sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

COLUNA DO AUGUSTO ACIOLI

"Caminhantes, passageiros & motoristas"

Indiscutivelmente, nós, moradores da Cidade do Rio de Janeiro possuímos um dos mais fantásticos acervos de belezas naturais de nosso planeta, além de um povo - em sua imensa maioria - maravilhoso; pena que há mais de duas décadas não estamos conseguindo desfrutá-los.

Retornar mais cedo para casa deixou de ser um mero conselho de saúde de lavra de nosso muito querido Dr. Dráuzio "Fantástico" Varella e passou a ser uma regra de sobrevivência. As passeatas pela paz, única arma que ainda dispúnhamos, começaram a perder intensidade ou foram refreadas, à medida que seus participantes, desestimulados, passaram a perceber que elas, por mais incrível que possa parecer, se tornaram motivo de incentivo, júbilo e demonstração de poder de delinqüentes.

Além disso, diante de tantas provas, evidências, sofrimentos, internações, velórios e sepultamentos que ainda somos tristemente obrigados a testemunhar e participar, assistimos, com apenas o clique de um botão, matérias televisivas em que autoridades da área de segurança pública – através de programas com fantástica audiência - afirmam que os índices de insegurança pública na cidade do Rio de Janeiro são equivalentes àqueles obtidos nas principais cidades do mundo.

Gostaria de convidar algumas destas pessoas para caminharem, ao meu lado, em qualquer horário de movimento (óbvio, sem seguranças ou apoios logísticos, vestindo trajes civis e portando relógios, pulseiras, anéis e falando ao telefone celular) ao longo de toda a Avenida Rio Branco e/ou Rua São José, Avenida Presidente Antonio Carlos, Avenida Presidente Vargas, Avenida Atlântica, Avenida N. S. de Copacabana, calçadões das Praias de Copacabana, Ipanema, Leblon etc., enfim, seleção a livre escolha. Não sei se elas também aceitariam idêntico desafio em relação a determinados percursos de ônibus, tidos como "de adrenalina pura", tal qual nossa população é obrigada a fazer, diariamente, ao se deslocar através deste município. Taí, o desafio está lançado: peço, apenas, que eu seja avisado com alguma antecedência para tomar certas providências de natureza cartorária em benefício de meus herdeiros. A propósito, não vale a indicação das vítimas de sempre: ajudantes de ordem ou assessores!

A título de colaboração, reapresento algumas das mais simples sugestões que venho fazendo, infrutiferamente, ao longo dos últimos 20 anos a algumas graduadas autoridades da administração pública estadual e municipal. O dia-a-dia de nossos logradouros comprova que nenhuma providência foi tomada em relação às mesmas.

a) Novo conceito para o uso de apitos em vias públicas através da reformulação da metodologia de sua utilização na coordenação e fiscalização do trânsito da Cidade do Rio de Janeiro, conferindo-lhes uma importância tal, que somente sejam utilizados em caráter de imperativa necessidade.

Tenho plena convicção de que o município do Rio de Janeiro - com o emprego da medida proposta - conseguirá reduzir um significativo percentual do barulho existente na Cidade, um previsível e futuro contingente de pacientes surdos, uma importante causa do estresse de motoristas amadores e profissionais obrigados que são a ouvir o som ensurdecedor de apitos - operados como se fuzis fossem - todas as vezes que os sinais alternam o vermelho, o amarelo e o verde, independentemente, do fato óbvio dos condutores terem conhecimento prévio de suas responsabilidades cíveis e criminais em face da legislação que regula o uso das três cores sinalizadoras. Isto sem mencionar o fim do ridículo que tolamente passamos diante dos turistas estrangeiros que nos visitam e que ficam boquiabertos com tamanha aberração operacional;

b) Proibição Total e Imediata Paralisação da circulação de veículos que estejam promovendo o comércio de mercadorias e/ou serviços, bem como divulgando mensagens de natureza privada através de alto-falantes; não só pelo histórico desrespeito e deboche às leis de trânsito, às posturas municipais e aos contribuintes de IPTU, ISS etc, como também em defesa da segurança dos moradores do Município do Rio de Janeiro.

Quem garante que um grande contigente desses veículos entendidos ou tolerados, até hoje, como folclóricos, e que não são devidamente reprimidos pelos que deveriam se encarregar de fazê-lo, transitando, com total liberdade, aos sábados, domingos e feriados, não servem de cobertura para a circulação e distribuição de bens ilícitos, ou de estratégia para tranqüilos e precisos levantamentos de possíveis vítimas de seqüestros, roubos, mapeamentos de áreas a serem atacadas, ou para reportar a terceiros interessados, via telefone celular, a identificação e localização - todo o tempo - da ação policial nas ruas.

C) Proibição de que Cartazes e Pôsteres, de qualquer tipo, tamanho ou finalidade, sejam mantidos afixados nas janelas de veículos de transporte público e que continuem funcionando como verdadeiras cortinas de proteção para os marginais que atacam, humilham, ofendem, agridem e matam usuários e os que neles trabalham, transformando uma simples e banal viagem de ônibus em fila de espera no Corredor da Morte. Isto sem mencionar que também impedem os motoristas de usarem o retrovisor interno, os trocadores de prestarem apoio visual ao condutor e os passageiros de se defenderem em caso de uma colisão traseira. Em minha opinião, este tipo de mercadologia deveria ser alvo de imediata ação do ministério público estadual;

D) Rigorosa Fiscalização da limpeza das calçadas fronteiras a todos os estabelecimentos comerciais da Cidade, principalmente, aquelas diante de pontos de alimentação, e que têm sido responsáveis por graves acidentes e impunes fraturas geradas por quedas sofridas pelos transeuntes ao patinarem na gordura rotineiramente nelas despejadas, diariamente, ao final do horário de funcionamento ou mesmo durante a madrugada, por alguns proprietários e/ou responsáveis pelo funcionamento daquelas empresas.

Nunca li ou ouvi uma simples nota a respeito das teses que mais uma vez reapresento. Conceitos como os acima expostos são entendidos no dia-a-dia sob a ótica de "excesso de preocupação ou estresse de quem os formulou".

Finalizo com o seguinte pensamento de minha autoria:

"O conceito de Segurança Pública não deve estar circunscrito a cenários contendo armas, drogas, agressões etc, mas sim, englobando o combate a todos os agentes que dificultam ou impossibilitam a obtenção de qualquer um dos direitos constitucionais de um cidadão"

Um comentário:

  1. IVANILDO DISSE:
    Dr. Augusto, mais uma vez quero parabenizá-lo pelo excelente artigo. A Prefeitura de nossa Cidade precisa de pessoas com a sua visão, inteligência e sabedoria, para o bem estar de toda população.

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