segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ARTIGO DO AUGUSTO ACIOLI

"Choque de Ordem"
Autor:Augusto Acioli de Oliveira
Já se tornou um hábito, no Brasil, associar-se a expressão "insegurança pública", apenas, a situações do tipo "revólver na têmpora de alguém", "arrastões", etc. Será somente isso?


E a agressão auditiva que sofre a população do Rio de Janeiro face ao uso pré-histórico e descontrolado de apitos quando da alteração dos sinais de trânsito, como se os motoristas não os estivessem vendo, frontalmente. Hoje, até flanelinhas deles fazem uso para demarcar seus domínios. Agride nossa inteligência e a dos turistas que nos visitam presenciar agentes apitando e gesticulando, tresloucadamente, horas a fio, nas ruas e avenidas.

Quantos casos de surdez e estresse já foram diagnosticados a partir deste tipo de atuação? Qual é o ônus econômico deste incorreto procedimento para os cidadãos que pagam elevadas taxas de IPTU ou Imposto de Transmissão? Trata-se de evidente negação das teses que disciplinam a engenharia de trânsito, o meio ambiente e a saúde.

Isto é ou não é insegurança pública? E o que dizer da colocação de cartazes e pôsteres nas janelas dos veículos destinados ao transporte de passageiros: será que é para limitar a visão exterior dos condutores, auxiliares e viajantes, ou também visa facilitar a ação dos criminosos que assaltam, humilham, agridem e matam, diariamente, seus usuários?

E o folclórico entendimento quanto às viaturas portando poderosos alto-falantes e transformando as pistas de rolamento em quermesses, bloqueando faixas de circulação, e quem sabe, até, participando do lucrativo transporte de bens ilícitos, ou servindo para mapear e identificar futuras vítimas de sequestros, roubos, ou ainda, reportar a terceiros - via celulares - ações policiais nas ruas? Isto é ou não é insegurança pública?

Este conceito é de tal amplitude que o impune e histórico ato de comerciantes jogarem restos de gordura nas calçadas fronteiras a seus pontos de alimentação e responsável por milhares de fraturas e/ou acidentes neurológicos a pedestres deveria ser objeto de penalidades severíssimas e considerado crime inafiançável.

Enfim, vale a pena continuarmos a chorar os nossos mortos e assistir, passivamente, a este escárnio à ordem pública, atribuindo, por comodismo, toda a responsabilidade de seu combate somente aos organismos policiais? As cívicas passeatas pela paz passaram a ter efeito inverso, tornando-se, por absurdo, em motivo de júbilo para os facínoras que nos ameaçam e de exposição da fragilidade de nossa sociedade como um todo.

Acho que a população do Rio de Janeiro que já está a ponto de explodir diante de tanta insegurança pública deveria exigir, das autoridades responsáveis, a imediata retirada de cartazes, pôsteres, avisos etc. que estejam colocados nas janelas de veículos de transporte coletivo.

Que os donos das concessões vendam suas publicidades nas respectivas latarias de seus ônibus! Esse seria o primeiro passo na luta contra aqueles que continuam festejando o cenário de pânico que está envolvendo os moradores desta cidade, em um abraço mortal.

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