sábado, 9 de julho de 2011

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG-O RESTAURANTE (cap. 1)

O Restaurante


Capítulo 1

Como sempre, eu estava naquele dia, no “Carioca”, simpático restaurante no centro da cidade do Rio de Janeiro, onde almoço todos os dias da semana, logo após o expediente da manhã, na empresa onde sou escriturário. Tenho lá meu lugar reservado, sempre rigorosamente às 13:15h. Os proprietários e “chefs” do “Carioca” são um jovem casal, Pedro e Patrícia, que passei a conhecer e considerar quase parte de minha família. Eles servem uma deliciosa comida, bem leve e adequada ao dia a dia. O nome é inventado por razões óbvias, que logo vocês saberão.
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Gosto tanto do local, que vou lá até mesmo aos sábados, que é quando eles servem uma feijoada levíssima. É raro encontrar um local no Centro, que funcione aos sábados. Lá as carnes são selecionadas sem gordura, mantendo, porém, um sabor incrível. Há também um belo buffet, com tudo o que se possa imaginar para acompanhar o prato principal. O que mais gosto é uma deliciosa carne seca desfiada com cebola. Mesmo em pleno verão, a feijoada deles sempre cai muito bem. Tranquilamente dispensei a empregada lá em casa, e agora só tenho uma faxineira, que vem de vez em quando. Raramente janto, apenas fazendo um lanche em casa mesmo. Só aos domingos, quando o “Carioca” está fechado, vou a outro restaurante.
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Reparei naquele sábado, na mesa ao lado uma lindíssima mulher, com uma saia cor de café com leite, blusa azul, alta, longos cabelos castanhos escuros e profundos olhos azuis. Ela certamente era, ao que tudo indicava, uma executiva de alto nível.
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Lógico que não conseguia tira os olhos daquela aparição. Da posição em que eu estava, conseguia vez por outra vislumbrar um pedaço de suas calcinhas, além de um par de pernas alucinógenas. Parecia-me que ela me mostrava tudo de propósito, mas ao mesmo tempo aparentava uma naturalidade tão grande que quase me convencia não perceber que estava assim tão exposta. Para culminar e para o meu assombro, uma mulher tão gostosa como ela me retribuía, lançando olhares pra lá de chamativos. Ora, sou solteiro e naturalmente levantei-me e fui cumprimentá-la:
- Olá! A vida é uma coisa estranha! Falei. Eu não conheço você e nem você a mim, mas anote tudo, pois daqui a poucos anos relembraremos com carinho esses momentos. Meu nome é Marcos, qual é o seu? Ela reagiu de modo inesperado:
- Como? Você está louco? Ela falou. Devo estar sendo mal interpretada! Não lhe dei esse direito! Disse ela, com um delicioso sotaque estrangeiro que não consegui definir. Eu achei curioso, pois o seu olhar era tão pidão, que era à prova de mal entendidos! O pior é que ela mantinha aquele olhar convidativo, mesmo ao negar o seu interesse!
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- Desculpe-me! Disse eu. Devo realmente ter mesmo entendido errado! Voltei para a minha mesa, frustrado por ter estragado uma das minhas melhores “cantadas”. Concluí que ela possuía algum tipo de desvio ocular, que me daria aquela impressão equivocada.
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A partir daquele dia tornei a vê-la várias vezes, sempre aos sábados. As vezes ela estava sozinha, ora acompanhada de outras pessoas, que pareciam estrangeiras também, pois falavam português com um sotaque carregado, ou uma língua estrangeira, que eu não conseguia identificar. Divertia-me ao olhá-los, pois eram todos meio atrapalhados com o manejo dos talheres; Volta e meia deixando algo cair ao chão. Ela estava como sempre, muito linda.
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Ela era realmente muito atraente e aquele olhar para mim me cativava tanto, que morria de inveja dos amigos que frequentavam a sua mesa. Além de ficar super excitado com o show de pernas e calcinhas, que continuava. Num dos dias em que ela estava sozinha, resolvi insistir, sendo novamente repelido com veemência. Mas eu sou persistente e daquela vez, esperei que ela saísse e resolvi segui-la. Não sabia ainda como faria para abordá-la e deixei o destino decidir como seria.
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Ela saiu do restaurante, e dobrou uma esquina entrando numa das ruas estreitas que existem no Centro do Rio. Quando dobrei a rua, tentando acompanhar seus rápidos passos, ela tinha sumido! Olhei para todos os lados e como todas as portas estavam fechadas, fiquei estarrecido.
(continua...)
Autor:José Frajtag
E-Mail: josefrajtag@ymail.com

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