sexta-feira, 16 de outubro de 2009

CONTO DO JOSÉ FRAJTAG -PARTE 4

Viagem de um Arquiteto- parte 4
Logo na chegada, a Las Vegas, fiquei impressionado com o nível de subsídios com que a indústria de jogos incentiva o turismo na cidade. Num hotel de altíssimo luxo, o Hilton, ao qual daríamos seis estrelas, eu estava pagando uma diária simplesmente ridícula, algo como 60 dólares, ou um terço do preço normal neste ano de 1985. No balcão do check-in ainda por cima ia tomando conhecimento de outras amenidades, tais como receber 10 dólares por dia em fichas para começar a jogar. Em seguida o atendente me solicita a minha carteira de motorista. Logo estava imaginando, que iria ganhar o aluguel de algum carrão como brinde, ato contínuo perguntei se poderia escolher a marca do carro. O atendente me olhou como se eu tivesse contado alguma piada muito engraçada. Neste exato instante percebi a minha mancada. A carteira de motorista aqui serve como identidade, e foi apenas para isto que ele a solicitou. Eu me senti um perfeito caipira.

Ficamos estupefatos com o café da manhã, num salão de altíssimo luxo, com mesas gigantescas cobertas de todos os tipos imagináveis de frutas, cereais, salsichas, lingüiças e. champanhe. Isto mesmo, os extravagantes americanos tomam champanhe no café da manhã.

Numa dessas noites, fomos jantar no restaurante “Benihana” dentro do Hilton. Foi inesquecível! É uma famosíssima cadeia de restaurantes japoneses, que existem em várias cidades americanas. Na entrada, o que chamava a atenção era um robô estatua de Buda falante, feito de borracha! "Dizia" movendo os lábios, que tinha sido expulsa do Japão por falar demais e nos convidava a conhecer o restaurante. Achei um sacrilégio, mas enfim, o japonês tem hábitos diferentes dos nossos. Foi um jantar maravilhoso com muitos pratos interessantes. O curioso é que não havia sushis ou sashimis, como era de se esperar. Os pratos são outros e as principais atrações são os próprios cozinheiros, que fazendo malabarismo com a comida, jogam ovos para o alto, quebrando-os em pleno vôo, depois os fritam na chapa, juntando os demais ingredientes que também são jogados para cima. Tudo na sua frente. Ficamos espantadíssimos quando pedimos um drinque chamado Buda. Ele veio à mesa numa estatueta de Buda em cerâmica, com um canudinho espetado em suas costas. Ora Buda é considerado quase um deus pelos orientais. Troquem Buda por Cristo e imaginem o escândalo que isto não seria.
Percorremos os grandes cassinos onde “ganhamos” alguns dólares, não por jogar, e sim por não jogar, assim não os gastamos. Somos completamente avessos a jogo, apenas apreciamos muito ver as decorações esfuziantemente luxuosas, que somente lá é possível ver. Apreciamos também, ver os shows ótimos a preço bem em conta.
Alguns dos cassinos como o Caesar's foram transformados em locais para toda a família, com salas de cinema 180o e fliperamas eletrônicos.
Este salão de jogos eletrônicos me deixou de queixo caído, pois lá já havia jogos com efeitos de 3D alucinantes e na época tudo era uma grande novidade. No incrível Caesar´s Palace, as extensas galerias larguíssimas e com os tetos pintados como se fosse o céu com nuvens, não se percebe se é dia ou noite que são passados admirando-se as dezenas de lojas lindíssimas que lá existem. Hoje está ainda mais sofisticado, porém não causa o mesmo impacto de antes.. Éramos na época como seres pré-históricos andando em locais ultramodernos.
Um “must” são os restaurantes dos Cassinos que servem “buffets” espetaculares. Lagostas, salmões defumados, cascatas de camarões, saladas maravilhosas, carnes ótimas à vontade, por preço fixo, com sucos refrigerantes e sobremesas incluídos nos preços, tudo por U$5,00!!! Em outubro de 1997 estive lá de novo, e o preço estava em U$8,00!!
Os donos dos Cassinos em sua boa parte eram antigos participantes da Máfia, e hoje são homens de bem. Brincamos a respeito, que se o mesmo acontecesse no Brasil, teríamos Cassinos com nomes bem sugestivos, como “Escadinha’s Palace”, “Uê’s Golden”, “Beira Mar” etc.
Las Vegas foi usada como ponto de partida para conhecermos o fabuloso Grand-Canyon. Lá fomos num pequeno avião Cessna, numa viagem das mais emocionantes e que exige um mínimo de coragem para enfrentar, pois o vôo é a baixa altura, a sensação de que se vai cair é constante, principalmente devido à fama destes pequenos aviões. Mas o resultado final é o de um passeio, que ficará para todo o sempre em minha memória.
Em Miami, que já conhecíamos de viagens anteriores, só teríamos dois dias. Aproveitamos pouco no primeiro dia, pois em nossos pensamentos ainda estava o sentimento da perda, pois estávamos ali em função do terremoto ocorrido no México. Mas aos poucos essa idéia foi sendo substituída pela alegria de estarmos vivos e de termos a chance de aproveitar a nossa vida da melhor maneira possível. Alugamos um carro e fomos ver Monkey Jungle e Parrot Jungle, dois pequenos parques dedicados aos macacos e às aves da família dos papagaios, lá passamos horas deliciosas. Neles assistimos a divertidíssimos shows de animais amestrados. Ambos são locais que recomendo vivamente. Foi uma das últimas viagens em que minha ex estava bem de saúde. Poucos anos depois, ela viria a falecer.

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