sábado, 2 de julho de 2011

CONTOS DO MUNIR - 69

Visita

Parte 4

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No outro dia, feriado, Fred resolveu caminhar até a praia, desceu a Rita Ludolf, passou em frente ao Cafeína, ao Armazém do Café, de onde provinha um aroma delicioso, o Origami colado. No outro lado da rua uma doçaria chamada Colher de Pau. O Gula-Gula na esquina da San Martin e a boate ou danceteria Melt, defronte. Dobrou ali, Fred queria olhar o canal da Visconde de Albuquerque, afinal o seu sobrenome era esse. Viu o bistrô Chez L’Ami Martin e o Black Bar, onde, à noite a paquera masculina e feminina se processava; a hostess, a mais cobiçada.
Fred ficou decepcionado, quando viu o canal.
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Foi até a praia, era o final do Leblon, uma escultura em bronze em tamanho natural, homenageava o antigo colunista Zózimo, aos seus pés, uma máquina de escrever portátil Lettera 22.
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Na pracinha: Um candelabro judaico, (Chanukiá).
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Um cartaz anunciando estudos para instalar ali, uma nova Academia da Terceira Idade. Cristiane Brasil.
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Um senhor e seu filho André (André Bikes), moradores da Rocinha, consertavam e alugavam bicicletas.
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Fred alugou uma, foi pedalando. No Baixo Vovô, os gêmeos jogavam vôlei, outros assistiam, o Dr. Mario caminhava com sua bengala, usada mais por charme. Fred foi até ao Arpoador. A magia e o magnetismo do lugar agitaram novamente suas endorfinas, o ISH ali era também elevado.
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Voltou pela Aristides Espínola. No princípio da rua, Mercedes, BMWs, Volvos e Ferraris estacionados, seus donos almoçando no Antiquarius.
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O Veloso se agitava, rapazes e moças bebendo chope; as moças, de shortinho, sentadas em cima das mesas por falta de espaço.
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Fred foi dar bem em cima da Diagonal e da Guanabara, onde em uma mesa comprida se reuniam aproximadamente 17 pessoas. Estavam comendo cozido feito na casa de alguém da turma, garrafas de vinho, chilenos, franceses e uísque de doze anos, também trazidos, embelezavam a toalha branca.
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O dono da Pizzaria, o espanhol Chico Recarey, não se importava muito. Eles, além de consumir muito chope, eram uma atração para novos clientes. E mais: alguns eram fiscais de renda aposentados, todos ricos: donos de Shoppings, postos de gasolina, imobiliárias, corretores da Bolsa, advogados de sucesso e alguns almirantes não tão ricos. Moravam na Delfim Moreira ou em coberturas nos arredores.
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Uma senhora idosa apareceu, vendendo canetas esferográficas parecia uma daquelas feiticeiras de histórias em quadrinhos. O Leão (antigo rigoroso fiscal de rendas, creio que foi ele quem batizou o Imposto de Renda) sempre comprava umas dez, o dono do Shopping a expulsava. O Tião veio com sua cara preta, sorrindo com seus dois únicos dentes, usando dois chapéus, batucava um pandeiro, cantava desafinado. O grupo se apressava a dar logo os trocados para que ele sumisse. Recolhia as moedinhas em um dos chapéus e se mandava.
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Quando passava uma moça bonita, todos batiam palmas.
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Fred ficou ali parado, o pessoal o chamou para que se juntasse a eles. Fred agradeceu, sentou-se junto a um canadense, que vinha de férias, uma vez por ano, adorava o Leblon, tinha um prazer enorme naquele convívio. Fred sentiu ali o intenso ISH.
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As horas passaram e carros de luxo com motoristas ou esposas apareciam para buscar os etílicos.
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O hotel de Fred é bem ao lado, ele subiu e esperou o fim do entardecer para encontrar Nicole na Livraria Saraiva.
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Ela não apareceu nem naquele dia e tão pouco na semana seguinte.
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Fred lembrou-se de algo que ela havia dito:
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A regra dos três “S” da boa presença: “Surgir, Sorrir, Sumir”.
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A série poderia terminar assim.
(Continua Parte 5 - Final - AGUARDEM)
P.S.:

Como este conto pretende ser interativo (pretensão do autor que ignora se é lido ou não) o final será escrito após sugestão dos leitores. Apelação do autor.

Autor: Munir Alzuguir
E-Mail:alzumunir@gmail.com

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