração partido, quando a vi passeando de mãos dadas com um tenente da marinha. Muitos anos mais tarde a encontrei viúva, os olhos verdes, ainda lindos, sumidos no rosto agora redondo. A primeira coisa que me disse:- Engordei, não é? E eu indiferente:- É.
Juro que não foi mágoa.
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De F. morava em frente, da janela me sorria, um dia vi roubarem as cadeiras da varanda da sua casa, não consegui pegar o ladrão. Meu prédio não tinha elevador.
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De N. morena de olhos castanhos, cabelos longos, lisos naturais, naquele tempo não tinha escova progressiva. Filha de pai negro e mãe branca, uma bela combinação. Namorava um cadete que só via de quinze em quinze dias.
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De K. nome estranho, morava no subúrbio. Fui uma vez, muito longe.
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De E. havia rompido com um médico, derramava lágrimas quando me beijava.
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De J. pontual, tirava a blusa com a janela aberta, quando chegava do trabalho,espiávamos pela persiana, a luz do quarto apagada. Acho que ela sabia.
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De G. matamos aula e fomos passear na Quinta da Boa Vista. Um primo, oficial do exercito que andava de moto, viu e me dedurou. Levei um puxão de orelhas de meu pai.
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Da moça da casa de luz vermelha que me perguntou se eu era vigem e tinha menos que dezoito anos, diante da minha resposta afirmativa, disse:- “Volta pra casa menino!”
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De D. tomamos um banho de água gelada, jogada por alguém do prédio, quando estávamos conversando na porta do edifício.
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Da Dona C. mãe corpulenta do Zeca, com quem eu havia brigado e feito as pazes; vinda da cozinha me ofereceu balas segurando o saquinho em uma das mãos, a outra escondida nas costas. Vi, pelo espelho da cristaleira da sala, a faca. Sai correndo. Tenho trauma até hoje.
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De V.J. tinha dois ou três namorados, um dia em sua casa, atendi ao telefone enquanto ela estava no lavabo, eu disse:- “Alô,” desligaram. Em quinze minutos tinha um cara gritando furioso na porta.
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De L.M. dizia que o meu dedão do pé era igualzinho ao do pai dela, que ela gostava de morder quando menina.
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De Se. a gente via a lua cheia pela janela do quarto.
De Si. ex-namorada de meu irmão, eu vinha ao Leblon para namorar nos degraus da praia vendo o mar.
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De Fl. Assistimos corrida de submarinos no Arpoador.
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De R. usava biquíni cavado, escrevia cartas molhadas de lágrimas, quando voltei, a encontrei namorando um piloto da Varig.
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De M.H. filha do Governador de uma ilha, possessão francesa, no Oceano Índico, dançando com ela, perguntou se eu havia gostado da minha caminhada na orla pela manhã. Indaguei como ela sabia. Respondeu com a sua graciosidade de menina: “Mon petit doigt m’a dit”. Trocamos correspondências que eram censuradas pelo capelão de bordo.
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De V.V. solicitando que fosse vê-la fardado na porta da Câmara. Fui. O político apareceu, ela seguiu com ele. Depois recebi um convite para seu casamento, me agradecendo, e rogando que eu não fosse.
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De E. moça casada, chamando, eu menino, para matar uma galinha para o almoço e entregando a faca para cortar. Vestia um robe azul transparente e nada mais. Não matei a penosa e fugi.
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Depois eu conto mais, se for solicitado.
Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

Um comentário:

  1. olá Munir..... sou eu a Sulamita..
    adoro suas historias.. continue escrevendo.. valeu.
    bjãoOO

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