quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI

"A Corda Poderá Arrebentar"



Só pela leitura das inúmeras e a cada dia mais iradas manifestações populares contra a corrupção e a impunidade, no Brasil, não tenho qualquer dúvida de que em algum momento, a corda poderá arrebentar e aí, sim, não deveremos nos surpreender com o que iremos testemunhar em relação ao ódio que vem sendo represado nas costas de todos aqueles que já começam a ser extorquidos a partir de seus contracheques mensais, assistem incrédulos às roubalheiras, deboche, cinismo e pouco caso de autoridades, são tungados, diariamente, por superposta, continuada e desigual tributação, além de serem glosados pela Receita Federal quando têm a audácia de requerer compensação fiscal para as elevadas despesas de saúde e educação incorridas em face de idosos parentes ou demais dependentes, de fato - não necessariamente consangüíneos - em razão da absoluta ausência de um serviço público eficiente e digno para atendimento à população brasileira, nas referidas necessidades essenciais.


Chega a dar náuseas assistir a tantos desvios de conduta e de fundos públicos e, ao mesmo tempo, não podermos abater de nossas declarações de Imposto de Renda elevados valores comprovadamente pagos e documentados sob a justificativa, p. ex., de que: "seus pais têm renda própria, ele recebe 03 SM e sua mãe 01 SM. Quanto ao menor Fulano, filho de pessoas de baixa renda, que você paga a educação, saúde, roupas, alimentação, livros, etc., por não ser seu dependente direto, o benefício fiscal só poderia ser obtido se você detivesse a guarda do infante."


Em outras palavras, os pais biológicos têm que ceder o pátrio poder para que seus filhos possam vir a obter, através de terceiros, os direitos que a Constituição da República garante, mas que o Estado lhes sonega.


Dá vontade de explodir os pulmões de tanto gritar junto ao ouvido desses indivíduos que se encastelaram em centros de poder e de arrecadação voltados, tão somente para alimentar - sem remorso - a vaidade de seus egos e a multiplicação exponencial de ilegítimas ambições patrimoniais.


Enquanto isso, também somos obrigados a ver e ouvir, em horários nobres e gratuitos de nossas TV`s, raposas políticas e outros candidatos a sê-lo, utilizando-se de vozes e trejeitos infanto-juvenis, proclamarem maravilhas de si mesmos ou de seus partidos, bem como em tom de pilhéria lançarem irresponsáveis e antiéticas ameaças veladas à governabilidade do país, indiscutivelmente, dentro do melhor estilo do velho balcão de negócios herdado de governos anteriores.


Autor: Augusto Acioli de Oliveira - Economista

Rio de Janeiro

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